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Qual é o seu?

Um dos aspectos mais ricos da série Harry Potter é o número quase interminável de personagens, divididos em diversos núcleos, de várias origens, bons, maus e dúbios. Mas todo fã, alguma vez, já respondeu à pergunta: qual é o seu preferido?

[meio-2]Na nova coluna de Luiz Guilherme Boneto, você encontra todos os tipos de argumentos para defender a sua escolha. Até para quem simpatiza com Voldemort, o inimigo mortal de nosso herói. Sem mais delongas, responda e deixe seu comentário!

Por Luiz Guilherme Boneto

Quem tem o hábito de ler romances sabe que, em meio à história, a escolha de um personagem favorito é tão certa quanto chegar ao fim do livro. Para cada narrativa, o leitor se identifica com uma figura cujas características coincidem, em parte, com as dele próprio, e muitas vezes toma as dores deste nas situações vividas por ele ao longo da história.

Em muitos livros, alguns deles excelentes, o autor foca em um grupo pequeno de personagens e direciona o leitor a favorecê-los em relação aos demais. Quem lê acaba vendo as figuras fora do círculo dos personagens principais como quase obsoletas, cuja participação é meramente figurativa e de pouca relevância. Entretanto, o nosso bruxinho, sempre ímpar, não se encaixa neste critério e deve ser classificado de um modo distinto.

Harry Potter nos apresenta um leque impressionante de personagens, cuja importância, cada um à sua maneira, se funde com o andamento fantástico tomado pela saga ao longo dos sete livros que a compõem. Embora, é claro, a lupa da autora tenha se posicionado sobre Harry, Rony e Hermione na maior parte do tempo, o destaque dado às demais figuras da série permite ao leitor admirar personagens posicionados de maneira distinta à do trio principal, como por exemplo, Severo Snape, cujas ondas de amor e ódio que recebe dos fãs praticamente se equivalem. Não há na série o direcionamento a gostar ou não de personagens como há em outros sucessos de alcance mundial.

E Snape, falando nele, talvez seja o mais notável personagem da série quando o assunto é dar asas à mente do leitor. Houve quem o encarasse como vilão durante toda a saga, e outros ainda o tinham como um herói enrustido. Mas o fato que deve ser assinalado não é o real posicionamento de Snape, mas sim a maneira como J.K. Rowling permitiu que cada um criasse a sua teoria a esse respeito.

As comunidades destinadas a Harry Potter no Orkut foram o palco de duelos ferrenhos entre aqueles que o defendiam e que apedrejavam o ex-diretor da Sonserina. Isso, é claro, se deu antes do lançamento de As Relíquias da Morte, quando tudo foi esclarecido. É óbvio que os posicionamentos de Snape sobre o trio favoreciam muito a posição de quem o via como parte das hostes fiéis a Voldemort, mas quem já leu o sétimo livro sabe qual foi o desfecho do professor de “rosto macilento, cabelos engordurados e nariz de gancho”.

Por outro lado, algumas figuras do mundo potteriano são um tanto difíceis de “não odiar”. Uma forte candidata a este cargo é Dolores Umbridge, que literalmente “tocou o terror” em Hogwarts em A Ordem da Fênix, enquanto diretora da escola e alta inquisidora. Suas atitudes e até a maneira como fala, com uma voz doce e falsa, são capazes de irritar.

As maldades cometidas por Umbridge também causam repulsa nos leitores, e os momentos de triunfo dos demais personagens sobre ela, como na fuga dos gêmeos Weasley de Hogwarts, ainda arrepiam muitos fãs. Umbridge é um exemplo à parte, porque é uma personagem que se enquadra no gênero “vilã”, mas ao contrário de outros da turma do mal, até mesmo o próprio Voldemort, não acumula fãs entre os leitores da série. É uma figura totalmente “detestável” e feita para ser detestada, aquela que todo mundo que ver se dar mal, não importa o momento.

Em mais este tema, Harry Potter posiciona-se como uma série singular. Não apenas pela sua estrutura, a saga foi lida ao menos duas vezes pela grande maioria dos fãs, o que compreende um entendimento maior e uma avaliação mais cuidadosa de cada fato, inclusive dos personagens. Você, leitor de Harry Potter, tem a prerrogativa inalienável de selecionar o seu favorito, e a depender de sua compreensão desta série fantástica, pode ter até uma lista com os seus cinco ou dez mais entre os tantos expostos por J.K. Rowling. Eu, no pleno gozo deste direito dado a mim pela autora mais querida do mundo, indico Hermione Granger, Alvo Dumbledore e Rúbeo Hagrid. Agora resta saber: e os seus?

Luiz Guilherme Boneto perguntou a vocês, mas eu também prefiro a Hermione.