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Harry Potter é animal!

Quando nos referimos aos personagens de Harry Potter, há seres que, apesar de não falarem, têm um papel importantíssimo na história. Perebas, Bicuço, Edwiges, Canino, Bichento, Errol, entre outros animais fazem companhia aos nossos heróis (e vilões) e têm personalidade própria.[meio-2]Na nova coluna de Luiz Guilherme Boneto, você encontra uma reflexão sobre a importância dos animais para a trama de Harry Potter e como isso remete às relações que nós, leitores, temos com nossos cachorros, gatos, peixes, etc. O que queremos desses seres? Gostaríamos de ser como eles, da mesma forma que os animagos? Leia e deixe seu comentário!

Por Luiz Guilherme Boneto

É consenso que o mundo hoje, tal como ele é, tornou-se difícil para a maioria das pessoas. Muitos encontram estresse no trabalho, nas ruas e até mesmo dentro da família e cada um acha sua própria maneira de canalizar a irritação. Uma das técnicas cada vez mais reconhecidas é o convívio com animais de estimação, que ajudam até mesmo os médicos a cuidar de pacientes em estado deplorável de saúde apenas com sua simples presença.

Em Harry Potter, os animais são tratados de maneira especial desde A Pedra Filosofal. A participação dos bichos nos livros ganha relevância com a entrada de Edwiges, presente de Hagrid. Ela é responsável pela comunicação de Harry com seus amigos no período das férias, e seu temperamento sempre foi alvo de muitos risos. Quando maltratada, Edwiges recolhia-se ao corujal em Hogwarts e somente voltava a “falar” com o dono após decidir-se sozinha. Em ocasiões importantes, Edwiges entendia que deveria ficar em silêncio, como quando Harry fugiu de seu quarto na Rua dos Alfeneiros no meio da madrugada, resgatado pelos irmãos Weasley num carro voador. A morte da coruja, em As Relíquias da Morte, derramou muitas lágrimas dos fãs, que até hoje protestam contra o destino do animal mais importante da série Harry Potter.

Mas não só Edwiges teve relevância. Perebas, o rato de estimação de Rony Weasley, ganhou proporções grandiosas a despeito de sua quase insignificância nos dois primeiros livros, e todos nós sabemos qual foi. Bichento, o gato de Hermione, ficou conhecido pela sua inteligência e Canino, o cachorro do Hagrid, pela sua lealdade e pelas palhaçadas características de todo cão, como em A Pedra Filosofal, quando Draco Malfoy exigiu a companhia do animal para entrar na floresta e Hagrid assentiu, mas alertou o garoto de que “ele é um covarde”. Temos ainda o meteórico Errol, a coruja idosa da família Weasley que vivia causando estragos graças à sua idade avançada, e também Pichitinho, a corujinha com a qual Sirius presenteou Rony após responsabilizar-se pela “perda” de Perebas.

Os animais de estimação não foram os únicos a conquistar notoriedade. Vários dos personagens da série eram animagos, capazes de se transformar em bichos. Minerva McGonagall foi a primeira a surgir como um gato no muro da propriedade dos Dursley, em A Pedra Filosofal. Tiago Potter era capaz de transformar-se num cervo, e Sirius Black, num cão. O próprio Lupin era um lobisomem, ainda que isso não possa propriamente ser considerado um animal ou animago. Há também o feitiço do patrono, que assume a forma de um bicho e é usado para combater dementadores e até mesmo o animal mágico conhecido como mortalha-viva, conforme exposto em Animais Fantásticos e Onde Habitam. O patrono de Harry assumia a forma de veado, por exemplo, e o de Hermione, a de uma lontra.

Aqueles que gostam de animais sabem de sua importância para o dia-a-dia, e os que não gostam já devem ter compreendido como funciona a nossa relação com eles. Em Harry Potter, J. K. Rowling deixa isso muito claro ao expor com maestria o relacionamento de cada personagem com seu animal, da fênix de Dumbledore ao canzarrão de Hagrid. Harry Potter se entrelaça às nossas vidas de maneira irremediável justamente por saber mesclar temas cotidianos, como este, com os sobrenaturais e mágicos. Assim se faz uma série de sucesso. E não basta simplesmente tomar nota da receita para conseguir chegar lá.

Luiz Guilherme Boneto não gosta de falar, mas é um animago.