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“História da Magia” e Novos Colunistas

Depois de analisar as mais de cinco dezenas de inscrições recebidas para o cargo de colunista, o resultado é por mim trazido, embora com muita segurança e satisfação, com um certo aperto no peito. Seria hipocrisia dizer que todos os textos os quais chegaram à caixa de entrada do Potterish eram maravilhosos, mas é com a mais indubitável sinceridade que eu admito estar deixando pra trás grandes talentos. A demora em publicar a lista dos novos membros de minha equipe se deveu, muito mais do que à minuciosa avaliação do material, ao número de vagas por mim determinado: apenas sete, o nosso número mágico. E acreditem: ao menos dez candidatos me encantaram de alguma forma. E não é uma seleção como a nossa que vai dizer quem leva jeito na escrita e quem não leva, podem ter certeza.

Eis a lista, portanto, dos sete selecionados, com os quais entrarei em contato em breve. Lembrando que a ordem é dada de acordo com a ordem das inscrições recebidas.

Carol Alvarenga, 20 anos, estudante de publicidade e servidora pública;
Débora Jacintho de Faria, 19 anos, estudante de História;
Brunna Patricia Cassales da Silva, 16 anos, estudante;
Mariana Rezende, 20 anos, estudante de História;
Mariana Nascimento, 22 anos, estudante de Letras e estagiária de revisão em editoria;
Luiz Guilherme Boneto, 18 anos, auxiliar de cartório;
Mariana Elesbão Vieira, 21 anos, homologadora.

Para começar as publicações das colunas escritas pelos nossos mais novos colunistas, pedimos que apreciem o texto de Carol Alvarenga, “História da Magia”, o qual conta um pouco de sua experiência com o mundo Potter e nos lembra da verdadeira eternidade que rodeia a saga.
Leia a coluna completa aqui e opine! É importante para nós e para os novos autores.

Nas próximas semanas, todas as obras usadas como teste dos selecionados serão publicadas aqui. Não deixem de ler!

Parabéns aos nomes dessa tão esperada lista e espero poder trabalhar com todos por muito tempo.

Por Carol Alvarenga

Um dia desses vi, em um blog qualquer, de um assunto qualquer o seguinte comentário de um garoto: “Harry Potter é tão 2003…”. Fiquei sem fôlego. Pensei em postar no Twitter azarações contra aquelas palavras, pensei em responder que Harry Potter não fora esquecido, que Harry Potter é eterno para as milhares de pessoas apaixonadas pela leitura graças a ele, pensei em dizer tudo isso que é sempre tão óbvio, e que é sempre uma resposta na ponta da língua de qualquer fã. Pensei, pensei… e acabou que eu concordei. Harry Potter é tão 2003… tão 2004… tão 2100… Harry Potter é esse tempo todo, sempre faz parte da minha e de muitas outras histórias.

E por falar em tempo, há muito que nasci. De lá para cá, várias coisas aconteceram: a queda do muro de Berlin, o impeachment de Collor, a construção da estação King’s Cross… ok, este último ponto foi bem antes do dia em que vim ao mundo, mas me permita desfrutar desta pequena invençãozinha. Afinal, a criação que influenciou a minha vida realmente partiu dali – quando Eureka visitou Rowling em um daqueles vagões, eu já me dava por gente.

Neste ano, eu faço 21 anos. Assim como muitos dos fãs de Harry Potter, eu cresci e mudei com o bruxo. Aliás, não posso deixar de dar ênfase à palavra bruxo, porque, veja bem, antes ele era o bruxinho. Foi em 2001 que conheci a série Potter. Tínhamos, Daniel Radcliffe e eu, 12 anos quando do lançamento d’A Pedra Filosofal (se minha matemática estiver certa). Emma e Rupert também eram bem pequenos. Assisti ao primeiro filme e me apaixonei perdidamente desde aquele dia de dezembro. A única estreia que perdi foi a do filme um, mas convenhamos, eu ainda não conhecia a história, não sabia quão boa ela era.

Logo pedi para que meu pai pagasse o livro que comprei por R$ 16,00 na Submarino (só para constar, esse preço foi para R$ 22,00 pouco tempo depois e subiu para R$ 28,00, R$ 33,00, chegando a custar R$ 38,00, se bem me lembro). Não consegui mais desgrudar da saga desde aquele dia em que vi, pela primeira vez, Harry ser escolhido para a Grifinória, Draco jogar o lembrol pelo ar, Fofo babar em Rony. A propaganda ainda falava do “filme mais esperado do ano” e eu já tinha engolido os quatro primeiros livros.

Em menos de dois meses, meu assunto principal deixou de ser Sandy e Júnior (não ria) e passou a ser Harry, Rony, Hermione, J. K. Rowling… eu já tinha sido fã de tantas outras coisas (Power Rangers, Cavaleiros do Zodíaco, Leonardo DiCaprio…), que minha mãe logo jogou um balde de água fria: “não dou seis meses para ela cansar dessa nova mania”. Mas esse vício perdurou. Por quê?

“Ah, sei lá, Harry Potter me enfeitiçou, eu acho”. Foi o que respondi à minha professora, quando ela me fez essa mesma pergunta. Eu estava em meados do segundo ano do ensino médio, bem depois do lançamento da Ordem da Fênix (só para constar, este livro pareceu ter demorado séculos para ser lançado). Eu acabara de apresentar um trabalho sobre J.K. (a autora, não o presidente), e toda a turma ficou com risadinhas por eu ter respondido aquilo. Mas meus cabelos artificialmente vermelhos, minhas unhas pretas, minha maquiagem forte e, principalmente, meu amor inabalável pela história não permitiram que eu me intimidasse. Meus amigos, também fãs, e eu, tínhamos mais coisas com que nos preocupar: Sirius morrera, Harry era O Eleito, Voldemort estava mais forte.

O livro seis foi lançado, e pela primeira vez, li em inglês. Como muitos fãs, comprei uma camiseta que dizia “Dumbledore dies on page 596 (I just saved you 4 hours and $30)”, participei de grupos de discussões, criei teorias bizarras sobre Horcruxes e R.A.B, e até fui juíza em um tribunal que julgou Snape. Neste julgamento, anota-se, o Príncipe foi considerado inocente, por 13 votos contra 12.

Enquanto o capítulo final não vinha, participei de reuniões potterianas, fiz amizades eternas, me vesti de estudante de Hogwarts e fui ao shopping assitir às devidas estreias. O meu cabelo voltou a ter o mesmo castanho escuro de antes, as unhas voltaram ao rosa claro. Cresci com a saga, virei oficialmente uma adulta, e os tios, professores, avós e affairs perguntavam: “E então, depois do último livro vai ser o quê?” ora, eu respondia, vai ser a mesma coisa, é lógico.

O tempo passou – um tanto quanto rápido, desta vez. 2007, o ano do Harry Potter deu ao mundo trouxa um livro fantástico, e um final inteligentíssimo para a história que influenciou toda uma geração – a geração Potter. No dia 21 de julho, à meia-noite, abriram-se as caixas brancas (com escritas em vermelho) na Livraria Cultura, em Brasília, e em outras milhares de lojas pelo mundo. Foi uma gritaria danada, as filas eram enormes, e todos avançaram para os vendedores, cada pessoa sedenta pelo que parecia ser um precioso e distinto líquido – uma porção de palavras que encantaria os fãs eternamente. Lágrimas caíam por todos os lados, amigos de anos se abraçavam em despedidas, com frases do tipo “agora vou para casa ler o livro que eu sempre sonhei em ter”.

O livro que a própria J.K. Rowling dedicou a mim.

Oficialmente, houve outras despedidas. Nos despedimos de Edwiges, Moody, Dobby, Fred. Nos despedimos de Rony, Hermione, Luna. Nos despedimos de todos aqueles que nos acompanharam por muito tempo… e colocamos em nossos corações e em nossa mente cada pedacinho de lembrança que nossas penseiras suportaram, daqueles momentos ao lado de Harry.

Enfim, a série acabou. E isso foi ótimo, é claro: nenhuma meia-história, ou uma história infinita é gostosa – não há a magia de recontar histórias assim. O resultado final deixou um delicado sabor de memória eterna, e uma parte do Menino que Sobreviveu misturou-se na receita da vida de homens e mulheres de todas as idades, culturas, idiomas. Por isso, amigos, continuemos a saborear essa doce maravilha de reviver nossa infância, juventude e maturidade com a companhia de Harry e sua turma – por seis meses, ontem, hoje, sempre.

Carol Alvarenga habitou o mundo bruxo talvez por mais tempo que o vivido entre os trouxas.