As Relíquias da Morte ︎◆ Filmes e peças

Radcliffe fala sobre carreira e homofobia à Attitude

Radcliffe fala sobre carreira e homofobia à <i>Attitude</i>Radcliffe fala sobre carreira e homofobia à <i>Attitude</i>
Daniel Radcliffe falou exclusivamente à Attitude Magazine para a edição de agosto. O ator, óbviamente, não deixou de falar sobre as gravações de Harry Potter e as Relíquias da Morte, mas a entrevista não se ateve à série Potteriana. Dan ainda fala sobre homossexualidade, fama e até política.
Quando perguntado sobre a primeira vez em que esteve nu no palco, Radcliffe diz:

“Se for honesto, eu totalmente saí do personagem. Eu pensei, aqui estamos nós, eu fiz isso em uma sala de ensaio, eu passei por essa situação na minha mente inúmeras vezes e agora estamos aqui. Eu acho que eu estava provavelmente não muito o Alan no momento, mais o Dan pensando ‘OK, respire fundo’.”

Os scans, com novas fotos, você encontra na nossa galeria a partir deste link.

Por se tratar de uma publicação adulta, seu linguajar pode ser inapropriado para algumas pessoas. Porém, caso queira conferir a entrevista, ela já foi traduzida pela nossa equipe e se encontra na extensão!

DANIEL RADCLIFFE
Daniel, o campeão do mundo

Attitude Magazine ~ Matthew Todd
Agosto de 2009
Tradução: Isadora Moraes, Letícia Vitória, Victor Garcia e Renata Grando

Em uma entrevista exclusiva, Daniel Radcliffe, a maior estrela do mundo, fala sobre sexo gay, como ele abomina a homofobia e a vida depois de Harry Potter.

A história do entretenimento está repleta de relatos das infâncias trágicas das estrelas. Indo de uma jovem Frances Ethel Gumm, que foi sedada e teve que prender os seios para interpretar Dorothy em O Mágico de Oz, o original Artful Dodger, Jack Wild, que acabou virando um ex-astro viciado em drogas e falido, à melhor apresentação ao vivo da Britney em um estúdio de tatuagens em Los Angeles até a morte prematura, neste verão, do talvez mais trágico astro infantil de todos os tempos. No papel, as coisas não parecem muito boas para Daniel Radcliffe. Estrelas infantis não chegam tão longe quanto Harry Potter.

Demonstrando interesse em atuar desde os cinco anos, o jovem filho de um pai agente literário e uma mãe diretora de elenco, Daniel Radcliffe teve sua primeira aparição aos nove anos, em uma dramatização para filme do clássico de Dickens David Copperfield. Depois, em uma apresentação da peça Stones In His Pockets, um produtor chamado David Heyman perguntou se Daniel, na época com 10 anos, faria um teste para o primeiro filme de uma série de fantasia sobre um menino que descobre ser parte de uma comunidade mágica oculta.

Menos de uma década depois, na première mundial de Harry Potter e o Enigma do Príncipe, o sexto filme da série, que já vai ter estreado mundialmente quando você estiver lendo isso, ele está fazendo o máximo para dar quantos autógrafos pode, no meio de uma esmagadora multidão de hormônios adolescentes que ameaça entupir o Leicester Square de tal maneira que deixaria os Beatles envergonhados. Dentro do cavernoso Odeon é onde a geralmente cínica audiência de primeira noite guincha com prazer ao vislumbrar os três mundialmente famosos líderes que interpretam Harry, Hermione e Rony. O diretor da Warner Brothers anuncia que a franquia dos filmes de Potter tornou-se, financeiramente, a mais bem-sucedida na história dos filmes. É bastante peso para carregar nos ombros quando se tem apenas 19 anos.

Mas não serão 19 anos por muito tempo. No dia 23 de julho que acabou de passar foi o aniversário de 20 anos de Daniel; saindo da adolescência e entrando na faixa dos 20. O crescimento é um assunto bastante abordado em entrevistas com Daniel Radcliffe. Jornalistas especulam sobre sua infância ‘perdida’. Isso não é uma surpresa, considerando a natureza da história do crescimento de Harry, de bastante isolamento. Sua satisfação própria e, no último filme, sua sexualidade foram assuntos que chamaram a atenção de centenas de milhares de crianças gay pelo mundo, como é mostrado nos inúmeros sites de fãs. A imprensa esforçou-se para conseguir os detalhes do primeiro amadurecimentos hormonal de Daniel, quando ele perdeu a virgindade, com quem ele pode estar namorando, QUANTO DINHEIRO ELE TEM (£30 milhões de libras e subindo, aparentemente). Eles não sabiam o que fazer consigo mesmos quando foi anunciado que ele teria sua estréia nos palcos com Equus e apareceria nu nos últimos dez minutos da peça. Mas o próprio Radcliffe é um enigma. Quando ele interpretou um garoto convencido, condom flicking e obcecado com sexo em Extras, não há como não se perguntar se isto estava mais perto da verdade que possamos imaginar.

Quando conhecemos Daniel pela primeira vez, é um dia ensolarado no norte de Londres. Diferentemente da maioria das celebridades, que têm pouco tempo para entrevistas, Daniel concedeu todo seu dia e não tem pressa em ir embora, entusiasmadamente pulando para cima e para baixo como um louco quando convidado e se juntando ao resto de nós para tomar banho de sol no telhado enquanto outra sessão de fotos é feita. Isso pode não parecer grande coisa, e não é. É tudo parte do contrato quando se está promovendo um filme. Mas este é o primeiro dia de folga de Daniel em semanas em meio a uma agenda lotada com as filmagens das duas últimas partes da história de Harry Potter, que também ocuparão boa parte de seu próximo ano. Ele está, francamente, muito longe de ser uma estrela infantil precoce, como você poderia pensar. Quando eu digo não estar me sentindo bem, ele e seu RP sugerem fazer a entrevista outro dia, abrindo mão de mais uma de suas noites, e me mandou para casa.

Umas duas semanas mais tarde em um bar privado só para membros no Soho, a primeira coisa que ele perguntou foi sobre mim, se eu estava me sentindo bem. Querido.

Quando finalmente começamos a conversar tudo começa a ficar claro. Não é o dinheiro, ou a fama ou todo o sucesso, atenção e pessoas desesperadas para ver seu corpo nu que fazem dele notável. Daniel Radcliffe tem um segredo. Ele não é como os outros garotos.

Você ficou chateado com o fato de suas fotos nu em Equus terem aparecido?
Sabe, foi tranqüilo, na verdade. Foi bom que não apareceram de cara, mas gradualmente em pequenas quantias. É inevitável, na verdade. É uma coisa que meu pai sempre diz, “O que não puder ser evitado, deve ser aceito”. Não é agradável acho, mas as pessoas irão me ver nu no palco de qualquer forma.

Como foi na primeira vez?
Se for honesto, eu totalmente saí do personagem. Eu pensei, aqui estamos nós, eu fiz isso em uma sala de ensaio, eu passei por essa situação na minha mente inúmeras vezes e agora estamos aqui. Eu acho que eu estava provavelmente não muito o Alan no momento, mais o Dan pensando “OK, respire fundo”.

Foi estranho que seus pais estavam assistindo?
Eu cresci sempre andando nu, bem não sempre, mas nunca foi um problema em minha casa. Eu já vi minha mãe nua, já vi meu pai nu. Eu não procuro energicamente encontrá-los pelados, mas nunca foi grande coisa. Tem todo esse mito que é mais fácil para homens ficarem pelados no palco do que é para mulheres, o que é absolutamente besteira em minha opinião. Se tiver uma mulher nua no palco, tudo bem, os caras ficam felizes em ver um par de seios. Como um homem você se sente como se estivesse sendo mais avaliado o que francamente não é a maneira que eu escolheria de ser avaliado; na frente de 2000 pessoas toda noite. [Ri] Você se pergunta o que as pessoas pensam e isso começa a te desgastar. Não é a hora de julgar alguém. É muito tenso ali em cima e, bem, tudo encolhe. [Ri] Eu podia sentir aquilo acontecendo toda noite e eu começava a pensar “Não, qual é? Você estava BEM cinco minutos atrás!” [Ri] Não melhora a insegurança e confiança própria. As pessoas sempre dizem que é tão libertador e tão *redentor, e até um ponto é, mas é muito mais o fato de que você teve culhões – perdoe-me a expressão – para fazer. Eu agora cheguei à preocupante percepção de que eu estive nu na frente de Richard Griffiths mais do que qualquer uma das minhas namoradas! Ele foi maravilhoso; ele disse “Dan, é um momento bonito. Vocês dois estão ótimos, esses dois corpos jovens, você sabe que metade das pessoas na platéia vai pensar ‘Eu queria ser assim'”, o que foi uma coisa boa de ouvir.

Você sentiu como se tivesse conseguido o que queria disso, mudando suas percepções?
Sim. Eu treinei por 18 meses com um treinador de voz incrível. Eu queria mostrar que eu não achava que porque eu tinha sido o Harry Potter que eu podia apenas chegar ao palco e fazer. Eu queria limitar a munição deles conseguindo obter a técnica tão boa quanto podia.

Então você está filmando Harry Potter e as Relíquias da Morte agora. O que você fez hoje?
Hoje foi um ótimo dia na verdade. Eu estava com a segunda unidade percorrendo ao redor de Swinley Woods fazendo essa grande seqüência de perseguição com um bando de *free-runners. Eu amo fazer coisas assim. No departamento de dublês estão os meus melhores amigos. Eu não consigo me lembrar de um dia em que tenha rido tanto; trocando histórias de masturbação bizarras. Normalmente me buscam às 6 da manhã, e estou em casa às 8 da noite. É um dia um pouco longo, mas é tão divertido. Hoje talvez tenhamos 30 segundos de filmagem que irão de fato estar no filme. Pode acontecer de ficarmos por aí. Quando fizemos a cena do mergulho em um filme anterior, nós tínhamos lençóis feitos com lâminas e programações e calendários de pessoas peladas para eu me entreter entre as tomadas [ri].

Como é assistir você mesmo?
Horrível. Eu odeio me assistir. Eu apenas vejo os defeitos na performance. E o eu que falam pela imprensa também é estranho. Parece a vida de outra pessoa. Pessoas que me conhecem apenas dão risadas quando eles lêem entrevistas porque eles pensam que eu pareço um idiota [ri] Eu não paro de falar! Mas eu sei que sou uma pessoa de sorte e a maior parte do tempo é muito divertido.

Quando não é?
Quando tem uma história ruim na imprensa. Então é como se “Oh Deus, essa não pode ser a minha vida”, mas daí as coisas boas acontecem e eu penso que eu nunca sonharia que isso poderia acontecer e que, eu tenho que dizer, conta por 90% do tempo. Eu amo meu trabalho, eu amo ter ganhado essa oportunidade. O nível de conforto que eu sinto em um set de filmagem é enorme. Eu tenho estado neles por tanto tempo. Eu estou mais feliz quando estou em um set de filmagens.

Mas é impressionante quando você para pensar – você é a pessoa mais jovem a ter o rosto pintado para a National Gallery…
Desde Charles II…

Sua vida parece ser muito estranha de fora e essa é a percepção que os jornalistas levam em conta – que sua infância foi arrancada de você…
Mas não me sinto como se tivesse. As pessoas costumam dizer “Como foi crescer nas telas?” – mas eu não cresci. Harry Potter sim. Eu cresci fora das telas. Fisicamente você viu uma transformação, mas isso não significa que você esteve no particular dos momentos que me fizeram crescer. Ninguém esteve a não ser eu e as pessoas envolvidas. São esses momentos que contam para o crescimento, que significam algo e esses são ainda muito meus, eu fico feliz em dizer. São uma parte da minha vida e as outras pessoas não sabem sobre isso, o que é um pouco legal.

Como uma das pessoas mais famosas do mundo, qual é a sua opinião sobre a cultura das celebridades?
Eu odeio, mas sou inevitavelmente parte disso. Tem pessoas que acontecem de serem celebridades como um subproduto do que elas fazem e tem aqueles que são celebridades por que é isso que elas fazem. Eles não querem trabalhar, não tem interesses, paixões, nada para recomendá-los, e eles parecem ser colocados em pedestais. As pessoas lêem cada coisa sobre Peter Andre e Jordan, e eu não poderia me importar menos, deixem que eles resolvam. Até certo ponto muitas celebridades cortejam isso. De um jeito eles estão fazendo o que eles têm que fazer para se sustentar, da mesma maneira que os fotógrafos paparazzi fazem. Mas eu não acho que eles deveriam estar tentando se empurrar sobre a gente, e isso me incomoda, mas claro que eu sou parte disso.

Você deseja não ser famoso?
Muito raramente. Mas isso indica que seu sempre quis ser famoso. Eu ocasionalmente me pergunto o que eu teria feito se não estivesse fazendo isso, e eu acho que eu teria ido trabalhar na indústria cinematográfica, possivelmente como assistente de direção porque meus pais estão envolvidos com cinema. Mas eu amo o que eu faço. As pessoas sempre querem ver o lado negativo especialmente quando se trata de atores infantis. Quando eu consegui o papel, no outro dia no jornal tinha o Jack Wilde dizendo ‘Deixe-me contar uma coisa Daniel… ‘ Justo o bastante. Eu sei que coisas ruins podem acontecer, mas eu queria fazer o que eu queria fazer. Minha mãe e meu pai são seriamente inteligentes e se opõem a si mesmos. Eu também me oponho muito a mim mesmo, mas eu estou começando a perder isso. Eu tenho orgulho do fato de que eu não fui para a universidade e eu me garanto com qualquer conversa com qualquer pessoa não importa se são educados pela Oxford ou não tiveram nenhuma educação. Eu me lembro muito bem que quando tinha nove ou dez anos e não estava indo muito bem na escola os professores disseram: “Dan é adorável, mas faz um trabalho malfeito e fala demais.” Minha mãe disse: “Mas você tem habilidades sociais.” ao que eu bufei, “Essas não contam!” Mas, na verdade, contam sim. Então se há algum jovem lendo isso, saiba que suas habilidades sociais contam, e muito!

Bom, essa será nossa Edição Jovem.
Brilhante! Nunca fui digno de dar conselhos, mas pela minha própria experiência não há nada que substitua entusiasmo no que quer que você esteja fazendo, e você colherá bons frutos com isso. A maneira como se porta com outras pessoas é tão importante. Você ouve essas histórias terríveis de atores tendo ataques, mas não precisa fazer isso. Eu quero ser um tipo diferente de ator, quero ajudar, fazer coisas. Jackie Chan ajuda nas mudanças de set; comecei a fazer isso, para ajudar.

Ter fama e sucesso é tão bom quanto parece?
Certamente tem seus benefícios. Tom Felton Draco Malfoy e sua namorada são dois de meus melhores amigos. Nós arrasamos no críquete, e eles nos põem em uma caixa. A verdade é que realmente abre portas, poder ligar para seu restaurante favorito e dizer “Gostaria de reservar uma mesa para as 9:30”. Eles dizem “Desculpa, não temos mais mesas” e daí eles pedem seu nome e dizem, “nós avisaremos se houver uma mesa livre para as 9:30” e você sempre recebe essa ligação! Esse tipo de coisa é ótimo. É muito estranho falar sobre isso porque nunca o tinha feito antes. Quando estava no críquete, dei uma olhada em volta e lá estava Shane Warne à minha esquerda, Mick Jagger à direita, foi maravilhoso. Eles conversam com você e sabem quem você é, é brilhante e é uma LOUCURA! Você pode conversar com seus ídolos e eles sabem quem você é…

Alguém já foi desagradável com você?
Uma pessoa tentou me testar para ver se eu era inteligente, ele era de uma banda, mas eu fiquei na minha. Na maioria das vezes as pessoas são encantadoras. Daniel Day Lewis disse, em uma premiação, que seus filhos o respeitariam mais agora porque ele havia conhecido Daniel Radcliffe. Houve uma entrevista com Brüno em que lhe perguntaram “Como você dorme à noite?” Ele disse, “envolto em algas do mar, mas em meus sonhos estou dormindo em uma macia cesta de bambu, sendo levado pelo Nilo e embalado por Daniel Radcliffe.” [risadas] Eu achei bastante lisonjeiro.

Estamos muito felizes de tê-lo na capa. Quando Attitude foi lançada 15 anos atrás fizemos muito esforço para atrair celebridades, e agora temos a maior estrela de filmes familiares do mundo.
Mudou tanto assim em 15 anos?

Sim, quando eu tinha sua idade, as únicas coisas gay na mídia eram insinuações de que, se você fosse gay, iria automaticamente pegar AIDS e provavelmente era pedófilo. Simplesmente não podia haver uma celebridade jovem como você dando entrevistas para uma publicação gay.
Deus, o assunto pedofilia é o que sempre me faz ficar tão zangado como, imagino, fica um leitor do Daily Mail às sete da manhã. A idéia de que há uma conexão entre as duas coisas! Eddie Izzard faz uma coisa ótima quando diz “Ah bom, não dá pra ter gente gay trabalhando em uma livraria porque eles transarão com tudo. Eles tentaram transar até mesmo com os livros!” Eu cresci totalmente perto de pessoas gays. Eu era o único na minha turma que tinha tido alguma experiência com homossexualidade ou qualquer coisa do tipo. Meu pai era agente e representava Jonathan Harvey, que escreveu Beautiful Thing, então eu cresci sabendo que Jonathan tinha um parceiro e isso nunca foi um problema. E quando você chega a uma certa idade na escola e alguém te chama de bicha você pensa, “O quê?” Você fica, “Espera aí, porque essa palavra está sendo usada dessa maneira?” De repente, tornou-se muito estranho ter pessoas conhecidas que era homofóbicas. Era uma coisa muito bizarra e estranha. Sempre estive em contato com pessoas gay.

Como seus pais te explicaram isso?
Eles foram muito sinceros. A explicação da minha mãe sobre ejaculação foi fantástica! Eu devia ter uns nove anos. Ela simplesmente não conseguiu lidar com isso. Eu disse “Mãe, o que significa ejaculação?” e ela disse “Ah, vai, você sabe o que significa.” e saiu! [Risadas] Acho que nunca tivemos A Conversa porque era uma coisa normal para nós. Aquele era nosso amigo Mark e Mark namora homens e não mulheres. Em se tratando da parte sexual da coisa, bem, eu não precisava ser um gênio para descobrir como as coisas funcionavam…

[Risadas] Não há aulas para isso…
E depois há esse monte de coisas no momento, que são odiosas, sobre as pessoas se opondo à idéia de educação sexual para gays nas escolas. Oi!?! Para um ou dois gays na sala é, na verdade, importante pra caramba! Isso me deixa realmente zangado. Você não vai tornar gays as crianças heterossexuais por lhes dar uma aula em educação sexual gay sobre como praticar sexo seguro com gays! Sabe, de verdade. As pessoas podem pegar AIDS mesmo depois da primeira relação e é sobre isso que deviam abordar, como pode ser evitado. Na Broadway eu fique bem orgulhoso, nós fizemos essa grande campanha de caridade para o BCEFA (Broadway Cares, Equity Fights AIDS). Eles fazem um leilão de objetos da peça depois de cada apresentação – calças que você usou na peça, o que seja. Nós ficamos muito orgulhosos, derrotamos todos os musicais daquele ano e arrecadamos mais dinheiro do que já tinha sido arrecadado por uma peça heterossexual. Eles fazem esse grande show de talentos em que todos os shows fazem uma paródia de dois minutos. Eu escrevi uma música e fiz um rap e os cavalos fizeram um enorme número de sapateado em seus cascos; foi ótimo. [Pausa] Mas eu não entendia a coisa da AIDS, nunca entendi totalmente o impacto que causava. Só caiu a ficha depois que terminamos o show; nós voltamos triunfantes e atordoados, e eu conversava com alguém que trabalhava na peça e disse “Qual foi o impacto que isso teve na sua vida?” [Pausa] E ele disse “Bom, em 1995 eu e meu parceiro abrimos nossa agenda telefônica e tiramos metade dos nomes…” [Pausa] Eles perderam metade dos amigos. Pode imaginar isso? Simplesmente pegar seu telefone e deletar metade dos números, sabendo que jamais falará com aquelas pessoas de novo. É simplesmente, é… não consigo… é inacreditável. Mas foi isso que me fez dizer “Meu Deus”. E foi assim, de repente, que caiu a ficha. Eu perguntei para meu figurinista: “Quantos nomes você deletou?” E ele quase começou a chorar. Foi aí que ele percebeu. Ele não havia pensado nisso por anos e anos. O que ele me disse foi “O que você nunca vê em nenhum dos filmes é que, quando falavam de AIDS, era sempre em um sussurro, ninguém nunca falava sobre isso em um volume normal de voz.” Na verdade, este é um assunto pelo qual sou bastante apaixonado. Eu simplesmente abomino a homofobia. É nojento, irracional e estúpido e essas pessoas têm cabeça dura, não conseguem entender e têm medo. E não estou dizendo isso porque estou sendo entrevistado pela revista Attitude. Eu estaria usando uma linguagem bem mais enfática se isso não estivesse sendo gravado.

Quando foi que você descobriu que Dumbledore era gay?
Quando Michael Gambon entrou no set um dia dando várias indiretas! Há uma referência sutil a isso no novo filme, quando Dumbledore diz gostar de padrões de tricô. Foi a tentativa de Michael de dar um toque gay. Ele tem que usar um protetor de barba enquanto come e as meninas da maquiagem o fizeram rosa, cheio de coisas divertidas costuradas. Ficou muito ridículo. Acho que Michael está encantado, para falar a verdade. Adoro-o. Ele é o ator menos profissional que eu já trabalhei. Sei muito pouco sobre ele, por que ele mente constantemente sobre si para o seu divertimento. Um jornalista o perguntou uma vez se era um problema interpretar um personagem gay e ele disse (faz uma perfeita personificação de Michael Gambon) “Não, não é, por que eu costumava ser um. Eu costumava ser homossexual, mas tive que desistir, pois isso me fazia chorar muito. Mas eu salvo agora, e novamente, quando eles estão ocupados. Não sei o quanto isso é verdade e quanto Jo Rowling quis sair do padrão conservador americano”.

Você pensa assim? Eu percebi isso quando li o livro. Achei que era só impressão minha.
Sério? Bem, eu espero, acho fantástico.

O que você fez com a reação, especialmente nos E.U.A? Vejo que pessoas como Bill O’Reilly (feroz conhecedor da mídia americana) parecem ter passado por isso de forma excitada…
Fui muito perguntado sobre isso e ri. Que pergunta ridícula! Você não pergunta sobre nenhum dos outros filmes. A idéia de que não pode existir um personagem gay para um filme “infantil”. É a mesma coisa, esse medo terrível de expor alguém menor de idade para alguma coisa vagamente gay… É ridículo. E coloco essas perguntas de lado. Nunca faria isso normalmente, mas com algumas coisas, eu não vou perder meu tempo. Minha história favorita é a do cara, todo bruto, que tinha um Dumbledore tatuado nas costas e estava arrasado. [Risos] Foi muito bom, realmente engraçado. Por que você tem vergonha de ter um personagem gay tatuado nas suas costas? Tudo bem. Você gosta do personagem, e não significa que você seja gay e mesmo que você seja, está tudo bem. Relaxe! Fique frio com todo mundo! É isso que você tem vontade de dizer para caras como Bill O’Reilly. Nunca o encontrei, mas ele é um cara esperto Assisto muito a Fox. Mesma razão que eu leio o Daily Mail; é sempre bom saber como os leitores e espectadores pensam e o que eles acreditam e com o que são “alimentados”. Acho que O’Reilly é esperto. Só discordo com tudo o que ele diz. As pessoas parecem se definir a partir de suas raivas insignificantes. Como por exemplo, aquela coisa sobre os latões agora.

Sim, temos os cientistas da NASA nos dizendo que estamos quase devastando o planeta enquanto as pessoas estão enlouquecendo sobre ter um latão em seus caminhos…
É um latão! Sua vida está OK! Você tem uma casa, tem um latão! Está tudo bem! Sério. As pessoas ficam doentes por causa dessas coisas.

Uma parte da imprensa não gosta de você…
Uma parte deles pode ocasionalmente ser um pouco negativa sobre mim, só por que eu não me encaixo em nenhuma categoria.

Você é inteligente, não está por aí nos clubes o tempo todo e não tem nenhuma história que possa rotular você.
Ainda não, mas eles vão conseguir uma. Também por que eu sou elegante, mas não tenho o “conjunto”. Tive uma quantidade média de aulas de educação, mas eu ando com pessoas que tem uma base muito boa. Estou ciente de minhas próprias aulas e tenho orgulho disso, não sou umas dessas pessoas que tenta estar em aulas pois pensa que vai ficar mais legal. Meu pai tomou aulas em um fundo Norte-Irlandês, por isso eles não podem me definir.

Você parece bem interessado em política, não é?
Sim, eu sou. Acho que é fascinante.

O que você acha de Gordon Brown?
Paul Merton disse, e eu meio que concordo com ele, “É uma tragédia que esse homem tenha esperado toda sua vida para fazer esse trabalho – e agora ele percebe que não consegue.” Não gosto dessa coisa de New Labour [modelo político em tempos abraçado por Veltroni na Itália, e que teve suas idéias disseminadas no território inglês pelos seus governantes]. Nunca experimentei o otimismo do New Labour, eu era muito novo, mas ouvi que todos concordaram e era fantástico. Só vi a fase ruim disso. Ainda sim, acho que eles fizeram algumas coisas brilhantes. Tony Blair e a Irlanda do Norte… [Pula] Esse poderia ter sido seu legado! Odeio qualquer tipo de preconceito, e toda vez que eu vejo alguém do BNP [partido inglês que só possui pessoas brancas, e que se manifesta contra os negros, os gays e religiões de cunho não cristão], ou uma pessoa do UKIP… Vi um cara na TV que apoiava o BNP e ele era um vigário! Se de alguma forma, ele está usando a sua posição como uma plataforma para os seus pontos de vista, isso é maldade! Os pontos de vistas do BNP são tão não-cristãos!

Você fica assustado, diante do fato que eles ganharam assentos?
Acho que isso é podre. Mas não acho que vá durar. Assusta-me, sim, pois penso primeiro nos negros, nos gays e depois nos judeus – é aí onde eu fico baqueado.

Você conhece aquele poema, “First They Came”?
Sim. Fantástico. É tão importante. Minha mãe o tem na parede. Outra coisa que você deveria dar uma olhada é o poema de Daniel Defoe sobre ser inglês e sobre o fato de todos sermos visitantes dessa nação. Não me entenda mal, tenho orgulho de ser inglês. Sou muito, muito patriota. Tenho orgulho de tudo o que temos dado ao mundo, de tudo o que tivemos que dar, mas você tem que estar apto a aceitar as falhas. Na maioria das vezes foi horrível, mas houve pontos positivos sobre o Império. Na verdade, acho que o críquete é um deles. Críquete representa a unidade, a partilha e o jogo em conjunto.

O que você acha sobre os jovens não votarem?
Eles não votam! É assustador, pois é tão importante que os jovens aprendam sobre política e votem, mesmo que protestem em votar para formar uma opinião. Não votar não é um protesto. Eu registro um voto de extrema esquerda nas eleições MEP, só por que eu não posso votar nas partes principais agora, e por causa das despesas. Foi uma traição da confiança do escritório deles. Não é bom dizer, “mas estavam dentro das normas”. Você sempre acha lacunas nas leis, eu só pensei que era a face “aceitável” da corrupção e fiquei com muita raiva daquilo. Acho que a razão a qual as pessoas não votam é que os políticos estão tão centrais agora, então não importa em quem você vota. Em um lado, eles estão quase indistinguíveis do outro. David Cameron é pouco distinguível de Tony Blair. Você acaba pensando que não afetará a mudança.

Você ficaria feliz em ver David Camero como Primeiro Ministro?
Não! Não, não, não e não! De jeito nenhum. Eu com certeza prefiro Nick Clegg. Mas, você sabe, “a esperança é a última que morre”. Na próxima eleição eu vou quase certeza votar nos Liberais Democratas. Se todas as pessoas que gostam deles votassem, poderia modificar a política de um dia para o outro e poderíamos ter um sistema tri-partidário adequado. Mas aqui estão as minhas previsões para os próximos dez anos: The Tories vão entrar na próxima eleição e ficarão por um tempo. Eles têm que ir ao centro para entrar, é assim que eles jogam, mas uma vez dentro, eles se revelam muito mais de direita do que na verdade representaram – e a esquerda vai reagir a isso e nós realmenter teremos uma esquerda apropriada novamente.

E você apoiaria uma esquerda apropriada?
Sim, sim, eu na verdade apoiaria. É meio hipócrita para um menino que fez milhões aos anos, como esse menino de ouro do capitalismo…

Eu não acho isso. Você pode ser rico e alegremente querer pagar mais impostos.
Sim, com certeza! Eu não tenho problemas com impostos. Eu penso neles como investimentos. Um dia você ou alguém com quem você se importa vai precisar estar em um hospital.

Você entraria para a política?
Não, provavelmente não. Eu pensei nisso, mas apenas da mesma forma em que penso ser um astronauta. Eu sei, eu falo bem e sou bom com argumentos. Talvez isso volte pra me assombrar.

Então, o que acontece depois que terminar Harry Potter?
Espero ir para a América fazer novos filmes. Ainda está sendo discutido e não quero rogar praga, mas estou animado.

Você vai sempre fazer o herói?
Eu gosto de pensar que não. Um deles posso fazer um pai. Mal posso esperar para ter filhos, então vai ser legal. Eu espero fazer Dan Eldon, o fotojornalista que foi apedrejado até a amorte na Somália. Eu falei com a mão dele, e a irmã e as encontrei. Nós precisamos ter certeza de fazer direito e faezr justiça a ele. Eu adoraria voltar aos palcos. Broadway me recebeu muito bem. Com a Broadway eu descobri que como comunidade, se você está aberto a ela e se joga, ela dará retornos e te dará nada mais que amor e respeito, mesmo os críticos que não gostam de você.

Você não é como eu esperava.
(Risadas) Muitas pessoas esperam que eu seja um pouco tonto. Você descobre isso indo em outras equipes de filmagem. Quando eu fiz December Boys, a equipe depois de três semanas disse: “Deus, pensamos que você seria um pesadelo”. De certa forma, é uma boa percepção para ter, porque não sou assim. É o que eu costumava fazer quando era criança. (pausa) Aqui está um conselho para os jovens: seja uma droga com seus pais pela casa, seja absolutamente um lixo e quando você arrumar seu quarto ou fizer algo vagamente construtivo, eles vão perceber e ficar super impressionados! Se você mantiver as expectativas baixas, você sempre vai excedê-las! Agora há um lema inspirativo para a New England…

Harry Potter e o Enigma do Príncipe está nos cinemas pelo mundo.