Filmes e peças ︎◆ O Enigma do Príncipe

Gambon e Felton em entrevistas ao Hero Complex

Durante as últimas semanas antes do filme Harry Potter e o Enigma do Príncipe chegar aos cinemas, os fãs puderam acompanhar aqui no Ish as diversas traduções de entrevistas com o elenco e a equipe técnica publicadas no blog Hero Complex do Los Angeles Times.
Agora nós trazemos as duas últimas entrevistas dessa contagem regressiva para o sexto filme; a primeira é com o ator Michael Gambon, que fala sobre o seu personagem, o fato de não ter lido nenhum dos livros, o elenco jovem e mais.

A opção de não ler os livros da série de Rowling, explica ele, é deliberada e ele ressalta que seus colegas Ralph Fiennes e Alan Rickman também não os leram. “Você se chatearia com todas as cenas do livro que foram deixadas de fora, não é? Não há motivos para ler os livros porque você está interpretando as palavras do Steve Kloves.

A segunda é com Tom Felton, que fala sobre o crescimento de Draco, sobre como foi trabalhar ao lado de Michael Gambon, o clima de família entre o elenco e o que fará após a série.

DM: O que você se lembra a respeito da filmagem daquela cena climática na Torre de Astronomia?
TF: Foi intenso! Quando nós filmamos, eu estava cercado pela nata dos britânicos [Alan Rickman e Helena Bonham Carter estavam presente, assim como o natural de Dublin, Gambon], e a cena por si só é muito intensa. Houve muito choro, gritos e lágrimas. Nós tivemos uma boa diversão com ela. Era a cena que eu estava mais ansioso por gravar.

As traduções de ambas entrevistas podem ser vistas na extensão!

HARRY POTTER E O ENIGMA DO PRÍNCIPE
Contagem Regressiva para Harry Potter: Michael Gambon “não vê nenhum motivo” para ler os livros de Rowling

Los Angeles Times ~ Denise Martin
13 de julho de 2009
Tradução: Juliana Poli Bonil

O final se aproxima. Trouxas do mundo todo esperaram por meses (e meses… e meses…) por “Harry Potter e o Enigma do Príncipe”, que agora está tão perto que dá para senti-lo. Nossa própria contagem regressiva para o filme está terminando bem com a entrevista de quarta-feira com Tom Felton e a reportagem importante de hoje sobre o diretor em pessoa, Michael Gambon, escrita pela nossa especialista em Potter, Denise Martin:

Michael Gambon interpreta o diretor de Hogwarts há cinco anos, porém não tem dado um bom exemplo a seus alunos quando se trata de terminar a lição de casa: o amado bruxo ancião não leu sequer um dos livros de JK Rowling.

A opção de não ler os livros da série de Rowling, explica ele, é deliberada e ele ressalta que seus colegas Ralph Fiennes e Alan Rickman também não os leram.

“Você se chatearia com todas as cenas do livro que foram deixadas de fora, não é?,” disse Gambon por telefone de Nova Iorque, onde ele está promovendo a estreia do sexto filme de Potter nesta quarta-feira. “Não há motivos para ler os livros porque você está interpretando as palavras do Steve Kloves.”

E Kloves, junto com o diretor David Yates, exigiram um Dumbledore intenso, que sacudiu Harry no quarto filme quando o nome do menino bruxo apareceu no “Cálice de Fogo.” É uma caracterização que não é muito evidente nos livros – pra começo de conversa, Dumbledore não empurra nem dá puxões em seu famoso aluno – e isso chateou muitos fãs de Potter.

De fato, muitos trouxas enfurecidos também recorreram à internet depois do terceiro filme para reclamar que Gambon não tinha a aura de um gentil avô com a qual eles se acostumaram nos livros e nos dois primeiros filmes, quando o papel foi do falecido Richard Harris.

Desde que se juntou ao elenco no terceiro filme, “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban,” Gambon transformou Dumbledore em um patriarca mais duro, uma força urgente e misteriosa em meio a uma guerra iminente. Menos fofo, este Dumbledore é claramente apresentado como um oponente formidável do inimigo com cara de cobra de Potter, Voldemort.

E embora Harris (que faleceu em Londres, aos 72 anos, em 2002) tivesse uma suavidade brilhante, o Dumbledore de Gambon é um observador irônico com uma sagacidade hilariante quando se trata das desventuras de seus pupilos.

Em “Enigma do Príncipe,” por exemplo, a namorada de Rony Weasley, Lilá Brown, passa chorando pelo diretor após perder o ruivo para Hermione Granger. O velho bruxo, com um tom cômico, reflete: “Ah, ser jovem e sentir o ferrão afiado do amor.”

O ator irlandês de 68 anos, com uma ilustre carreira de 40 anos nos palcos, é profundamente respeitado pelos membros jovens do elenco. O astro da franquia, Daniel Radcliffe, por exemplo, disse que estava trazendo todas as suas forças para um momento especialmente emocionante do filme. (AVISO: se você não leu os livros é melhor pular o próximo parágrafo pois ele revela algo crucial.)

“Dumbledore morre e eu tive de fazer uma cena lamentando sobre seu corpo,” Radcliffe explicou ao tablóide britânico, The Daily Mirror. “Michael é o ator mais respeitado com quem já trabalhei, então tive de realmente fazer todo o possível para expressar emoção. Mas depois da quarta tomada, eu olhei para baixo e vi que ele tinha caído no sono. Tive de cutucá-lo para acordar. E lá se foi minha intenção de impressioná-lo com meu talento!”

O professor pode cochilar, mas os alunos não ousam sonhar acordados. Esta é a mensagem tanto dentro quanto fora das telas, de acordo com Gambon, que já fez mais de cinco dúzias de filmes, entre eles “O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante,” “Assassinato em Gosford Park,” e “A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça.”

“Ele tem de ser um pouco assustador,” disse Gambon sobre seu Dumbledore. “Todos os diretores tem de ser um pouco assustadores, não é? Um grande bruxo como ele deve ser intimidador. E no final das contas, ele está protegendo o Harry. Basicamente eu faço o meu próprio papel, um pouco irlandês, um pouco assustador. É assim que sou na vida real.”

(AVISO: Aqui aparece aquele spoiler novamente, se não leu os livros, pule os próximos três parágrafos.)

Gambon disse que não ficou tão triste quando soube da morte de Dumbledore, ele a viu como uma morte do tipo Obi-Wan Kenobi. “Bruxos não podem morrer, podem? Eles estão sempre um pouco lá.”

Ainda assim, ele disse que seu falecimento é a cena mais poderosa do filme. No topo da Torre de Astronomia de Hogwarts, Dumbledore é confrontado por um Draco Malfoy determinado, o discípulo de Voldemort que recebeu a tarefa de assassinar o diretor. A confiança do jovem é abalada quando chega a hora de cometer o obscuro ato. “Ele incita o Draco,” diz Gambon sobre seu personagem. “Ele sabe que ele não irá fazer aquilo.”

O momento, fielmente reproduzido, será mais forte para os fãs dos livros que sabem que Dumbledore está, de fato, ciente do plano. Desarmado, porém calmo, seus olhos suplicantes imploram ao seu colaborador indeciso, Severo Snape, que não salve sua vida e sim, acabe com ela, o que Harry não sabe. Gambon diz, “Ele sabe o que é o que. Ele convida a morte. É muito boa a maneira como ele morre. Eu morri em várias peças e filmes, estou sempre morrendo e esta é boa.” (No filme, há uma GRANDE diferença em relação ao livro quanto a orquestração desta cena clímax, mas não vamos estragar esta surpresa.)

O ator diz que a grandiosidade do fenômeno Potter o atingiu de novo recentemente na première londrina de “Enigma do Príncipe,” onde mais de 4.000 crianças compareceram para vislumbrarem o elenco mágico. Gambon achou isso emocionante e amargo ao mesmo tempo.

“Fiquei muito tocado com o número de crianças lá. Estava chovendo e todos estavam ensopados, alguns estavam lá há horas. De certa maneira, você se sente responsável por eles. Todos os livros e papéis para autógrafos deles estavam molhados, as canetas não funcionavam. Foi muito triste. Te faz perceber como isso é grande.”

As filmagens do último filme, “Harry Potter e as Relíquias da Morte,” já estão ocorrendo, mas a participação de Gambon está agendada apenas para fevereiro. Ele diz que isso o faz sentir que o fim ainda está longe para ele, mas ele já começou a refletir sobre a experiência.

“Foi,” ele diz, “um grande privilégio.”

Ver as estrelas Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint crescendo foi especialmente divertido. “Eles se tornaram atores experientes, sábios e ótimos. Foi bom ver isso. Você pode dizer coisas a eles agora que não podia dizer antes.”

Como o quê? “Ah, não sei. Não me atrevo a dizer.” Ele diz, rindo. Devemos imaginar o pior? “Sim,” ele respondeu com um certo atrevimento enigmático. Algo tipicamente Dumbledore.

Gambon e Felton em entrevistas ao Hero Complex

HARRY POTTER E O ENIGMA DO PRÍNCIPE
Contagem regressiva de Harry Potter: Tom Felton na “queda gradual” de Malfoy

Los Angeles Times ~ Denise Martin
15 de julho de 2009
Tradução: Luiz E. C. F.

Está aqui! “Harry Potter e o Enigma do Príncipe” chegou e hoje Denise Martin encerra nossa contagem regressiva “Potter” (mas não nossa cobertura contínua sobre Hogwarts, é claro). O tema de sua entrevista? Aqui está uma dica: ele é uma figura chave e um bruxo especialmente confuso em relação a suas decisões no novo filme.

Depois de anos interpretando a peste petulante e loira-platinada Draco Malfoy, o ator Tom Felton não podia esperar para colocar suas mãos no roteiro do sexto filme da série, uma espécie de festa de iniciação para o aspirante a Comensal da Morte. E com boa razão. Há muito pelo que Draco deverá lutar nesta edição. Por seu pai, Lúcio Malfoy, preso em Azkaban, o jovem Draco é escolhido por Voldemort para usar a maldição imperdoável no diretor da escola, Alvo Dumbledore. E enquanto o alter ego de Felton está ansioso por completar algumas missões obscuras no passado, quando o grande momento chega, Draco se depara com a consciência que ele nunca pensou que tivesse.

Felton, que não queria ter seu cabelo pintado de loiro durante a nossa conversa, disse ao Hero Complex tudo sobre o crescimento de Draco, sobre encarar o Dumbledore de Michael Gambon, e o que ele e a estrela Daniel Radcliffe realmente conversaram no set.

DM: Este é o filme principal na história de Draco. Há alguns deveres de adulto para ele aqui. Quais foram seus pensamentos sobre começar isto?
TF: Muito empolgado, mas eu também fiquei um pouco ansioso, e meio assustado, sobre o que fazer e se eu podia ou não fazer isto. Eu tive muitas reuniões com David Yates e Mike Gambon para discutir isto, e eles realmente me encorajaram a tentar e fazer o melhor com a personagem. Isto é o que qualquer ator quer quando o assunto é tentar fazer uma personagem com todo entusiasmo e energia, e nós realmente revelamos mais das emoções de Draco. Ele sempre está sendo meio superficial nos anos anteriores, e desta vez você realmente vê muitos de seus lados.

DM: Como assim?
TF: Você vê um lado muito mais durão e muito mais violento, seu ódio está mais forte. Mas há também um lado imensamente vulnerável nele. Se tudo der certo, você terá um pouquinho de empatia por ele no final.

DM: No livro, tudo é revelado, mais ou menos, em seu confronto com Dumbledore. Sua história de segundo plano permanece do mesmo jeito no filme?
TF: Draco começa muito determinado, muito durão, e muito entusiasmado com isto, pode-se dizer. Mas definitivamente, quase no final, isto desmorona. Toda aquela fachada. Você realmente sente o lado fraco dele, o garotinho que ele é. Ele está agindo como um homem, ele está sendo o pai da casa enquanto seu pai está na prisão, então ele realmente sente que tem de acelerar seu jogo, mas infelizmente ele não é tão sólido quanto pensou. É uma queda mais gradual no filme.

DM: Como você estava nervoso no início, o diretor David Yates disse algo particularmente de grande ajuda?
TF: Ele estava muito interessado em mencionar todas as coisas que eu deveria estar sentindo e pensando ao invés de me deixar muito sozinho. Nós nos divertimos com isto. Se eu ganho qualquer elogio por isto, é por conta de sua direção e sua visão. Ele nos encoraja muito, e eu acho que isto realmente faz a diferença. Assim que isto aconteceu, eu fiquei muito mais confiante e menos amedrontado.

DM: O que você se lembra a respeito da filmagem daquela cena climática na Torre de Astronomia?
TF: Foi intenso! Quando nós filmamos, eu estava cercado pela nata dos britânicos [Alan Rickman e Helena Bonham Carter estavam presente, assim como o natural de Dublin, Gambon], e a cena por si só é muito intensa. Houve muito choro, gritos e lágrimas. Nós tivemos uma boa diversão com ela. Era a cena que eu estava mais ansioso por gravar.

DM: Como foi trabalhar com Gambon?
TF: Eu estava obviamente assustado por ter uma cena em que só nós dois participamos. Mas rapidamente nos encontramos avançamos muito bem. Ele é uma personagem por trás de uma personagem, qualquer um irá dizer isto a você. Ele tem mais histórias do que uma enciclopédia, ele tem uma riqueza de conhecimento e comédia. É uma alegria estar perto dele. Toda vez que havia uma pausa, eu encarava como uma boa oportunidade para tomar uma xícara de chá com ele, fazendo perguntas e coisas como esta.

DM: O Dumbledore dele é muito mais intenso que nos livros, não é?
TF: Sim, eu estava com um pouco de medo que ele fosse ser frio e ficar com a cara fechada. Mas ele ficou longe disto. Honestamente, ele é como alguém de 18 anos e ama isto.

DM: Já está claro o suficiente para poder dizer que este é o filme Potter mais obscuro?
TF: Sim, mas eu não acho que seja só isso. Isto acontece em todos os filmes, as pessoas dizem que está ficando mais obscuro. Mas este fica mais engraçado e mais romântico. Também, a natureza do filme é mais adulta, então isto é apenas certo para o lado negro para corresponder ao bom. Eu não acho que ele seja apenas obscuro, esta é apenas uma de suas muitas características.

DM: Você está prestes a começar a gravar “Relíquias da Morte” — empolgado ou triste?
TF: Empolgado.

Dan, Emma Watson e Rupert Grint têm tido um trabalho duro nos últimos dois meses. na verdade, estou indo pintar o cabelo amanhã. Estou ansioso para ficar loiro denovo.

DM: Você é mais reconhecido desta maneira, no entanto.
TF: Eu sei. Eu estou em pânico sobre esta parte.

DM: Começou a incomodar você que este é o fim?
TF: Muito. É um momento muito desmotivador para todos nós. Todo ano nós terminamos e sabemos que voltaremos para mais. Depois deste, será um adeus por um tempo. É bem empolgante também. Há outras coisas para esperar, e eu sei que todos nós estaremos felizes de um modo porque nós vimos a história do começo ao fim. No entanto, é um grande negócio fazer os próximos dois filmes. Eles não são filmes curtos. Há muito trabalho a ser feito. Será bom mais de um ano de trabalho.

DM: O que manteve você motivado para retornar a todos os filmes?
TF: Sempre foi divertido. Isto é o mais importante. Não é um processo árduo. Também, eu amo a idéia de olhar para trás daqui 10 ou 20 anos e saber que você foi parte disto tudo. Eu não poderia aguentar deixá-lo, especialmente agora que estamos tão perto de terminar.

DM: Onde “O Enigma do Príncipe” se encaixa para você? Em que posição você o colocaria?
TF: É o meu favorito — Eu não sei, no entanto, se estou sendo tendencioso porque Draco é um dos protagonista neste. Mas há algo sobre a história que é muito humana e relacionada com muitos aspectos, muito amor no ar em Hogwarts, muitos garotos e garotas beijando. É sobre crescer.

DM: Do que você sentirá mais falta?
TF: De todo o elenco e equipe. É um atmosfera boa quando nós estamos todos juntos lá no set. Eu suponho que não teremos isto denovo. Estou certo de que manteremos contato, mas não estaremos embaixo do mesmo teto. Eu me dei muito bem com o jovem Daniel. Nós dois somos fãs de críquete, então há muita conversa sobre críquete entre nós dois. Não há alguém com quem eu não me dê bem. Todos nós nos damos muito bem.

DM: Você traçou algum plano pós Potter?
TF: Eu tenho alguns projetos de filmes a caminho. “In Between the Waves” é um filme que eu espero fazer na próxima primavera. É sobre dois garotos, dois surfistas entusiasmados que viajam pela Europa em uma viagem louca atrás de surfe. Eu costumava andar de skate, e tenho praticado snowboard, e as pessoas têm me dito que se faço isso bem, eu me darei bem surfando. Mas eu nunca estive sobre uma prancha de surfe.

DM: Eu sei que você canta bem. Algum plano de gravar?
TF: Eu fiz algumas gravações e as músicas estão disponíveis no iTunes, e obtive bons comentários. É algo que eu gosto de fazer, mas eu não estou procurando por uma carreira de cantor tão cedo. Se uma pessoa se diverte com isto, eu fico feliz por proporcionar isto.

DM: Preocupado em ser sempre escalado para papéis de vilões como Draco de agora em diante?
TF: Esta pergunta aparece muito. Eu acho que é bem louco pensar que você será sempre escalado para vilões aos 20 anos antes de realmente ter começado algo. Eu penso que com o sucesso do jovem [Robert] Pattinson , eu acho que isto nos dá muto bem o sinal verde para dizer que há vida após Harry Potter. É apenas uma questão de quem quer isto e quem trabalhará por isto.