J. K. Rowling

JK Rowling fala sobre fãs possessivos à Melissa Anelli

JK Rowling fala sobre fãs possessivos à Melissa AnelliJK Rowling fala sobre fãs possessivos à Melissa Anelli
Como sabemos, JK Rowling concedeu uma série de entrevistas exclusivas a Melissa Anelli, webmistress do fansite TLC, para que ela pudesse escrever seu livro Harry, A History. Hoje, em seu site, ela publicou mais um trecho de suas conversas com a autora da série Potter.
Desta vez, Jo comentou sobre os fãs possessivos: aqueles que se sentem donos dos personagens criados por ela, principalmente na questão de suas relações amorosas. Pois bem, são estes que têm manifestado suas opiniões de forma veemente ao longo da vida pública da série.

A autora detalhou um caso especial, de uma mulher americana que lhe ouvira dizer na rádio que achava hipocrisia não permitir que seus personagens tivessem sensações sexuais durante os livros. Confira abaixo:

[Recebi] uma carta muito veemente de uma mãe dizendo, “Não faça isso. Eu quero que seus livros sejam um refúgio para meus filhos, um lugar de inocência e segurança”. E eu me senti, bem, escute: essa série começou com o conhecimento de um homicídio duplo. Eu nunca prometi que esse seria um mundo de inocência e segurança. Muito pelo contrário. Eu o anunciei como um mundo de perigos e corrupção. Então, provavelmente, essa foi a minha primeiríssima introdução.”

O livro de Melissa foi lançado nos Estados Unidos no dia 4 de novembro e se encontra há duas semanas na lista de mais vendidos do New York Times. Ele já está disponível para a venda no idioma original – inglês – na Livraria Cultura através deste link.

Você pode conferir a tradução do trecho na íntegra em notícia completa!

JK ROWLING
Sobre Harry/Hermione, Shippers, Possessão de Fãs e Mais

HarryAHistory.com ~ Melissa Anelli
21 de novembro de 2008
Tradução: Fabianne de Freitas
Revisão: Renan Lazzarin

JKR: No momento em que o Emerson disse o que disse [na entrevista de 2005], na gravação, eu soube.

[…]

As conseqüências me atingiram, assim como ao Emerson. Recebi umas cartas bastante desagradáveis, mas, sabe, na época eu já estava acostumada ao fato de que as pessoas estavam tão envolvidas com esse mundo, e se sentiam tão donos dele que eu não estava, de forma alguma, em cima de um pedestal na visão de todos eles. Eu era exatamente o centro da luta. E é desconfortável ficar subindo e descendo de um pedestal, então você se acostuma.

MA: Você até fez uma piada sobre um shipper que levava o Emerson a um corredor sombrio.

JKR: [Risos] Bem, sim. Digo, ele não se arrepende de jeito nenhum. O Emerson gosta de uma boa briga. Eu não sou o tipo de pessoa que sai procurando briga, mas sim alguém que, se uma briga vier a mim, não vou evitá-la. Então, se as pessoas quiserem informações sobre meus personagens, então eles terão que aceitar que eu vou fornecer-lhes informações sobre os meus personagens. E se elas não gostarem, essa é a natureza da ficção. Você tem que aceitar o mundo de outra pessoa porque eles criaram este mundo, então eles provavelmente sabem um pouco melhor do que você sobre o que acontece lá.

Eu não era nem um pouco novata em relação ao conceito de possessão dos fãs porque isso tem acontecido desde, acho, 1999. Como o Debate Snape esquentou, receberia ocasionalmente cartas de fãs que me instruíam sobre meus personagens. E, quer saber, isso é muito amável quando parte de alguém mais novo, e é menos amável quando vem de uma pessoa mais velha.

Você sabe, pode ter sido mais cedo. Eu me lembro de receber uma carta no final dos anos 90, de uma mulher americana que tinha me ouvido falar no rádio quando eu estive lá que achava que era uma mentira não permitir que meus personagens, que estão ficando mais velhos a cada livro, não permitir aos meus personagens algumas sensações sexuais. Embora uma série de fantasia não seja, acho, realmente o lugar para explorar temas como, por exemplo, o uso de drogas pesadas e gravidez na adolescência. Fazer as pessoas engolirem essas mensagens sociais quando existem outras mensagens nos livros de Harry Potter, me pareceu impróprio. Mas ainda assim, seria irreal que Harry iria dos 11 aos 17 anos sem beijar uma garota, sem ter quaisquer sentimentos românticos por garotas, isso foi tudo o que falei no programa de rádio. Essa foi provavelmente a primeira evidência que tive, desse tipo de possessão de fã: uma carta muito veemente de uma mãe dizendo, “Não faça isso. Eu quero que seus livros sejam um refúgio para meus filhos, um lugar de inocência e segurança”. E eu me senti, bem, escute: essa série começou com o conhecimento de um homicídio duplo. Eu nunca prometi que esse seria um mundo de inocência e segurança. Muito pelo contrário. Eu o anunciei como um mundo de perigos e corrupção. Então, provavelmente, essa foi a minha primeiríssima introdução.

MA: A queda dos shippers foi… outra coisa.

JKR: Você foi atingida por isso?

MA: Eu fui menos criticada. Fui atingida, no entanto; algumas pessoa falaram umas coisas bem cruéis.

JKR: Você quer saber, eu meio que consegui uma visão geral quanto a isso, porque logo após termos nos encontrado, entramos em um feriado, e voltei para pegar minha correspondência atrasada sobre isso e quer saber? Você pode perceber pelas cartas atrasadas o que deve ter ido parar na Internet.

Não é saudável para mim ficar muito tempo online. Estou muito ciente de que se pode passar a vida lendo fóruns de mensagens, e este não é um lugar saudável de se ir. Então eu estou economizando as vezes que vou lá e dou uma olhada. Mas só pelo que tive na minha frente – e de fãs me dizendo “Por favor não leve muito em consideração o que você lê nesses fóruns!” [Risos] Então, sabe, eu soube o que deve ter acontecido nesses fóruns.

MA: O Emerson foi comparado a um dono de escravos!

JKR: Oh, isso é simplesmente ridículo. Eu recebi uma carta de um homem adulto, uma carta muito bem articulada, que dizia, “Bem, me perdoe por pensar que você é uma escritora melhor do que você realmente é.” Isso foi literalmente o que ele disse. “Presumi que você estava nos dando dicas sutis sobre Harry e Hermione, mas não. No final, você estava sendo bem grosseira e óbvia.” O que você vai fazer? Isso é o que eu quis dizer com ‘levemente menos amáveis’. [Risos]

MA: Se isso é levemente menos amável, eu me pergunto o que será bem menos amável…

JKR: É, nós poderíamos chegar lá, mas não sei.

MA: Não acho que tenhamos esse tipo de tempo.