Sem categoria

Divulgadas novas críticas à atuação de Radcliffe na Equus

A estréia da peça Equus nos teatros da Broaway, em Nova Iorque, trouxe consigo uma avalanche de novas críticas. Disponibilizamos duas novas críticas aqui, uma é do Times, que fala imparcialmente, e da MTV, que deixou transparecer abertamente a sua opinião.

O Artigo da Times deu maior ressalva ao nu frontal de Radcliffe na peça:

Sim, é um nu frontal – e não sob uma luz fosca à moda de Hair ou apenas por poucos segundos passageiros, como é de costume nas muitas peças da Broadway tentando demonstrar sua coragem vanguardista nos dias atuais. Ele fica assim por vários minutos, junto a uma jovem atriz (Anna Camp) igualmente à mostra, numa cena que, mesmo 35 anos depois, ainda é bastante impressionante e (coisa rara no teatro) realmente erótica. O garoto é bom mesmo.

Enquanto isso o artigo da MTV deu um ar mais divertido para a entrevista. Ela traz, dentre outros, depoimentos de Daniel Radcliffe e o ator Pisonu sobre alguns ‘imprevistos’ que ocorreram durante a apresentação.

“Durante a cavalgada,” ele disse, “o microfone dentro da cabeça do cavalo de Lorenzo se soltou e começou a atingi-lo na cabeça, o que foi um tanto engraçado… Então a maioria dos momentos de falha envolveram Lorenzo, mas ele é legal.”

“Eu não quero ser o cara que deixou o Harry Potter cair!” brincou Pisoni. “…Não tenho muita experiência em sapatos de plataforma, imagine então com saltos de quase 3kg sem os saltos? Certamente demorou um pouco para me acostumar…”

As duas críticas podem ser conferidas na extensão!

DANIEL RADCLIFFE
Equus prova que “Ele não é Harry Potter, é Daniel Radcliffe”

Jennifer Vineyard ~ MTV
26 de setembro de 2008
Tradução: Renan Lazzarin

Ele fuma, xinga, vê pornografia e está nu — e isso ainda não é, nem de perto, o que faz de Alan Strang, em “Equus”, o papel mais adulto que Daniel Radcliffe já interpretou. Demonstrando o avanço no decorrer dos anos durante a noite de estréia na quinta-feira, a platéia cheia de celebridades o chamou de sua “fuga.”

“Na verdade, fiquei na terceira fila,” disse Christy Carlson Romano, que protagonizou, junto a Shia LaBeouf, o sitcom do Disney Channel “Even Stevens.” “Você podia sentir o cheiro de tudo. Foi sexy e bem estimulante, e Daniel fez um trabalho espantoso.”

Romano estava sentado à frente de Haley Joel Osment e à direita do anfitrião do “Inside the Actors Studio”, James Lipton. Sentado perto de Kathleen Turner, Lili Taylor, Glenn Close, Judith Light e Dominic Cooper. No mezanino estava a designer de “Project Runway” Austin Scarlett, que estava vestida para a ocasião com uma calça e botas de montaria.

“O público dos EUA tem sido, até agora, incrível,” disse Radcliffe. “Há algumas risadas que não tivemos na Inglaterra,” ele disse sobre atuar a peça no West End de Londres versus atuar na Broadway, “porque os americanos captam isso melhor.”

A peça é um olhar sobre a terapia que um jovem perturbado recebe depois que ele cegou, inexplicavelmente, seis cavalos. Para interpretar Strang, Radcliffe tem que exibir, ao mesmo tempo, hostilidade e vulnerabilidade. No progresso da peça, ele começa a se abrir e explicar, através de flashbacks, como ele vê os cavalos — especialmente um chamado Nugget (interpretado por Lorenzo Pisoni) — como seus deuses, escravos e amantes. Em algumas vezes, Radcliffe se desmorona em uma posição fetal quando seu médico, mãe e pai discutem sua condição. Em outras, ele tem pesadelos e ataques, às vezes cantando jingles comerciais, ao invés de responder às perguntas diretamente.

Radcliffe disse que uma das coisas que fazem do teatro ao vivo tão excitante para ele (“Ainda estou cheio de adrenalina!”) é a quantidade de chances para escorregar — e sua noite de estréia não esteve livre de alguns.

“Durante a cavalgada,” ele disse, “o microfone dentro da cabeça do cavalo de Lorenzo se soltou e começou a atingi-lo na cabeça, o que foi um tanto engraçado. Em um ponto, os grampos que prendi nele não entraram direito e, como conseqüência, não sairiam, então tive que deixá-lo no palco quando tudo ficou escuro enquanto os técnicos o ajudavam no intervalo. Então a maioria dos momentos de falha envolveram Lorenzo, mas ele é legal.”

“Eu não quero ser o cara que deixou o Harry Potter cair!” brincou Pisoni. “Então eu certamente andei arrastando meus sapatos para ter certeza de que não escorregariam. Não tenho muita experiência em sapatos de plataforma, imagine então com saltos de quase 3kg sem os saltos [que caracterizavam minhas patas]? Certamente demorou um pouco para me acostumar. E o palco é inclinado, e temos que ficar com nossos braços atrás das costas [para simbolizar cavalos]. Acrescente as máscaras, e fica um pouco traiçoeiro. Mas está funcionado. Tudo está certo. Agora já estou acostumado.”

Uma das grandes diferenças entre a produção de Londres e esta é como os cavalos interagem com Radcliffe, já que a diretora Thea Sharrock e o coreógrafo Fin Walker queriam fazer do espetáculo mais “visceral.” “Tentamos encontrar outros momentos dentro da peça onde pudéssemos incorporar, vagarosamente, os cavalos,” disse Sharrock, “para que a noção de Equus aumente para o final.”

Tal final inclui a tão-falada cena de nudez da jovem estrela. Radcliffe não está se expondo sozinho do palco, já que é uma cena de amor fracassado com sua co-atriz Anna Camp, que faz a garota estável Jill Mason. “Ninguém nunca mencionou que a garota ficava nua!” disse Romano. “Não estava preparado para isso. Fiquei, na verdade, meio que alarmado. Ele fez a coisa toda!”

“Ele carrega o espetáculo, e ele é Harry Potter, então todo mundo está tão concentrado e esperando que ele tire a roupa,” disse Camp. “Mas é realmente sobre minha personagem ficar no controle e guiá-lo por toda a coisa. É muito importante para a história que tiremos a roupa, porque é sobre confrontá-lo com a sexualidade completa, e é assim que o último evento da obra acontece, apenas se ele estiver realmente, verdadeiramente confrontado.”

Sharock chamou a cena de “bonita” e “contida,” enquanto outros atores denominaram a decisão de Radcliffe de brava. “A essência é o que é crucial aqui,” disse Osment. “E é uma escolha que muitos atores têm que fazer. ‘É isso o que preciso fazer? É necessário para este personagem?’ E no caso, era. Acho que ele teve uma excelente performance, e tenho certeza que ele vai ganhar o respeito de muita gente por ela.”

“Quando a nudez aconteceu, a questão não era, nem um pouco, sobre a nudez,” disse Romano. “Era mais sobre a arte. Fiquei absorto.”

“Ele provou que não é Harry Potter, é Daniel Radcliffe,” disse Sharock. “Ele não é uma estrela, é um ator.”

Uma vez que “Harry Potter e o Enigma do Príncipe” foi adiado de sua estréia planejada para novembro, Radcliffe já não tem que, ao mesmo tempo, ser a estrela de um filme e um ator da Broadway nesta primavera — ele pode se concentrar na peça, ao invés de promover seu filme ao mesmo tempo. “É um desastre para os fãs, e entendo isso completamente,” disse. “Sinto muito, muito por eles, mas deu bastante certo para a jornada de ‘Equus.’ ”

_________________________________________________________________________

DANIEL RADCLIFFE
Equus da Broadway: Harry Potter Montado em Cavalo

Richard Zoglin ~ Time
26 de Setembro de 2008
Tradução: Renan Lazzarin

Mesmo para os freqüentadores de teatro mais sofisticados de Nova Iorque, não há nada como uma pequena nudez no palco para deixar o sangue fluir. Ainda melhor, uma pequena nudez envolvendo, talvez, o ator mirim mais conhecido do mundo. Daniel Radcliffe, que tem interpretado Harry Potter em cinco (quase seis) filmes altamente populares, fez sua estréia nos palcos do ano passado, na representação londrina de Equus – a aclamada peça de 1973 de Peter Shaffer sobre um garoto estável que, em um ato inexplicável de violência, cegou seis cavalos com uma estaca de metal. A grande notícia, entretanto, não foi o primeiro vislumbre da atuação de Radcliffe nos teatros, mas sim de suas partes íntimas. Agora, a produção de Londres foi à Broadway, acompanhada pela mesma expectativa vagamente enviesada.

As primeiras coisas primeiro: Sim, é um nu frontal – e não sob uma luz fosca à moda de Hair ou apenas por poucos segundos passageiros, como é de costume nas muitas peças da Broadway tentando demonstrar sua coragem vanguardista nos dias atuais. Ele fica assim por vários minutos, junto a uma jovem atriz (Anna Camp) igualmente à mostra, numa cena que, mesmo 35 anos depois, ainda é bastante impressionante e (coisa rara no teatro) realmente erótica. O garoto é bom mesmo.

Mas a verdadeira revelação em Equus, que acabou de estrear no Teatro Broadhurst da Broadway, é que Radcliffe prova ser um ator de teatro forte, confiante e convincente. Como o problemático Alan Strang de 17 anos, ele mantém seu corpo compacto e deveras pequeno reto e imóvel, com suas mãos impulsionadas a seu lado – é um jovem educado, quase fleumático que, enquanto a história é aclarada através das agulhadas do psiquiatra cuja tarefa é descobrir a motivação para seu crime horrível, é transporado a um êxtase religioso-sexual na presença de seus deuses eqüinos. Em uma temporada na Broadway na qual iniciantes, desde Katie Holmes até Cedric Antonio Kyles, fazem suas estréias no teatro, Radcliffe supera o desafio. Ele se mantém de modo digno junto a Richard Griffiths, a estrela corpulenta, vencedor do prêmio Tony por The History Boys, que faz o psiquiatra, o Dr. Martin Dysart, antipático e menos carismático que alguns dos atores (Anthony Hopkins, Ricahrd Burton) que interpretaram o papel antes.

Equus piorou? Não é – e nunca foi – uma grande peça, mas é uma obra maravilhosa do teatro. De um ângulo, é um mistério direto, não buscando quem e sim o porquê; de outro, uma batalha de talento entre o psiquiatra e seu paciente. Mas não demora a fugir dos temas, às vezes, explícitos em excesso por Shaffer – aquele velho questionamento sobre os seres “insanos” que são genuinamente mais vivos que aqueles de vida ordenada, conformista e “normal”. “O garoto criou em sua existência uma paixão mais feroz que qualquer outra que vi em qualquer segundo de minha vida,” diz o Dr. Dysart. “É por isso que o seu olhar me dissera o tempo todo: ‘Ao menos, eu galopei!'”

É o galope que ajuda Equus a se elevar em seus momentos didáticos. A presunção da peça é ter atores interpretando os cavalos – vestindo máscaras metálicas e se elevando de modo majestoso em sapatos de plataforma. As performances parecidas com danças (sob a direção sólida e sem besteiras de Thea Sharrock) são, ao mesmo tempo, realistas e exóticas, evocando o poder sobrenatural da obsessão do garoto. As abundantes falas são dissolvidas com imagens notáveis; a climática recriação do crime é uma façanha incrível. Este Equus não é uma má apresentação para Harry Potter – ou para seu público crescido.