O Enigma do Príncipe

Richard Griffiths fala sobre Equus e Radcliffe

O site Mercury News publicou recentemente uma entrevista com o ator Richard Griffiths (Valter Dursley). Ele está para atuar na edição da peça Equus, na Broadway, onde irá contracenar com Dan Radcliffe (Harry Potter).

Oh, falando nisso, eu tendo a divagar com as respostas”, ele avisa em certo ponto. Em outro, ele pára em meio a uma sentença para se desculpar: “As vezes eu me pergunto se estou apenas completamente tirando o sentido de tudo.

O artigo menciona que Griffiths nasceu na cidade inglesa de Stockton-on-Tees, onde residia com seus pais que eram surdos e mudos. Thea Sharrock, a diretora de Equus, acredita que a experiência acabou contribuindo para sua arte:

A primeira língua que ele aprendeu foi a dos sinais. E portanto sua habilidade de ouvir as pessoas com seus olhos e ouvidos também é incrível”, diz Sharrock. “Ele tem um talente único para ouvir.”.

Pediram para Richard para fazer alguns comentários Dan.

Eu sei que muitos ingressos foram vendidos para se dar uma olhada no corpo de Daniel“, Griffiths diz. “Ele está completamente bem quanto a isso.

Aproveitando a oportunidade, o ator, que chama Dan carinhosamente de “ardiloso” pelo jovem ter passado os últimos dois anos trabalhando em seu físico.

Ele assitiu com leve surpresa enquanto seu co-estrela Radcliffe decolou. “Ele é o pólo oposto da minha experiência: ele tem 19 anos e é multimilionário. O que tem de indesejável nisso?

Atualizado: A tradução na íntegra já pode ser lida em notícia completa!

RICHARD GRIFFITHS
Ator Richard Griffiths dá uma volta pela Broadway

Mercury News
20 de agosto de 2008
Tradução: Renata Grando

Um dia quente na cidade deixou Richard Griffiths com uma poderosa sede.

Assim que ele se sentou em uma mesa de um restaurante em Manhattan com sua esposa, Heather, ele grandiosamente compara sua desidratação ao Nullarbor Plain, o que é uma extensão árida no sul da Austrália.

“Tem 2000 milhas de largura e 1400 milhas de profundidade e há somente um avião por dia”, o vencedor do Tony Award conta a uma levemente impressionada garçonete. “Por Deus. Nós precisamos de algum fluido”.

Ela pergunta se ele gostaria de algo do bar? Ele gostaria.

“Um gim e uma tônica grande, por favor”.

Sem problemas, ela diz. Mas primeiro: ele tem alguma preferência de gim? Griffiths, por acaso, certamente tem: “Qualquer coisa excessiva”, ele diz.

“Oh, aquele gim novamente”, ele diz alegremente quando a garçonete vai embora, citando uma linha de “Noite dos Reis”, de Shakespeare: “Dê-me excessivamente”.

Então começa uma bem lubrificada e às vezes surreal entrevista com um dos atores mais charmosos da Grã-Bretanha, um homem de 61 anos que está curtindo o período mais produtivo de sua vida. É uma discussão que Griffiths inicia com referências a Sigmund Freud, o conceito de contra-transferência, a teoria da relatividade de Albert Eintein, “Henry V” e um poema de Stevie Smith.

“Oh, falando nisso, eu tendo a divagar com as respostas”, ele avisa em certo ponto. Em outro, ele pára em meio a uma sentença para se desculpar: “As vezes eu me pergunto se estou apenas completamente tirando o sentido de tudo”.

Sua esposa, uma ex-atriz quem ele encontrou em 1973 durante um show no norte da Irlanda, escuta educadamente a seu marido até que ela espia um amigo em comum, dá uma saída de um banquete e vai embora.

Griffiths, uma figura robusta conhecida por parar apresentações quando um impertinente celular interrompe a performance, tende a fazer papéis maiores do que a vida. Produtores autônomos de filmes o amaram em “Withnail & I”. Ilustres teatros e amadores de cinema se maravilharam com seu “The History Boys”. Adolescentes o absorveram rapidamente nos filmes Harry Potter como o malvado Tio Válter trouxa.

“O trabalho é estranho”, ele diz. “Está meio que ficando mais significante e atraindo mais atenção. Não consigo dizer porque é assim. Eu sou a sensação instantânea mais velha da história”.

Griffiths está em Nova Iorque com sua mais recente exportação inglesa: a esmagadora peça de Londres e futuramente da Broadway “Equus”, que o une ao ex menino bruxo Daniel Radcliffe. Na peça de Peter Shaffer, baseada em parte numa história real, Griffiths faz um psquiatra cuja função é ajudar a tratar um problemático garoto de 17 anos que inexplicavelmente cegou seis cavalos.

“Não é um ‘quem fez’. É um ‘por que fez'”, diz Griffiths.

Escrito por Shaffer mais de 30 anos atrás, o renascimento da peça teve um esgotamente no West End de Londres no ano passado, em grande parte devido a idéia de ver Harry Potter sem roupa.

“Eu sei que muitos ingressos foram vendidos para se dar uma olhada no corpo de Daniel”, Griffiths diz. “Ele está completamente bem quanto a isso”. E, adiciona Griffiths, quem afetuosamente chama Radcliffe de “espertinho”, o jovem ator passou os últimos dois anos trabalhando em seu físico.

Críticas da performance de Griffiths foram típicas. O Independent disse que ele “comanda o palco como sempre faz”, enquando o Telegraph salientou que ele “mais uma vez revela que excelente ator é”.

Thea Sharrock, que dirige “Equus”, está animada em vê-lo tomar o desafiador papel principal. “É o personagem de Richard que matém a peça toda unida. Ele nunca sai do palco. É a história dele”, ela diz. “Por esse motivo, você vai ver mais de Richard do que jamais viu”.

Embora tenha se passado mais de um ano desde que Griffiths atuou na peça, ele diz que sua mente não esteve desocupada. Ele esteve pensando sobre ela – em seu modo particular.

“Eu tenho um processo do qual Heather tem bastante consciência – Eu o chamo de ‘cozimento’, quando eu fico bem inarticulado. Eu não consigo ler as falas e tudo o mais. Pareceria que não estou fazendo nada sobre ela. Eu posso ensaiar e absolutamente não saber as falas. Algumas vezes, as pessoas entraram em pânico, pensando, ‘Oh, estamos todos encrencados agora'”, ele diz.

“Pode parecer isso, eu livremente adimito. Mas eu estou assando essa coisa. Agora, no palco, é quando você realmente tira o embrulho e revela algo”.

Griffiths tem estado cozinhando por décadas, acumulando uma lista de créditos que inclui uma década de Royal Shakespeare Company, fazendo o marido de Elaine Stritch na comédia de TV britânica “Nobody’s Perfect”, papéis no palco em “Heroes” e “Art”, e papéis em filmes como “Gorky Park,” “Gandhi,” “Guarding Tess,” “The Naked Gun 2 1/2” e o terrorista em “Superman II.”

“Uma vidente uma vez me disse, ‘Você sempre será útil'”, ele diz. Isso atormenta inicialmente, mas Griffiths percebeu que um ator personagem se torna mais útil com a idade. “Eu sou muito confortável com minha consciência própria, muito confortável com meu conhecimento e muito confortável com o modo como minha vida vai”.

Griffiths nasceu na Stockton-on-Tees na Inglaterra, de pais ambos surdos e mudos. Sharrock diz que isso pode tê-lo ajudado a se tornar um formidável ator.

“A primeira língua que ele aprendeu foi a dos sinais. E portanto sua habilidade de ouvir as pessoas com seus olhos e ouvidos também é incrível”, diz Sharrock. “Ele tem um talente único para ouvir”.

A fama veio mais tarde, seguindo papéis como o voraz Tio Monty no “Withnail & I” de 1987 e depois com sua recentemente premiada vez como o gentilmente lascivo motoqueiro Hector em “The History Boys”, que lhe deu um Tony em 2006. Ele fez recentemente um Oficial da Order of the British Empire, ou OBE.

Estar atrasado não é nenhuma novidade para Griffiths. “Eu senti bem no começo da minha vida que eu sempre estive meio atrás e que as coisas que estavam acontecendo com os meus colegas não estavam acontecendo comigo”, ele diz. “Eu persisti e apenas continuei, na verdade. E agora estou sendo recompensado”.

Ele assitiu com leve surpresa enquanto seu co-estrela Radcliffe decolou. “Ele é o pólo oposto da minha experiência: ele tem 19 anos e é multimilionário. O que tem de indesejável nisso?”

Isso não significa que Griffith seja um feliz empreendedor de sua arte. Cuidado jovens românticos: anos de luta deixaram um gosto um tanto quanto amargo em sua boca.

“Toda hora que as pessoas me dizem, ‘Você acha que eu devia ser um ator’ eu sempre digo ‘Não’. Os biquinhos deles caem. Eu digo, ‘Olhe, se eu conseguir te convencer, acredite eu salvei você de anos de agonia porque o teatro vai te matar. É o lugar mais cruel do mundo para se estar'”.

Mas ele diz isso com um riso de Gato Risonho.