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Harry Potter, uma série viciante

Harry Potter, uma série vicianteHarry Potter, uma série viciante

Em uma pesquisa feita pelo Dr. Jeffrey Rudski e dois de seus alunos, foi constatado que pelo menos 10% do total de 4.000 entrevistados são considerados viciados, de acordo com as classificações de Rudski numa explicação de sua pesquisa:

Alguns leitores podem se tornar tão envolvidos com a série e com o mundo proveniente dela, que eles relataram comportamentos que encaixam verdadeiramente nas definições de vício ou dependência.

Rudski teve a oportunidade de escolher entre estudar as reações dos fãs de “The Sopranos” e de Harry Potter. A escolha final é óbvia e o porquê dela é relacionado a sua filha, de 15 anos, que é fã da série; de acordo com ele, viciada. Mas há males que vêm para o bem.

Ela escolheu tocar guitarra, porque ela quer tocar em uma banda de rock bruxo’, ele disse. ‘Ela está estudando Latim, porque ela quer entender melhor as escolhas de nomes que J. K. Rowling fez para seus personagens. Ela começou a ler Stephen King e John Irving, porque eles falaram com Rowling no Radio City há dois verões atrás.

Fonte: MTV Movie News.

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HARRY POTTER É VICIANTE, ESTUDO CONCLUI
Pesquisa descobre que 10% dos participantes mostraram sinais de vício,
abstinência depois de terminar “Relíquias Mortais”.

Jennifer Vineyard
22 de fevereiro de 2008
Tradução: DixieChick

Sem mais viagens a Howgarts. Acabou o chove-mas-não-molha de Rony e Hermione. Sem mais teorias sobre Snape ser bom ou mau. A magia saiu de sua vida?

Muitos fãs de Potter diriam que sim, que desde o clímax da série com a publicação de “Relíquias Mortais”, ano passado, eles têm sofrendo com a depressão pós-Potter – um grupo de pesquisadores da Pensilvânia mostra que ser um fã de Harry Potter é mais sério do que você pode imaginar. Na verdade, pode se tornar um vício.

Em um estudo recém terminado que está sendo apresentado ao Journal of General Psychology, o professor Dr. Jeffrey e dois de seus estudantes na Muhlenberg College em Allentown, Pensilvânia, relataram que eles encontraram características de vício em pelo menos 10% dos 4.000 fãs de Potter que eles entrevistaram online. Para “Harry Potter e o Fim da Linha: Paralelos com o Vício”, eles usaram escalas de desejo que foram estabelecidas para fumo, substituindo “Relíquias Mortais” por cigarro. Eles entrevistaram fãs antes do lançamento do livro, durante a finalização do livro e seis meses depois como um acompanhamento. Os 10% dos entrevistados que Rudski considera viciados descreveram gastar mais de quatro horas por dia com atividades relacionadas a Harry Potter, experimentar interferência no apetite e sono, se envolver em menos atividades físicas, ter um menor senso de bem-estar e estar mais irritável depois de completa a série.

“Alguns leitores podem se tornar tão envolvidos com a série e com o mundo proveniente dela, que eles relataram comportamentos que encaixam verdadeiramente nas definições de vício ou dependência,” a sinopse de seu projeto diz.

Há pelo menos mais dois filmes garantidos (três, se eles dividirem “Relíquias Mortais”) e um parque temático a caminho, mas para esses participantes, chegar ao fim da história alavancou uma abstinência, similar a uma abstinência após largar uma droga a qual você tenha sido ligado por anos. “Um vício é um vício,” Rusdki disse. “Um vício por uma droga não é diferente de um vício por Harry Potter, ou internet, ou pornografia. Embora não seja sempre uma coisa ruim. Há uma comunidade que você adquire com Harry Potter que você não consegue com a heroína.”

O limiar do vício é ainda mais obscuro do que o por alcoolismo – com álcool, você percebe se alguém está bebendo sozinho ou se bebe socialmente. Mas se o vício envolve uma comunidade, é mais difícil desenhar a linha entre fandom e compulsão. “Muito do vício nem é pela série,” Rudski disse. “A série acabou. O vício é por tudo que vai com isso, o mundo subordinado a ela.” Então, enquanto ele apenas caracteriza 10% dos participantes como sendo viciados, houve 20% adicionais que o deram motivo para se preocupar, chegando ao que ele chamou de “um crítico limiar.”

Isso provavelmente incluiria participantes que escreveram coisas como “eu quero que Rowling saiba que eu a odeio…porque agora eu não tenho motivo para viver”, “eu sinto como se uma pessoa próxima tivesse morrido” e “foi difícil sair da cama na segunda de manhã. Eu estava deprimido e tive pesadelos por toda a noite. Eu sonhei que estava sendo atacado por Lúcio Malfoy e Fenrir Greyback e não tinha nenhuma varinha, porque eu era trouxa.”

Rudski, que dá cursos sobre psicofarmacologia e teoria do aprendizado, originalmente queria fazer um estudo sobre vícios à cultura popular quando ele viu gente “andando por aí deslumbrada”, seguindo o veredicto de O.J. Simpson. “Eu pensei, ‘essas pessoas estão viciadas no julgamento! E agora eles estão enfrentando a abstinência,’” ele disse. “E eu pensei, se um dia eu tiver a oportunidade de observar esse fenômeno, eu irei estudá-lo”.

Foi difícil para ele ter que escolher entre estudar as reações das pessoas ao fim de “The Sopranos” e ao fim de Harry Potter, mas por fim, Rudski escolheu o garoto bruxo porque sua filha de 15 anos é uma fã – bem, ele a chama de viciada, mas diz que o vício dela tem escapes positivos. “Ela escolheu tocar guitarra, porque ela quer tocar em uma banda de rock bruxo,” ele disse. “Ela está estudando Latim, porque ela quer entender melhor as escolhas de nomes que J.K. Rowling fez para seus personagens. Ela começou a ler Stephen King e John Irving, porque eles falaram com Rowling no Radio City há dois verões atrás.” Se isso é ser um viciado, ele está bem em relação a isso.

Da mesma forma, nem todos os objetos de estudo de Rudski voltaram seus vícios a forças negativas, mas ele descobriu que aqueles que eram os mais criativos com sua fandom mostraram menos interrupção em suas vidas pessoais, sendo viciados ou não. Por exemplo, aqueles que ele chama de “core” fãs, que liam os livros e gostavam de formular teorias, tinham a maior quantia de sintomas de abstinência. Fãs da comunidade virtual, no entanto, mostraram mais um nível médio de abstinência depois de ler o último livro, mas seis meses depois, ainda noticiaram contínua interrupção (ao contrário dos core fãs, que seguiram em frente). E aqueles que transformaram Harry Potter em um escape criativo – seja através de fanfiction, fan art ou rock bruxo -, praticamente não mostraram nenhum sintoma de abstinência, embora eles tenham continuado a passar tanto tempo envolvidos nessas atividades quanto antes. O que isso nos diz? “É mais como um vício por cafeína,” Rudski disse. “A abstinência pode acabar, mas o vício ainda estará lá”.