J. K. Rowling ︎◆ Os Contos de Beedle, o Bardo

Livro de Contos: “O Poço da Sorte”

Livro de Contos: "O Poço da Sorte"Livro de Contos: "O Poço da Sorte"

A Amazon.com divulgou sua segunda resenha, dessa vez do conto chamado “O Poço da Sorte”, presente no livro “Os Contos de Beedle, o Bardo”. Confiram abaixo um trecho da tradução:

É tocante ver como Rowling continua abraçando os temas de amizade e camaradagem tão prevalentes em sua série, sem mencionar sua habilidade em criar personagens femininas, fortes e inteligentes. Nós gastamos sete livros vendo que Harry não havia problemas em precisar da ajuda e do suporte dos amigos, e a mesma noção de compartilhar a responsabilidade e a carga é forte neste conto.

Como em seus romances, Rowling dá ênfase que o poder verdadeiro está dentro de nós, não meramente em uma varinha ou em uma mente, mas no coração. Fé, confiança, e amor dão aos seus personagens a força para encontrar os desafios antes deles. Ela não a pronuncia aos seus leitores, mas a mensagem está definitivamente ali: se você se permite amar e confiar nos outros, você pode aumentar o poder que já tem. Que linda mensagem para as crianças (e adultos) aprenderem, e oh, que pacote encantador e memorável.

Para ler a tradução na íntegra, cliquem em notícia completa! O site também divulgou novas fotos, que podem ser vistas em nossa galeria através desse link. Continuem ligados, pois ainda tem mais três resenhas por vir!

Este artigo contém spoilers!
Se mesmo assim deseja lê-lo integralmente, clique no link acima.
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OS CONTOS DE BEEDLE, O BARDO
Resenha do conto “O Poço da Sorte”

J.K. Rowling ~ Amazon
14 de dezembro de 2007
Tradução: Raquel Monteiro

2. “O Poço da Sorte” [CUIDADO: CONTÉM SPOILERS]

Postado no topo do que pode ser um dos nossos contos de fadas favoritos, está à imagem de um brilhante, poço fluindo. Agora que estamos 30 páginas adentro do livro, ficou claro que Rowling gosta (e é boa nisso) de desenhar estrelas e faíscas. O começo e o fim de quase todos os contos aparecem salpicados com pó de fadas (a lá Peter Pan — fãs sabem que as fadas de Rowling são menos prováveis de deixar um bonito rastro). Essa primeira página da história também contém uma pequena rosa florindo embaixo do texto. É bastante encantadora, e como qualquer um que já tentou desenhar uma rosa sabe, não é fácil de fazer – um fato que faz menos provável que Rowling a fez para cobrir um erro (o que alguns de nós faríamos). É um magnífico jeito de começar, e ele dá ao “O Poço da Sorte” muito para cumprir. Talvez seja por isso que a história começa tão grandemente e com uma colocação de conto de fadas tão perfeitamente viçosa e misteriosa: um encantado e cercado jardim que é protegido por “magia poderosa”. Uma vez por ano, um “azarado” tem a oportunidade de achar seu caminho para o Poço, para se banhar na água, e ganhar “sorte para sempre”. Ahhhh, é o sonho de consumo dos fãs de Harry Potter. Na verdade, este conto destaca-se como um favorito em parte porque ele segue o arco de competição com que os fãs se apaixonaram por ela em seus romances — a espécie que ainda almejamos.

Sabendo que essa talvez seja a única chance de verdadeiramente mudar suas vidas, pessoas (com poderes mágicos e sem) viajam das mais distantes terras do reino para tentar ganhar uma entrada para o jardim. É aqui que três bruxas se encontram e compartilham os seus contos da aflição. A primeira é Asha, doente “de uma enfermidade que nenhum Curandeiro pode curar”, que espera que o Poço possa regenerar sua saúde. A segunda é Altheda, que foi roubada e humilhada por um mago. Ela espera que o Poço alivie as suas sensações do desamparo e a sua pobreza. A terceira bruxa, Amata, foi deixada por seu amado, e espera que o Poço ajude a curar a sua “dor e o desejo”. Em apenas algumas páginas, Rowling não apenas criou um terrível drama de conto de fadas, mas um conflito interessante — jovens e velhos leitores podem relacionar-se a pelo menos uma das aflições de Asha, Altheda, e Amata (e podemos falar do quão incríveis esses nomes são?), então como você pode escolher qual delas deve vencer? As bruxas (muito parecidas com as personagens da nossa série favorita) decidem que três cabeças são melhores do que uma, e elas juntam os seus esforços para alcançarem o Poço em conjunto. A primeira luz, uma fenda na parede aparece e “Rastejadores” as alcançam e se põem em volta de Asha, a primeira bruxa. Ela agarra Althaeda, que pega Amata. Mas Amata é entrelaçada na armadura de um cavaleiro, e como as videiras puxam Asha para dentro, as três bruxas, junto com o cavaleiro, são puxadas pela parede e para dentro do jardim.

A partir de que só uma delas poderá se banhar no Poço, as duas primeiras bruxas estão bravas que Amata inadvertidamente convidou outro competidor. Porque ele não tem poderes mágicos, reconhece as mulheres como bruxas, e é bem ajustado ao seu nome, “Senhor Sem Sorte”, o cavaleiro anuncia a sua intenção de abandonar a competição. Amata prontamente ralha com ele por desistir e pede para juntar-se ao seu grupo. É tocante ver como Rowling continua abraçando os temas de amizade e camaradagem tão prevalentes em sua série, sem mencionar sua habilidade em criar personagens femininas, fortes e inteligentes. Nós gastamos sete livros vendo Harry que não havia problemas em precisar da ajuda e do suporte dos amigos, e a mesma noção de compartilhar a responsabilidade e a carga é forte neste conto.

Em sua jornada para o Poço, o grupo variado enfrenta três desafios. Nós estamos num território de contos familiares aqui, mas é a forte e simples imagem (“um verme branco monstruoso, inchado e cego”), e o modo que os personagens colaboram para triunfar sobre a adversidade, que faz esta história uma leitura rica, e puramente Rowling. Primeiro, eles enfrentam o verme que exige ‘a prova da sua dor’. Após várias tentativas fracassadas de atacá-lo com mágica e outras coisas, as lágrimas de frustração de Asha saciam o verme, que os deixam passar. Depois, eles enfrentam uma encosta íngreme e são pedidos para pagar “o fruto dos seus trabalhos”. Eles tentam e tentam fazê-lo morro acima, mas passam horas escalando em vão. Finalmente, o esforço conquistado por Altheda quando ela torce por seus amigos (especificamente o suor da sua testa) passa-os para além do desafio. Finalmente, eles enfrentam uma correnteza em seu caminho e são pedidos para pagar “o tesouro do seu passado”. As tentativas de flutuar ou pular através falham, até que Amata pensa em usar a sua varinha para retirar as memórias do amante que a abandonou, e jogá-las na água (olá, Penseira!). Pedras para passarem aparecem na água, e os quatro podem atravessar para o Poço, onde eles devem decidir quem toma o banho.

[Alerta de Spoiler!]

Asha tem um colapso de exaustão e está próxima da morte. Ela tem tanta dor que não consegue ir até o Poço, e ela implora a seus três amigos para não moverem-na. Althaeda rapidamente mistura uma poção para tentar revivê-la, e a mistura de fato cura a sua enfermidade, portanto ela não mais precisa das águas do Poço. (Alguns de vocês vêem onde isto está indo, mas fiquem ligados — Rowling tem mais surpresas guardadas). Curando Asha, Althaeda percebe que ela tem o poder de curar os outros e um modo de ganhar dinheiro. Ela não mais precisa das águas do Poço para curar sua “impotência e pobreza”. A terceira bruxa, Amata, percebe que uma vez que ela tirou o seu desgosto pelo seu amante, ela foi capaz de vê-lo pelo o que ele realmente foi (“cruel e infiel”), e ela não precisa mais do Poço. Ela se vira para o Sr. Sem Sorte e oferece a ele sua vez no Poço como uma recompensa por sua bravura. O cavaleiro, assombrado com sua sorte, banha-se no Poço e arremessa-se “na sua armadura enferrujada” (isso é o genial de Rowling — a adição de uma palavra nos dá a hilária imagem do cavaleiro banhando-se com a armadura completa no Poço) aos pés de Amata e implora por sua “mão e seu coração”. Cada bruxa realiza os seus sonhos de uma cura, um malfadado cavaleiro ganha conhecimento de sua coragem, e Amata, a bruxa que teve fé nele, percebe que ela encontrou “um homem digno dela”. Um grande “feliz para sempre” para os nossos quatro alegres, que partem de “braços dados” (é particularmente legal como é escrito a mão, com os hífens parecendo braços dados). Mas a história não seria da Rowling se não houvesse um chute no fim: aprendemos que os quatro amigos vivem muito tempo, nunca percebendo que as águas do Poço “não contém nenhum encantamento”. Melhor. Fim. Existente.

Como em seus romances, Rowling dá ênfase que o poder verdadeiro está dentro de nós, não meramente em uma varinha ou em uma mente, mas no coração. Fé, confiança, e amor dão aos seus personagens a força para encontrar os desafios antes deles. Ela não pronuncia aos seus leitores, mas a mensagem está definitivamente ali: se você se permite amar e confiar nos outros, você pode aumentar o poder que já tem. Que linda mensagem para as crianças (e adultos) aprenderem, e oh, que pacote encantador e memorável.

Significado dos nomes deste conto:
Asha, do hindi “esperança”.
Altheda, do inglês “Curandeira”.
Amata, do latim “amada”.