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Rowling fala sobre RdM a jornal holandês

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A edição holandesa do livro Harry Potter e as Relíquias da Morte foi lançada no dia 17 desse mês, e aproveitando a oportunidade, a autora J. K. Rowling concedeu uma entrevista ao jornal The Volkskrant!

Portanto, continuando as novidades e curiosidades sobre a série Harry Potter, nós estamos trazendo mais essa longa entrevista completamente traduzida para vocês!  

Dentre muitos assuntos que são abordados, Jo fala um pouco mais sobre os seus dois próximos livros – um adulto e outro infantil -, dá a sua opinião sobre a família Weasley e também aborda, numa conversa bastante profunda, os pontos cruciais e os temas religiosos que podem ser encontrados no último livro.

E tem alguma mãe que lembra você? Você não parece o tipo Molly Weasley.
Bem, um pouquinho, assim eu espero. Alguns anos atrás alguém escreveu: ela descreve a Molly Weasley como uma mãe que fica apenas em casa cuidando das crianças. Eu fiquei profundamente ofendida, porque até um ano antes eu também era o tipo de mãe que estava em casa o tempo todo cuidando de sua filha do mundo externo. O que pode ser mais difícil do que educar uma criança? E o que pode ser mais importante? Molly tem sete! Eu acho que Molly é uma mulher fantástica.

Este artigo contém spoilers!
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J. K. ROWLING
Parte da raiva de Harry agora é minha. Sete livros, sete perguntas.

The Volkskrant
18 de novembro de 2007
Tradução do holandês: Fee
Tradução do inglês: Virág Venekey

Quem você preferiria ter como filho, Harry ou Rony?
Quero ficar com ambos. Eu adoro Rony. Rony é o mais imaturo dos três personagens, mas na sétima parte ele amadurece. Ele nunca foi muito seguro, as pessoas o vêem principalmente como o amigo de Harry; a mãe dele queria ter uma menina e, no último livro ele finalmente enfrenta suas fraquezas. Mas são exatamente esses fatos que fazem do Rony um homem. Os outros também têm momentos importantes quando realmente crescem. Harry quando reage tão firmemente contra seu ex-professor Lupin quando ele decide abandonar sua família. Hermione quando ela é forçada a escolher entre Harry e Rony. Hermione nunca se perde das obrigações; ela sempre se mantêm focada no trabalho que tem que ser feito.

Todos os Weasley tem cabelo ruivo, exatamento como você em fotos antigas. Porque você mudou para loiro?
Eu adoro cabelo ruivo. Mas meu cabelo não é naturalmente ruivo. Eu não tenho muita certeza qual é a cor original do meu cabelo. É algo meio indeciso, muito chato e totalmente desinteressante.

Você acha os livros muito melhores que os filmes?
Eu acho que quando você trabalha naquele meio visual, algumas nuances se perdem. Não tem como fazer diferente. E os personagens parecem melhores no filme, o que eu jamais poderia imaginar, sem exceções. O último filme é o meu favorito. Porque os produtores realmente conseguiram captar o lado sombrio do livro.

Com quem você se parece?
Quando eu era jovem parecia com a Hermione, embora ela tenha também alguma características da minha irmã. Mas eu também consigo reconhecer muitas coisas do Harry em mim. Parte da raiva de Harry é meu, assim como sua frustração. Ele tem muito disso no quinto livro. O livro mais sombrio da série, onde ele perdeu tudo e ninguém acredita nele. Depois do meu primeiro casamento, eu também enfrentei um período assim, quando eu tinha a sensação de que estava tudo indo mau, quando eu tinha raiva de todos, me sentia fraca e não podia aceitar que não controlava os fatos. Mas isso também me deu força para lutar.

E tem alguma mãe que lembra você? Você não parece o tipo Molly Weasley.
Bem, um pouquinho, assim eu espero. Alguns anos atrás alguém escreveu: ela descreve a Molly Weasley como uma mãe que fica apenas em casa cuidando das crianças. Eu fiquei profundamente ofendida, porque até um ano antes eu também era o tipo de mãe que estava em casa o tempo todo cuidando de sua filha do mundo externo. O que pode ser mais difícil do que educar uma criança? E o que pode ser mais importante? Molly tem sete! Eu acho que Molly é uma mulher fantástica.

Ela comete um assasinato.
Sim, no sétimo livro ela mata Belatriz – ela é a única mulher no lado do bem que mata alguém. Eu vi Molly e Belatriz em lados opostos por um longo tempo; duas personagens completamente diferentes; que mostram, cada uma, um lado muito feminino do amor. O amor puro e protetor de Molly, e o amor perverso e obsessivo de Belatriz. Aqueles dois tipos de ernegia feminina uma contra a outra. Aquilo foi muito satisfatório de escrever.

Porque o Quadribol é tão divertido?
Porque é um esporte realmente feminino. Quatro bolas! Elas tem que procurar 6 aros diferentes. É multifuncional; coisas em que mulheres são boas. Elas sabem que existe mais de um objetivo na vida.

Ela não a teve de fato na sua educação, mas J. K. Rowling (42) é religiosa. Isso não apenas a levou aceitar a mortalidade, mas também gerou sete grandes best-sellers. A tradução do último; “Harry Potter e as Relíquias da Morte”, estará nas lojas a partir da noite de hoje. Na livraria britânica “Waterstone” estão folhetos desesperados com o texto “O que ler depois de Harry Potter?”. Mas Joanne Rowling está muito longe do desespero. Com o seu cabelo no novo estilo loiro branco, e vestida com uma jeans e jaqueta de couro preta, ela se serve de café em um quarto de hotel da sua cidade natal Edimburgo.

“Todos os dias me sinto aliviada em ter terminado. O que vem depois disso eu não sei exatamente. Eu estou trabalhando em um novo livro infantil e em um livro para adultos. Um deles vai chegar em algum lugar; foi assim que comecei também com Harry. Mas no momento estou aproveitando tempo livre, e minha família”.

Aqui no hotel um homem acabou de passar vestindo um kilt. Seu marido também usa essas coisas?
Sim, ele têm alguns kilts. E ele os veste algumas vezes, em ocasiões especiais.

E ele não usa nada embaixo?
Nada mesmo. É por isso que kilts são tão engraçados.

Eu trouxe dois presentes para você. Um deles é da Ien van Laanen, que faz a arte da capa dos seus livros na Holanda; ela está mandando para você as originais.
Muito legal! As edições holandesas são as minhas favoritas, juntamente com as americanas.

O segundo é do seu editor holandês, Jaco Groot.
Jaco me manda frequentemente coisas interessantes, ele… ah, uma pedra! Mais um muito especial.

Você foi entrevistada por apenas um jornalista holandês nos últimos dez anos. Na Inglaterra você também deu poucas entrevistas. Você odeias entrevistas?
Não. De forma alguma. A razão pelo qual eu dou poucas entrevistas é que eu tenho pouco a dizer.

Alguma vez você já quis ser jornalista? Você sempre gostou de escrever?
Eu pensei nisso. Mas eu acho que tive bom senso o suficiente para perceber que não tinha o temperamento correto. Temperamento? Sim, acho que é isso. Você está sempre correndo contra o tempo, você tem que produzir. Com a escrita, o que importa é tempo e solidão. Jornalistas são tipos bem mais agradáveis do que escritoras. Vários dos meus melhores amigos são jornalistas.

Nos seus livros elas não são tão legais. Rita Skeeter é especialmente chata.
Meus amigos são normais. Um dos meus ex-namorados é um jornalista de música. Os outros também escrevem sobre assuntos sérios. Rita Skeeter é um produto legítimamente britânico. Nós estamos cheios desses tipos aqui. Eles escrevem um monte de mentiras sobre mim.

No primeiro livro da série Dumbledore destrói a pedra filosofal, a pedra mística que dá ao seu possuidor vida eterna. No livro final, Harry faz algo similar com a pedra da ressureição, uma pedra que traz de volta da morte. Ele joga-o na floresta.
Eu usei o simbolismo para mostrar que Dumbledore aceita a sua mortalidade. Quando ele percebe que essa mortalidade é que dá significado à vida, ele não está mais interessado na pedra filosofal. Harry vai mais longe ainda. Ele rejeita não apenas um, mas duas de suas armas mais potentes. Entre as três relíquias que ele consegue no sétimo livro; ele fica apenas com a capa de invisibilidade. Isto revela muito sobre ele, como Dumbledore fala para Harry: a magia real da capa não é que ele protege o seu dono, mas também outras pessoas. Harry não quer a Varinha das Varinhas, ele nunca quis poder. E ele joga fora a Pedra da Ressureição; assim como Dumbledore, Harry fez as pazes com a morte.

E você? Você vê a morte como o fim de tudo?
Não. Eu levo uma vida intensamente espiritual e mesmo que não tenha uma idéia muito clara e estruturada sobre ela, eu acredito que uma parte sua permanece viva de uma forma ou outra. Eu acredito em algo como a alma indestrutível. Mas para esse assunto nós teríamos que reservar umas seis horas: é algo sobre o qual eu teorizo bastante.

No final do livro sete, Harry tem uma longa conversa com Dumbledore. Ele está de fato morto, mas parece melhor e mais feliz do que em vida, num lugar bonito e luminoso que para Harry lembra a estação King’s Cross.
Você pode interpretar essa conversa de duas formas. Ou Harry está inconsciente e tudo que Dumbledore fala ele já sabe lá no fundo. Naquele estado de inconsciência, a mente dele vai mais além. Naquela situação Dumbledore é a personificação da sabedoria; ele vê Dumbledore dentro da sua cabeça e chega as conclusões certas. Ou então Harry está num lugar entre a vida e a morte. Daquele lugar Dumbledore e Harry tomariam caminhos opostos. Harry também vê o que vêm de Voldemort. Ele não sabe exatamente o que é aquilo que está no chão agonizando, mas não quer tocar; ele sente que é uma criatura profundamente má e perversa. É o único momento em que Harry, o herói do vulnerável, está na presença de alguém que está machucado e não ajuda.

Durante a sua procura Rony, Hermione e Harry falam de Dumbledore como se escutassem Deus. Eles acham que tem um grande plano por trás das ações e palavras dele; eles ficam desiludidos quando isso não se torna verdade.
Ele é um personagem complexo. Eu não vejo ele como um Deus. Eu queria que o leitor questionasse a parte de Dumbledore durante toda a história. Nós todos acreditávamos que ele era a figura de um pai amoroso. E de certa forma ele é. Mas ao mesmo tempo, ele é alguém que trata pessoas como fantoches; alguém que carrega um segredo obscuro do seu passado e alguém que nunca contou a Harry toda a verdade. Eu espero que o leitor vai gostar dele novamente no final. Mas que gostem dele do jeito que ele é, incluindo suas falhas. Dumbledore é divino? Não. Embora ele tenha algumas qualidades divinas. Ele é misericordioso e além disso justo.

Mas Harry é um tipo de Jesus. Ele precisa morrer para arrancar a humanidade do mau. Você fez dele um messias.
Sim, ele tem alguns traços de messias. Eu fiz assim de propósito. Ele é um entre um milhão… e eu falo “um homem” porque com as mulheres é diferente em relação a quem fica contra o poder e quem derruba o controle do poder. Isso faz dele o mais sábio entre todos.

Como ele pode ser assim?
Ele é o herói. Harry é apenas bom. Dumbledore fala isso para ele: “Você é um homem melhor do que eu”. Ele permanece um grande homem mesmo ficando mais velho. Porque ele aprendeu a ser humilde.

Você foi criada de forma religiosa?
Eu cresci oficialmente na Igreja da Inglaterra, mas na verdade eu era estranha na minha família. Nós não falavámos de religião em casa. Meu pai não acreditava em nada, e minha irmã também não. Minha mãe visitava a igreja ocasionalmente, mas isso era principalmente durante o Natal. E eu era muito curiosa. A partir dos 13, 14 anos, eu ia à igreja sozinha. Eu achava muito interessante o que era dito lá e acreditava naquilo. Quando eu fui para a universidade, fiquei mais crítica. Eu fiquei mais desconfiada da simplicidade das pessoas religiosas e ia cada vez menos à igreja. Agora estou no ponto onde comecei: sim, eu acredito. E sim, eu vou à igreja. Uma igreja protestante aqui em Edimburgo. Meu marido também cresceu protestante, mas ele vem de um grupo escocês muito rígido. De um que não podem cantar ou conversar.

O fato de você ir à igreja tornam mais bizarras ainda as duras críticas feitas pelos fanáticos religiosos.
Nos últimos dez anos sempre tiveram fundamentalistas que tem problemas com meus livros. O fato de que eles contêm magia e bruxaria já é suficiente, eles desprezam-nos. Eu não quero nada com fundamentalismo, de qualquer tipo; isso me assusta. Os fundamentalistas cristãs são muito ativos nos Estados Unidos. Uma vez eu estive cara-a-cara com uma pessoa assim. Eu estava numa loja de brinquedos com meus filhos e fui reconhecida por uma garota que ficou muito animada. O próximo acontecimento foi que um homem veio até mim e disse “Você não é aquela mulher do Potter?” Depois ele aproximou o seu rosto até mim e disse de forma muito agressiva: “Eu rezo por você todos os dias.” Eu deveria ter dito que era melhor ele rezar por ele mesmo, mas fiquei aturdida. Foi muito assustador.

Seus livros são sobre a batalha entre o bem e o mal. Harry é bom. Mas Voldemort é a maldade pura? Ele também é vítima.
Ele de fato é vítima. Ele é uma vítima, e fez as suas escolhas. Ele foi concebido forçadamente e sob a influência de uma paixão doentia, enquanto que Harry foi concebido com amor; eu acho que as condições sob as quais você nasceu formam um importante fundamento da sua existência. Mas Voldemort escolheu o mau. Eu tentei indicar isso nos livros; eu dei escolhas para ele.

Isso é tratado constantemente: fazer as coisas aos quais eles estão destinados, ou seguir suas próprias escolhas?
Eu acredito em livre arbítrio. Ou das pessoas que como nós estão em situação privilegiada. Para você, para mim; pessoas que vivem na sociedade ocidental, pessoas que não são reprimidas, que são livres. Nós podemos escolher. Os fatos acontecem, na maioria das vezes, do jeito que você quer. Você controla a sua própria vida. O seu livre arbítrio é extremamente poderoso. O jeito como escrevo sobre a professora Trelawney, a professora particularmente inadequada de adivinhação, conta muito sobre o que eu acho sobre destino. Eu fiz muita pesquisa sobre astrologia para compor a personagem dela. Eu achei tudo muito surpreendente, mas não acredito nisso.

Você trabalhou para a Anistia por algum tempo. Isso influenciou as suas idéias sobre o bem e o mal?
Na verdade é mais o contrário. Eu tinha opiniões sobre aquilo e por isso fui trabalhar para a Anistia. Eu fui assistente de pesquisa e trabalhei principalmente pela África. Até que fui burra o suficiente de deixar meu trabalho por um namorado. Voldemort é, claro, um tipo de Hitler. Se você ler livros sobre tipos megalomaníacos como Hitler e Stalin, é interessante descobrir como essas pessoas são supersticiosas com todo o poder que eles têm. É parte de suas paranóias, o desejo de tornar a si próprios maiores do que realmente são; eles adoram falar sobre destino e sorte. Eu queria que Voldemort também tivesse todos esses traços paranóicos. Mas o fato da profecia do quinto livro se tornar realidade no final é porque Voldemort e Harry escolheram isso. Não porque era destinado ser assim. A idéia Macbeth: as bruxas contam a Macbeth o que vai acontecer e ele faz acontecer.

Quando você decidiu fazer um paralelo com os nazistas? Com Voldemort, que defende a idéia do “puro sangue”, e com Draco Malfoy como um soldado jovem?
Eu pensei nisso imediatamente. Não sei como. Eu acho que a Segunda Guerra Mundial está ancorado na mente de todos, certo? Draco Malfoy parece realmente aquele tipo de garoto. Ele não teria matado Dumbledore, ele não poderia. Enquanto os fatos são imaginários, está tudo certo, mas uma vez que se tornam reais fica mais difícil. Não, o fato de eu ter dado cabelo loiro brilhante não foi porque queria fazer dele um nazista assustador. Você dá aos seus personagens a aparência que você acha atraente; por isso dei cabelos escuros para o herói, olhos verdes e oculos. Eu me casei com um homem que se parece assim.

O Harry do filme, Daniel Radcliffe, tem olhos azuis.
Eles poderiam ter dado lentes de contato verdes para ele, o que é muito desconfortável para um menino, mudar seus olhos digitalmente ou deixar ele do jeito que é. Eu me sinto agradecida por terem escolhido a última opção.

Nos seus livros, você descreve uma família perfeita, nominalmente a família Weasley. Se parece com a família na qual você cresceu?
Não, não. Não foi de forma alguma daquele jeito. Eu acho que busquei isso a minha vida toda, sempre quis uma família daquele jeito. Agora finalmente tenho uma, contudo com menos crianças. Eu acho a dinâmica de uma família grande muito especial; eu adorei os livros sobre os Kennedy e as dinastias similares. Eu sei que na realidade é bem menos romântico do que você pensou. Um dos meus amigos é o mais velho de doze crianças.

Sua mãe morreu aos 45 anos. Seu pai ainda está vivo; você o vê com frequência?
Não, não o vejo tantas vezes. Eu vejo muito mais vezes a minha irmã, mesmo sabendo que ela ainda está brava comigo por ter matado o Dobby. Ela sempre me disse que nunca iria me perdoar se eu matasse o Dobby ou o Hagrid. Mas Hagrid nunca correu nenhum perigo. Eu sabia desde o início que ele iria sobreviver. Porque eu sempre tive aquela imagem na minha cabeça do enorme gigante Hagrid caminhando através da floresta chorando com o Harry em seus braços. O pai de Rony de fato iria morrer no quinto livro. Eu não fiz porque achei que Arthur Weasley foi a maior figura paterna dos livros. Não poderia deixar Arthur morrer, simplesmente não pude fazer isso. Ele é o pai que todo mundo queria ter. Sim, eu também.

Todos os pais nos livros ainda estão juntos. Você chegou a pensar em escrever sobre uma mãe solteira? Você estava sozinha quando começou Harry Potter.
Eu planejei os pais de Hermione como divorciados. Mas pareceu tão estranho, não pertencia à história. Era uma sub-trama que não chegaria a lugar algum. Dino Thomas veio de um lar separado em todo caso. Mas eu fiz muitos cortes na linha de história dele. Eu criei este mundo enorme, para cada personagem eu criei um passado; mas eu não pude usar tudo. Até eu tive que fazer escolhas. E no final das contas é um mundo infantil.