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JK Rowling vence “Entertainer of the Year” de 2007!

JK Rowling vence "Entertainer of the Year" de 2007!JK Rowling vence "Entertainer of the Year" de 2007!

Conforme nós noticiamos, a autora JK Rowling estava concorrendo ao prêmio de “Entertainer of the Year” da revista Entertainment Weekly, ao lado do trio composto por Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint, e de várias outras celebridades conhecidas mundialmente.
A votação terminou e, saciando os desejos dos fãs, Jo venceu todos os outros indicados! A edição mais recente da revista traz a autora na capa e um desenho muito bonito, que vocês podem ver aqui.

Além disso, na revista também há uma interessante matéria dedicada exclusivamente à história de Jo, que cita todos os seus grandes feitos, as suas possíveis influências e explica um pouco sobre o seu estilo de escrita.

Claro, os livros são uma obra de arte, correram os murmúrios, mas não é essa mulher uma mera adepta de trombadinhas, alguém que sintetizou um pouco de Tolkien e uns traços de C.S. Lewis e algo de Lloyd Alexander e histórias de uma rica escola interna britânica em um comerciável, mas derivado, novo pacote?

Não. Como acabou acontecendo, os livros Harry Potter são muito mais ricos em sua progressão de luz para trevas, de infância para vida adulta, da simplicidade de livros em capítulos para a importância e varredura de romances épicos, e suas constantes, de livro-para-livro, re-calibrações do que seus leitores estavam preparados para absorver, eles provaram ser diferentes de qualquer coisa em um século de literatura infantil.

Leiam a matéria na íntegra clicando em notícia completa!

J. K. ROWLING
Entertainer of the Year 2007 da Entertainment Weekly: J.K. Rowling

Entertainment Weekly ~ Mark Harris
24 de novembro de 2007
Tradução: Renata Grando

Seria tão fácil explicar porque JK Rowling é a Entertainer of the Year 2007 com números, não palavras. Os números, afinal, são tão divertidos de contar e pesquisar: $ 15 bilhões (o estimado rendimento total gerado pela indústria Harry Potter); quase 400 milhões (o número de livros Potter vendidos pelo mundo); $4,49 bilhões (o total bruto rendido pelos cinco filmes Harry Potter pelo mundo, permitindo que a série passasse por Star Wars e pelos filmes James Bond esse verão para se tornar a mais lucrativa franquia de filmes na história). E não vamos nos esquecer: 1, 2, 3, e 4: os lugares que Rowling detém na lista dos mais rápidos livros vendidos na não-tão-longa história da medição de livros rapidamente vendidos.

Mas Rowling nunca dependeu de matemática para acionar o motor da narrativa de 4100 páginas que ela trouxe até a linha de chegada esse ano. Então nós suspeitamos que ela dispensaria a tola contagem: trouxa em vez de mágica. E embora nós agora saibamos que ela seja fã de levantadores, até mesmo sentimentais finais (contanto que a felicidade seja qualificada pela memória do sofrimento e o sentimentalismo seja honestamente conquistado), nesse ponto até mesmo ela pode achar sua própria biografia um pouco felizes-para-sempre demais; você sabe, aquela que começa no início de 1990 com uma jovem mãe solteira trabalhando em um manuscrito em um café escocês, se perguntando se ela poderia transformar sua idéia em algo.

Então nós vamos manter a coisa simples: JK Rowling é nossa Entertainer of the Year porque ela fez algo muito, muito difícil, e ela o fez muito, muito bem, assim agradando muito, muito, milhões de crianças e adultos. Em uma era de videogames, “ambientes” onlines de múltiplos jogadores, e mobisodes, minisodes e webisodes, ela fez as pessoas se reunirem ao redor de seus grandes, gordos, impressos-no-papel livros como se eles fossem os mais quentes novos meios de entretenimento do planeta. Vamos também dar a ela o crédito de mais uma coisa.

O que ela passou os últimos 17 anos criando acabou sendo completamente original. Muitos anos atrás, quando a série de Rowling começou a ficar popular o suficiente para atrair a atenção dos tipos de críticos que geralmente não lutam contra a ficção popular, ela foi praticamente sufocada em honras que se desenvolveram em discretos encorajamentos conforme o tempo passou. Claro, os livros são uma obra de arte, correram os murmúrios, mas não é essa mulher uma mera adepta de trombadinhas, alguém que sintetizou um pouco de Tolkien e uns traços de C.S. Lewis e algo de Lloyd Alexander e histórias de uma rica escola interna britânica em um comerciável, mas derivado, novo pacote?

Não. Como acabou acontecendo, os livros Harry Potter são muito mais ricos em sua progressão de luz para trevas, de infância para vida adulta, da simplicidade de livros em capítulos para a importância e varredura de romances épicos, e suas constantes, de livro-para-livro, re-calibrações do que seus leitores estavam preparados para absorver, eles provaram ser diferentes de qualquer coisa em um século de literatura infantil. Pode haver alguma dúvida de que Rowling falou sério sobre cada palavra quando disse, há algum tempo, que planejava cada aspecto da história “tão cuidadosamente que às vezes eu sinto como se meu cérebro fosse explodir”? O planejamento claramente foi pago, não apenas no crescimento dos livros em um fenômeno cultural internacional, mas nas diversas declarações que receberam a publicação em Julho do volume 7, Harry Potter e as Relíquias da Morte, de que Rowling criou algo eterno, um conto que crianças vão ler daqui a 25 e 50 anos.

Eternidade é bom, até onde vai (embora seja uma terrivelmente difícil afirmação de se provar antes que qualquer tempo tenha passado). Mas como um elogio, falha em dar a Rowling sua dívida por algo também tão enganador: eternidade. Os mais duráveis trabalhos de fantasia ficcional sempre começaram sendo firmemente enraizados em seus próprios momentos, não por procurar por imortalidade. Um século atrás, quando L. Frank Baum estava escrevendo seus livros sobre Dorothy Gale e as terras de Oz, o contraste entre o mundo de vento, sem acontecimentos e monocromático de uma fazenda no meio da América e o exotismo e magia e horror e perigo das cidades que pareciam impossivelmente distantes não requeriam uma grande imaginação dos leitores; eles estavam vivendo isso. O Senhor dos Anéis, de JRR Tolkien, e As Crônicas de Nárnia, de C.S. Lewis, foram ambos forjados no fogo da Segunda Guerra Mundial: a noção de que o destino do mundo estava preso a uma batalha épica entre o bem e o mal, e a explícita conexão entre maldade e desordenado desejo por poder estava viva nos jornais e era a história que eles contavam. E a primeira trilogia Star Wars de George Lucas se encaixava tão claramente com a retórica que marcou o final dos anos da guerra fria que políticos de toda classe continuaram a se apropriar disso. Não apenas Hillary Clinton se referiu a Dick Cheney como Darth Vader, mas o presidente Bush sugeriu que o vice-presidente não precisa nem mesmo de uma fantasia para sua imitação.

Para ver o quão apto a nossa era um produto Harry Potter está, você tem que pegar um pouco a série separada, antes de colocá-la junta de novo. Agora que as tão esperadas últimas palavras (“Tudo estava bem”) são oficiais, a saga de Harry parece uma história de sete-volumes (especialmente desde que foi re-embalado em um gigante falso-baú-Hogwarts caixa de cartões; procure por um repentino aumento em dores nas costas de pais perto dos tempos de Natal). Mas os livros Potter na verdade são lidos em duas distintas trilogias – a primeira, leve em espírito, e direcionada principalmente para crianças, e a segunda, muito mais longa e sombria feita para uma audiência de fantasia geral que incluí ambos adultos e crianças e demanda uma maior atenção e mais disposição em lutar o tipo de terror que não pode ser acabado com feitiços e encantamentos. O livro 4, Harry Potter e o Cálice de Fogo, é o tendão que conecta o primeiro trio de livros ao segundo; é o que começa com uma longa viagem à Copa Mundial De Quadribol que se torna um pesadelo, e concluí com um capítulo chamado “O Começo”, um sinal que permite aos leitores saberem que eles estão prestes a serem levados a um lugar mais duro, amargo e assustador.

Os primeiros quatro volumes de Harry Potter chegaram às livrarias dos Estados Unidos em um precipitado espaço entre setembro de 1998 e julho de 2000. E então, após “O Começo”, veio uma espera que testou legiões de fiéis leitores: três anos. Rowling manteve a maioria dos detalhes do processo de sua trama em sua própria câmara secreta, desvelando ocasionalmente alguma decisão sua em seu website ou durante uma entrevista ou aparição pública, mas raramente sendo específica. Como uma maravilhosa contadora de histórias, ela sabe o valor de deixar certas coisas não contadas. Então a não ser que ela decida derrubar os feijõezinho de todos os sabores por conta própria, tudo que podemos fazer é adivinhar o que aconteceu. Três anos cortados pelo 11/9, três anos durante os quais Rowling se casou novamente e teve um verdadeiro, não-ficcional filho, três anos gastos trabalhando em um episódio de sua saga por tanto tempo que ela admitiu que consumiu toda sua energia.

O resultado foi um livro que conduziu os leitores, mesmo os mais novos, a um mundo de fantasia mais triste e sombrio que combina com o mundo real no qual eles estavam então já vivendo. Os últimos três livros são mais sangrentos, mais violentos e mais explícitos em seus paralelos e reflexos com a cena Bush-Blair (o livro seis até começa com o primeiro-ministro trouxa pensando enquanto a Inglaterra dorme), e mais intensos em sua descrição dos custos de uma guerra. Considerando o conhecido progressivismo de Rowling (do qual a saída de Dumbledore é somente a manifestação mais recente), essa mudança em ênfases não pode ter sido um acidente. Enquanto comentaristas culturais de todas as variedades estavam ocupados discutindo sobre a definição de “romances pós 11/9”, Rowling estava colocando-os bem debaixo de nossos narizes. Seis anos depois, a primeira geração de crianças a crescer com o 11/9 sendo apenas mais um confuso fato da vida estão agora entrando no ensino médio. Não é um exagero dizer que as idéias deles sobre guerra, sobre liderança, sobre perigos da consolidação de poder e de ditaduras, sobre a importância de discordar, sobre heroísmo e sacrifício, foram formadas pelo menos em parte por Rowling. Isso sem mencionar o conceito de liberdade de discurso. Quando seus livros fazem suas aparições anuais na lista dos mais freqüentes livros banidos nos Estados Unidos, ela considera isso uma grande honra e diz para as crianças visitarem seu website do credo de Ralph Waldo Emerson “Todo livro queimado ilumina o mundo”.

Nada disso seria um elogio tão grande se os livros também não fossem tão divertidos. A escrita de Rowling é diferenciada por sua grande e sustentada generosidade – com seus leitores e seus personagens – e os livros que ela ficou tanto tempo criando são interessantes o suficiente para satisfazerem qualquer um que os lê querendo fugir das preocupações do dia-a-dia do mundo, mesmo que o que pareça uma chance de desaparatar acabe nos levando a um universo muito parecido com o que estamos vivendo. Por mais estranho que pareça, Rowling é realista. Mesmo quando os encantamentos estão voando (para não mencionar as pessoas), ela se mantém focado na parte humana do que está escrevendo: o custo do orgulho, teimosia e vaidade, o preço de se viver com medo, a dor da perda, a busca pelo lar, a dor em se guardar um segredo por uma vida inteira, a necessidade de ser amado, o desafio em descobrir quem você realmente é. Talvez eternidade não seja uma palavra ruim no final das contas.

Nós seríamos negligentes se não déssemos crédito aos participantes que auxiliaram esse ano Potter: notável mestre da versão áudio do livro, Jim Dale, o único homem no mundo cuja declaração de ter lido cada palavra de todos os sete livros é realmente provável; o produtor David Heyman, que conseguiu o raro feito de fazer uma série de filmes que têm melhorado com o tempo (diretor David Yates e a destilação do escritor de cena Michael Goldenberg do colossal Harry Potter e a Ordem da fênix esse ano foram particularmente hábeis); e Daniel Radcliffe, que acabou sendo uma personificação de Harry digna de crédito como qualquer um poderia desejar. Mas nós temos certeza que elas admitiriam que devem tudo isso a Jo Rowling. “J.K.”, falando nisso, é o que resultou do medo de sua editora britânica de que meninos pudessem não querer ler um livro de aventura escrito por uma mulher, uma idéia que verdadeiramente parece pertencer a um século anterior.

E agora, talvez nós a deixemos em paz por um tempo. Rowling disse que está trabalhando em algumas novas idéias – uma para crianças, a outra não. “A idéia de apenas pensar em um café com um caderno e escrever e ver onde isso me leva por um tempo é simplesmente feliz”, ela disse em Julho. Então se você por acaso estiver andando por um café na Escócia um dia desses e vir uma mulher loira de 42 anos com uma caneta, um bloco de papel, e uma expressão de intensa concentração, faça-a um favor e não a interrompa. Ela sabe o que está fazendo. Tudo está bem.