Livros

Relembrando o início e novo quiz

Com o final da série se aproximando, é ainda mais comum o número de artigos relembrando o início de tudo, há 10 anos, quando Harry Potter e a Pedra Filosofal virou best-seller. É nesse contexto que se enquadra o artigo abaixo, escrito por Daniel Hood. Veja um trecho a seguir.

No fim das contas, não importa qual é o seu livro favorito. O poder real – e mágico – de Harry Potter é o fato de ter criado uma geração de leitores, de crianças tão encantados com o bruxinho, que eles não vão se esquivar de outros livros, esperando encontrar algo que vai levá-los de volta à esta sensação novamente.

Para ler o artigo integralmente, clique aqui.

Além disso, o mesmo site que publicou o artigo está realizando um quiz sobre a série, que pode ser acessado aqui. As perguntas se dividem entre três níveis: para aqueles que viram os filmes, para aqueles que têm conhecimento absoluto da série e para os extremamente fanáticos. Boa sorte a todos!

Thanks, TLC.

Falatório, Espera e Harry
Uma década depois, um escritor de fantasia lembra o dia que descobriu o mundo mágico de Hogwarts.

O primeiro livro da série Harry Potter foi lançado dia 26 de junho de 1997.

Antes de Harry, havia o falatório.

Transmitidas misteriosamente – ou magicamente (por correio-coruja, talvez) – histórias sobre um novo livro fantástico, Harry Potter e a Pedra Filosofal, atingiram aos Estados Unidos muito tempo antes do livro em si chegar. Harry Potter pode ter entrado no nosso mundo há 10 anos atrás, mas inicialmente apenas os ingleses penetraram no seu mundo. Neste lado do Atlântico, o que nós tínhamos eram apenas rumores, opiniões e propaganda.

Lembram todas aquelas notícias sobre a história? Elas vinham de forma promissora (adultos gostam tanto quanto crianças!), assombrosa (um adiantamento de 105 mil dólares), irritantes (americanos são burros demais para comprar qualquer coisa com “filosofia” no título, melhor transformar em “Pedra do Feiticeiro”) ou boas demais para serem verdade (mãe solteira que vive de seguro-desemprego, escreve um livro inteiro em Cafés porque não tem aquecimento em casa!). Nós ouvimos tudo isso antes do livro chegar aos estantes.

Harry despertou uma quantidade imensa de expectativas. Este era, clamavam os leitores, o livro que sempre prometeu, mas raramente proferiu – não apenas um queridinho dos críticos impenetráveis ou um hit de verão descartável, mas um clássico genuíno e instantâneo, aquele que só acontece única vez a cada geração.

Eu fui cético, e não apenas porque você deve ser cético com publicidade. Como um escritor de romances de fantasia, eu achava que essa história soava um pouco clichê. Bruxinhos? Escolas para magia? Lordes das Trevas vilões? Ainda assim, li isso. (Como um escritor, provavelmente eu também estava um pouco ciumento. Possivelmente mais do que um pouco.)

Então quando Harry Potter finalmente chegou aos Estados Unidos, eu o deixei abandonado. Passei pelas pilhas gigantescas nas livrarias sem pegar uma cópia. Eu percebi as revisões brilhantes e as vendas astronômicas, mas me recusei a lê-lo. Alguém até mesmo me deu uma cópia e eu o deixei aguardando. Simplesmente achei que não poderia ser tão bom quanto todo mundo falava. Estava completamente enganado.

E não poderia estar mais contente com isso.

Quando você se apaixona pela leitura desde jovem, como ocorreu comigo, você fica o resto da sua vida de leitura tentando recapturar aquela sensação maravilhosa da primeira vez e a vez em que um livro te transporta completamente para um mundo diferente. Às vezes é uma busca decepcionante; você fica na maioria das vezes desapontado. Você aprende a resistir ao falatório, a manter suas expectativas em níveis baixos, mas seus dedos cruzados – e ocasionalmente é premiado com um livro como Harry Potter e a Pedra Filosofal.

Antes mesmo de eu ter chegado a 50 páginas daquele romance pequeno (pequeno, comparado com o mais recente da série), eu percebi como tinha me enganado. Levado diretamente ao Beco Diagonal e Hogwarts, eu sabia que este era um daqueles livros raros que me lembrariam porque leio.

Olhando pra trás, eu posso até mesmo apontar o momento em que percebi isso: a cena no Expresso de Hogarts onde Ron Weasley apresenta para Harry os doces mágicos, mais especificamente os Feijõezinhos de todos os Sabores Bertie Boot. Aquela mistura familiar (crianças inglesas no seu caminho para chegar à escola), mágica (os Feijõezinhos realmente tinham todos os sabores), engraçada (você nunca sabia que sabor pegaria) e perigosa (poderia ser catota ou cera de ouvido, e até mesmo vômito) representou tudo que faz de um livro ser maravilhoso.

Após isso, os personagens ricos, a história complexa e gratificante, e o por trás mítico apenas lhe deram mais brilho. E cada livro que vinha depois tem sido um bônus. Harry está crescendo, os mistérios se aprofundam, as apostas crescem, mas de alguma forma, incrível, aquela mistura de magia e humor e aventura permanece forte. Eu não consigo achar nenhuma fraqueza na série. Se for forçado a escolher um favorito, confesso uma ligeira preferência pela Câmara Secreta, somente pelo dispositivo brilhante que é o diário de Tom Riddle.

No fim das contas, não importa qual é o seu livro favorito. O poder real – e mágico – de Harry Potter é o fato de ter criado uma geração de leitores, de crianças tão encantados com o bruxinho, que eles não vão se esquivar de outros livros, esperando encontrar algo que vai levá-los de volta à esta sensação novamente.

É claro que Harry é um fenômeno que acontece apenas uma vez a cada geração. Não podemos esperar livros espetaculares – séries maravilhosas abandonadas – surgirem todos os anos.

Podemos nos considerar sortudos que nos últimos 10 anos (ou sete, no universo de Harry), esta série superou o falatório do primeiro livro – e em dobro, porque ainda resta mais um para chegar.

Daniel Hood escreveu vários romances de fantasia incluindo “Wizard’s Heir” e “Scales of Justice”.

Traduzido por: Virág Venekey