As Relíquias da Morte ︎◆ Livros

Fãs temem informações de RdM

O site G1 publicou uma matéria sobre a aflição e medo dos fãs de lerem algum segredo do último livro da série Harry Potter, além das medidas tomadas por sites americanos para evitar que seus visitantes tenham acesso aos tão conhecidos e odiados spoilers.

“Simplesmente não queremos que alguém tire de J. K. Rowling aquilo que ela conquistou, que é o direito de nos contar o desfecho desses mistérios”, disse Melissa Anelli, webmaster do Leaky Cauldron, em entrevista por telefone. “Ela trabalhou muito na série nesses 17 anos, e é chegada a hora de ela usufruir a satisfação de ela mesma levar o ápice de sua história para os fãs”.

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Obrigado ao Rodrigo Neiva pela dica.

Nem todos querem saber dos segredos de “Harry Potter”
New York Times ~ Motoko Rich
26 de junho de 2007
Tradução: G1

Fãs dispensam supostas informações sobre o destino de personagens.
Último livro da série será lançado nos países de língua inglesa em 21 de julho.

Eles esperaram dois longos anos e agora faltam apenas 24 dias. À medida que os insaciáveis fãs de Harry Potter contam os minutos para colocar mãos e olhos em “Harry Potter e as relíquias mortais”, a sétima e última parte da série de sucesso fenomenal de autoria de J. K. Rowling, eles se envolvem em um delírio de especulações e boataria em torno do que acontecerá com seus amados personagens.

As previsões se disseminam pela web e pelas livrarias. O site Mugglenet.com tem títulos como “O que vai acontecer em Harry Potter 7”, “É o Fim de Harry Potter?” e “O Grande Debate Sobre Snape” espalham teorias sobre quem vai morrer, quem vai ficar com quem e quem é de fato mocinho ou bandido.

Ao mesmo tempo, a pouco mais de três semanas do início das vendas de “Relíquias mortais”, previsto para a meia-noite de 21 de julho nos EUA, pessoas que alegam ter conhecimento real da trama do livro estão publicando diversos spoilers (revelações sobre o desfecho do livro) on-line. Em um site, por exemplo, o que parece uma página de um manuscrito, exibe um parágrafo destacado em vermelho, sugerindo que um dos personagens mais moralmente enigmáticos da série morre no último livro, com algumas notas da música “Tarzan Boy”, de Baltimora, tocando repetidamente ao fundo.

Ainda na semana passada, alguém que se dizia um hacker identificado como Gabriel escreveu que havia invadido os computadores da Bloomsbury, editora britânica da série, e descoberto a identidade de dois personagens que morrem no final do livro, embora a história tenha sido considerada totalmente inverossímil.

Embora os fãs tenham um prazer infinito em divagar sobre as próprias teorias, levando uma espécie de fervor religioso à análise das pistas deixadas pelos livros anteriores e pelas entrevistas com Rowling, há uma tendência geral em se oporem veementemente aos spoilers.

No site The Leaky Cauldron (leakynews.com), os organizadores publicaram uma política direcionada a esses verdadeiros estraga-prazeres: “NÃO FAÇAM ISSO”.

“Simplesmente não queremos que alguém tire de J. K. Rowling aquilo que ela conquistou, que é o direito de nos contar o desfecho desses mistérios”, disse Melissa Anelli, webmaster do Leaky Cauldron, em entrevista por telefone. “Ela trabalhou muito na série nesses 17 anos, e é chegada a hora de ela usufruir a satisfação de ela mesma levar o ápice de sua história para os fãs”.

Em um comunicado de 14 de maio veiculado no próprio site da autora, o jkrowling.com, a própria agradece Anelli pela política contra spoilers do Leaky Cauldron, e acrescenta seu apelo: “Quero que os leitores que, em muitos casos, cresceram com Harry, embarquem na última aventura que irão compartilhar com ele sem saber para onde estão indo”, escreveu ela.

Histórico de estraga-prazeres

Obviamente as tentativas de estragar o final não são novidade. Há quatro anos, antes da publicação de “Harry Potter e a ordem da Fênix”, o quinto livro da série, o “Daily News” comprou uma cópia do livro em uma loja de produtos naturais no Brooklyn quatro dias antes da publicação e rodou uma imagem gráfica exibindo duas páginas do livro. Rowling processou o Daily News em US$ 100 milhões, e foi feito um acordo para solucioná-lo fora dos tribunais.

“Geralmente existem algumas pessoas que têm acesso ao livro e se apressam em divulgar os detalhes pra gente”, declarou Emerson Spartz, fundador do MuggleNet e webmaster. “Elas têm algum tipo de satisfação doentia em querer estragar tudo”.

Pelo menos um fã cético vê a atual safra de spoilers como um artifício das próprias editoras para aumentar as vendas.

“Acho que foi uma armação de alguém de dentro para gerar mais publicidade para o livro e lucrar mais”, disse Joy Viceroy, 16, sobre o incidente com Gabriel. Viceroy, essa fã incondicional da série que leu cada livro diversas vezes, estava na fila no sábado, próximo a uma biblioteca pública perto de Cleveland para embarcar no Harry Potter Knight Bus, um ônibus roxo de três andares trazido pela Scholastic, a editora de Rowling nos Estados Unidos, para colocar ainda mais fogo no entusiasmo que antecede a publicação.

Por medida de precaução, Viceroy não leu a publicação do hacker. “Pode até ser errado dizer isso, mas odeio spoilers”, disse ela.

Ainda assim, como tantos outros fãs, Viceroy desenvolveu suas teorias. “Acho que Harry vai viver”, disse ela.

As editoras Scholastic e Bloomsbury tomaram rígidas medidas de segurança com relação a livrarias, bibliotecas e distribuidoras para garantir que o vazamento de informações ocorrido no passado não se repetisse. Quanto às previsões, disse Lisa Holton, presidente do departamento comercial e de feiras da Scholastic, “todos têm direito de criar sua própria teoria. Faz parte da diversão”.