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O lado positivo – e incrível – dos filmes

Os filmes da série Harry Potter originaram as mais diferentes opiniões entre os fãs que leram os livros. Alguns amam, outros odeiam os filmes, e sobram críticas à maneira como cada um deles foi conduzido.

Na coluna de hoje, nossa colunista Nilsen Silva nos traz um relato de sua experiência de amor e ódio com os filmes da série. Confira e comente!

por Nilsen Silva

O mundo não se divide em pessoas boas e más. Todos temos luz e trevas dentro de nós. O que importa é o lado o qual decidimos agir. Isso é o que realmente somos.

A Ordem da Fênix é um dos meus livros preferidos da saga do bruxo mais famoso do mundo. Apesar de eu amar, idolatrar e suspirar por todos os livros da série Harry Potter, não disfarço nem escondo de ninguém a minha antítese na hora de opinar sobre as adaptações para o cinema. Os filmes são bons, afinal? Por que tiraram tantas cenas? Não achei aquilo parecido com o que eu imaginei. Eu queria tanto que o beijo da Hermione e do Rony tivesse sido igual ao livro! O Sirius não diz essa frase aí de cima no livro, diz? Eu gosto. E não suporto. E muito, muito mais.

Fã que é fã vai notar as alterações e torcer o nariz, pelo menos de cara, para cenas alteradas ou cortadas. É inevitável. Lembro que, quando fui assistir a O Prisioneiro de Azkaban no cinema, saí xingando Deus e o mundo. Xinguei muitas pessoas que não tinham nada a ver com isso, aliás. Pobre de mim – e da amiga que estava me acompanhando, que provavelmente se assustou com a minha fúria incontrolável.

Mas eu fiquei chateada mesmo. Esse é o meu livro preferido e eu sei a história de cor e salteado. Não gostei nem um pouco da casa do Hagrid ter mudado de lugar. Que diabos aquela ponte enorme estava fazendo ali no meio? Achei tudo um desrespeito dos grandes com a memória de cada um que estava ali sentado na sala gelada e apertada do cinema. Mas o filme já tinha sido lançado, estava sendo exibido nas telonas de todo o mundo, e eu seria só mais uma carrancuda a cruzar os braços em protesto.

Só uma, sozinha, em meio à multidão que gritava no cinema e queria entrar na tela para viver todas as aventuras fantásticas também.

Refleti por um momento e mudei de opinião. Ou pelo menos passei a enxergar os filmes por um prisma diferente. Eu li várias críticas na internet e assisti a todos eles novamente, desta vez com um olhar crítico. Foi difícil não ver o F.A.L.E. da Hermione em O Cálice de Fogo? Sim. Mas, realmente, o Fundo de Apoio À Libertação dos não é uma peça chave para que a história do livro seja finalizada. O F.A.L.E. funciona como uma denúncia aos abusos aos elfos-domésticos, mas ele não tem nada a ver com o Torneiro Tribuxo e a ressurreição de Voldemort, que são realmente o foco do livro.

Resumir centenas de páginas em um filme de duas horas e pouco é uma tarefa complicada. Eu não entendo nada de cinema – gostaria muito de saber como funcionam os bastidores da coisa -, mas disso eu tenho certeza. É como fazer a resenha de um livro, eu suponho. Você tem que comentar tudo em um texto de tamanho médio. E quando a história é tão boa que te deixa com vontade de escrever praticamente uma tese sobre ela? É tudo tão empolgante que você quer passar tudo o que você sentiu para quem for ler.

Mas não dá, por diversas razões. O texto vai ficar longo demais e você não tem espaço para isso, acha que ninguém vai ler, os caracteres são contados… e sabe-se lá o que mais. Fazer um filme é a mesma coisa. Eu aprendi que os roteiristas fizeram o melhor que eles podiam adaptando os filmes. E, convenhamos: Harry Potter, de um ponto de vista técnico, é uma série muito difícil de ser adaptada. J.K. Rowling, em seus livros, não poupou detalhes em momento algum. Ela construiu uma trama principal e uma série de tramas menores que, infelizmente, não couberam nos filmes. Uma pena, mas fazer o quê? É só ler os livros que tudo vai estar lá mastigadinho para a gente.

Fiquei pensando no lado positivo dos filmes e encontrei um lado incrível. Além do óbvio de termos a chance de ver nossos personagens preferidos em carne e osso, podemos vê-los dizendo coisas inusitadas que não aparecem nos livros – mas que sabemos que eles poderiam dizer isso totalmente. Não foi a J.K. que escreveu, mas a essência é a mesma. É o caso da frase de luz e trevas que eu escolhi para começar essa coluna. E acho que é bem por aí mesmo. Tudo tem dois lados, tudo é bom e ruim. Assim como o livro não é perfeito (mas está quase lá!), o filme também não é. Ambos têm pontos positivos e negativos, e cabe a cada um de nós saber balancear isso da melhor maneira possível para aproveitar um presente tão maravilhoso que é essa história.

Nilsen Silva é uma colunista crítica, mas ela simplesmente ama criticar – ainda bem.