Animais Fantásticos e Onde Habitam ︎◆ Filmes e peças

Colleen Atwood explica a criação do figurino de Animais Fantásticos

A figurinista de Animais Fantásticos e Onde Habitam, Colleen Atwood, deu uma entrevista na semana anterior à revista Vanity Fair sobre o processo de criação das roupas para o elenco principal do filme.

O maior desafio de Atwood, segundo a mesma, foi criar a aparência de Newt Scamander (Eddie Redmayne). Como ele é realmente a nova cara do filme, a aparência que ela escolhesse duraria muitos anos. Além disso, no filme não havia muitas trocas de roupas. Então, a roupa de Newt tinha que dizer quem ele era muito rapidamente, porque não tinham vários figurinos para representarem aos poucos o seu caráter.

“Ele deveria ser capaz de se levantar e abaixar velozmente e fazer muitas coisas naquele casaco”, explicou Atwood. “Eu senti como se ele fosse um pássaro ou um de seus animais fantásticos. Eu queria que ele parecesse normal no mundo para passar despercebido, mas que fosse também excepcional de um modo sutil”.

No total, Atwood estima que ela tenha criado mais de 1.000 roupas para o filme, precisando coletar itens da Itália, Los Angeles, Nova Iorque, Inglaterra, França, entre outros.

A tradução da entrevista completa você pode conferir na extensão da notícia.

As pistas mágicas que você não percebeu no figurino de Animais Fantásticos e Onde Habitam
Tradução: Juliana Torres.
Revisão: Nuara Costa.

Com a votação aberta para o Oscar desse ano, nós daremos uma olhada mais a fundo nos artesões indicados para os melhores filmes do ano – desde as pessoas que recriaram a época de ouro de Hollywood para os irmãos Coen até o artista de maquiagem que redefiniu um ícone da cultura pop.

Colleen Atwood desenhou o figurino para filmes que se passam nos anos de 1920 (Chicago) e em mundos de fantasia distantes (Alice no País das Maravilhas, Caminhos da Floresta). Então quando a três vezes vencedora do Oscar foi contratada para vestir o novo universo de J.K. Rowling, Animais Fantásticos e Onde Habitam, ela foi capaz de mesclar áreas de diferentes especialidades da alfaiataria – ao criar roupas adequadas para o período de 1920, mas com toques excêntricos para os bruxos que as vestem.

“Eu fiz muitos chapéus fedora, por exemplo, mas ao invés de fazer a coroa redonda como eles normalmente fazem, eu torci o tecido para que no topo eles ficassem com pequenas pontas”, explicou Atwood pelo telefone nessa semana. “Foi muito legal pegar o formato legal de um chapéu dos anos 20 e dar a ele um pequeno twist para o mundo mágico. Eu fiz a mesma coisa com as capas dos homens e das mulheres, também – que eram bem pesadas naquela época. Eu dei a elas um pouco mais de saia para dar uma leveza, para que pegassem um ar. Eles não estavam andando por aí de capas, mas seus casacos tinham uma leveza que evocava um movimento parecido”.

Atwood disse que seu maior desafio nesse filme foi criar um visual para a personagem de Eddie Redmayne, Newt Scamander – o “magizoologista” e protagonista desse mundo spin-off de Harry Potter. Já que “ele era, de fato, a nova cara do filme”, e da franquia, qualquer figurino que Atwood escolhesse acabaria em telas no mundo inteiro pelos próximos anos – sem mencionar os outdoors e o merchandise.

“Nesse filme, as garotas trocam de roupa uma vez quando vão ao clube. Mas no elenco principal, não há muitas mudanças de figurino”, Atwood explicou. “Nesse caso, o figurino de Newt tem que mostrar quem ele é bem rapidamente, porque você não pode evoluir a personagem pelas mudanças no figurino como normalmente é feito… Se tratou de acertar a silhueta”.

“Ele deveria ser capaz de se levantar e abaixar velozmente e fazer muitas coisas naquele casaco”, ela continuou. Então a designer afrouxou a silhueta de um típico casaco dos anos 20 para dar mais fluidez à personagem. “Eu senti como se ele fosse um pássaro ou um de seus animais fantásticos. Eu queria que ele parecesse normal no mundo para passar despercebido, mas que fosse também excepcional de um modo sutil”.

Atwood conseguiu isso ao trajar Newt em uma cor profunda de pavão – justaposta com o marrom de seu colete, e os tons similarmente tediosos e quentes que estavam em voga naquela época. Somando a esse desarranjo, ela também fez suas roupas desajustadas o suficiente para adicionar peculiaridade à personagem. Ela também enfeitou o sobretudo com uma característica mágica especial: “nós colocamos todos os tipos de bolsos, onde ele poderia guardar poções e curas e, claro, alguns de seus amiguinhos. A maioria dos bolsos secretos são na parte interna do casaco, então [as audiências] os veem muito pouco, mas todos eles tem uma razão para estar ali”.

Atwood foi capaz de incorporar mais extravagâncias ao vestir as irmãs Goldstein, Tina (Katherine Waterston) e Queenie (Alison Sudol), e suas personalidades muito diferentes.

“O vestido que vemos pela primeira vez em Queenie é uma versão de um vestido de bruxa, mas com uma pegada dos anos 20 e com um pouco de diversão e flerte nele”, explicou Atwood. “O casaco que criei para ela foi tecido com mais de 30.000 pés de fio de seda em todos os diferentes tons de pêssego. Eu achei que parecia um pôr-do-sol ou nascer do sol, com um elemento de ar e luz que eu gostei para Queenie”.

“Tina tem um quê de garota moderna, então eu tomei a decisão de colocá-la em calças desde o início. Não era muito comum naquela época, mas existia. E apesar dela ter sido expulsa da posição de Auror, ela ainda usa facetas dos trench coats de couro que eles usam, então eu a coloquei em um trench coat de pano com um colarinho bem largo, para que ela pudesse inclinar a cabeça para baixo e fazer o tipo de trabalho furtivo de espionagem que é o que ela ainda é em seu coração”.

Atwood teve uma experiência similarmente divertida ao vestir Colin Farrell, que interpreta Percival Graves, o diretor de Segurança Mágica da MACUSA.

“Foi ótimo fazê-lo ser essa personagem über-bruxo”, disse Atwood. “Eu queria que ele se sentisse poderoso e que realmente tivesse um figurino que desse a ele presença e o destacasse das outras pessoas – então eu exagerei em certas coisas, como no comprimento de suas botas e de seus ombros. E eu encontrei esse incrível pedaço de cashmere que era preto, mas com um toque de metálico – um fio Lurex metálico – nele [para seu casaco], que você não vê no filme. Não era chamativo, mas tinha um traço de brilho nele. Era um ótimo peso, ele conseguia movê-lo, e ele flutuava com ele e dava a ele aquele poder. Ele estava feliz com seu figurino. Ele o vestia bem e se divertia usando-o”.

No total, Atwood estima ter criado 1.000 trajes para o filme – “mas principalmente para as personagens em destaque”. Atwood teve que literalmente vasculhar o globo para encontrar trajes dos anos 20 suficientes para os extras – reunindo alugueis e achados de mercados de pulgas da Itália, de Los Angeles, de Nova Iorque, da Inglaterra, da França, e de muito além. No fim, apesar das roupas dos extras terem se originado de todo o mundo, ela disse que o resultado foi perfeito para a estética desse filme.

“O diretor, David Yates, queria capturar o tipo de energia frenética de Nova Iorque na época em que houve uma explosão de pessoas de diferentes etnias vindo de todas as partes do mundo”, explicou Atwood. “Eu amo os anos 20 – foi o maior tempo de otimismo e mudança na América, antes da depressão… um tempo de excessos loucos de todas as formas”.