Animais Fantásticos e Onde Habitam

Eddie Redmayne fala sobre carreira e fama em nova entrevista

Em entrevista para o jornal britânico The Sun, o ator Eddie Redmayne falou sobre sua carreira e a pressão da fama. Ele é o astro do novo filme de J.K. Rowling e já ganhou um Oscar e um Globo de Ouro pela atuação em “A Teoria de Tudo”, mas continua modesto e revela não ter um plano traçado para sua carreira.

“Se eu tenho um plano? Amo a ideia de que os atores têm alguma escolha que seja. Temos sorte por conseguir algum trabalho. Eu me lembro de Alfred Molina [com quem ele atuou em 2009 na peça ‘Red’ no Donmar Warehouse, em Londres] uma vez dizendo que a noção de uma carreira é algo que você olha para trás e fica tipo: ‘Como isso tudo aconteceu?'”

Intérprete de Newt Scamander em “Animais Fantásticos e Onde Habitam”, ele também fala sobre como entrou no Mundo Bruxo e sua dificuldade em trabalhar com efeitos especiais.

“Eu me encontrei com David Yates [diretor] cerca de um ano antes do trabalho em ‘Animais Fantásticos’ começar e isso foi bastante clandestino. Eu não sabia nada sobre [o filme]. Foi em um clube no Soho. Nos sentamos ao redor de uma fogueira e ele começou a me contar as histórias. Basicamente, ele estava tipo: ‘J.K. Rowling está escrevendo o roteiro. Em algum momento eu gostaria que você o lesse’.”

Você pode ler na extensão deste post a entrevista na íntegra traduzida pela nossa equipe.

“EU ME SENTI TÃO SORTUDO”
The Sun – 22 de outubro de 2016

Traduzido por: Roger Uchoa.
Revisado por: Ana Alves Rolim.

O modesto ator Eddie Redmayne sobre a insegurança paralisante e como lidar com a pressão do sucesso

Ele é o astro do novo filme de J.K. Rowling, com um Oscar para ser encorajado, mas o ator ainda não consegue entender completamente o que já conquistou.

Pergunte a Eddie Redmayne como ele acha que as coisas estão nesse momento e você poderia esperar um pouco de satisfação própria.

Ele tem um tipo de toque mágico quando se trata de escolher filmes.

Desde sua performance revolucionária “Sete Dias Com Marilyn” em 2011 até a vitória do Oscar pela representação de Stephen Hawking em “A Teoria de Tudo”, em 2014, o londrino de 34 anos cresceu rapidamente para se tornar um dos astros de cinema mais lucrativos.

E, ainda assim, qualquer vaidade é estranhamente ausente.
“Se eu tenho um plano?” ele ri, incrédulo. “Amo a ideia de que os atores têm alguma escolha que seja. Temos sorte por conseguir algum trabalho. Eu me lembro de Alfred Molina [com quem ele atuou em 2009 na peça “Red” no Donmar Warehouse, em Londres] uma vez dizendo que a noção de uma carreira é algo que você olha para trás e fica tipo: ‘Como isso tudo aconteceu?’”

Eddie está fadado a ter um monte de coisas terríveis para olhar para trás.

Sete Dias com Marilyn – baseado na história real da paixão de Marilyn Monroe por um corredor enquanto trabalhava em “O Príncipe Encantado”, em 1956 – foi seguido pela adaptação para a TV do best-seller sobre a Primeira Guerra Mundial “Birdsong”, de Sebastian Faulks, em que foi protagonista, e depois pelo papel de Marius Pontmercy no filme “Os Miseráveis”, em 2012.

Contudo, foi “A Teoria de Tudo” que cimentaria sua reputação como um dos novos astros britânicos mais aclamados pela crítica.

Sua representação do jovem Stephen Hawking foi contida e inspiradora, capaz de partir o coração e receber elogios universais.

O filme também lhe rendeu um Oscar, um BAFTA, um Globo de Ouro e o Prêmio do Sindicato dos Atores por Melhor Ator.
Contudo, de acordo com o próprio homem, isso quase não aconteceu.

“Haviam seis ou sete outros atores que receberam a oferta para o papel”, diz ele. “Fui sortudo por eles recusaram. Lutei por isso, consegui e simplesmente aconteceu que deu certo.”

“Depois, de repente você está em uma lista e está um pouco mais no topo e isso te dá um pouco mais de escolha. É maravilhoso ter acesso a roteiros que você não teria de outra forma.”

O que nos leva ao último filme de Eddie.

“Animais Fantásticos e Onde Habitam” não é apenas uma derivação da surpreendentemente lucrativa série de filmes de Harry Potter, mas se passa no mesmo mundo de magia e trouxas e, diferente dos outros roteiros de Potter, foi escrito pela própria J.K. Rowling.

Na melhor tradição bruxa, o papel de Eddie no filme começa com uma história contada à luz de fogueira.

“Eu me encontrei com David Yates [diretor] cerca de um ano antes do trabalho em “Animais Fantásticos” começar e isso foi bastante clandestino. Eu não sabia nada sobre [o filme]. Foi em um clube no Soho. Nos sentamos ao redor de uma fogueira e ele começou a me contar as histórias. Basicamente, ele estava tipo: ‘JK Rowling está escrevendo o roteiro.
Em algum momento eu gostaria que você o lesse, e há uma lista de atores com quem estamos nos encontrando.’

“Eventualmente, eu sentei para lê-lo e o roteiro ultrapassou completamente todas as nossas expectativas.”

No filme, Eddie interpreta Newt Scamander, um aluno de Hogwarts que chega em uma Nova Iorque dos anos 1920 com uma maleta mágica amontoada de todos os tipos de curiosas criaturas mágicas.

Depois que elas escapam e causam caos por toda a cidade, se segue uma perseguição desesperada para recuperá-las antes que a Nova Sociedade Filantrópica de Salem (em tradução literal) (um tipo de liga fanática anti-magia cujo alvo é a destruição de todos os bruxos e bruxas) capture as criaturas e o próprio Scamander.

“A coisa boa sobre ser selecionado para o elenco sem audição é que você faz parte do elenco sem audição!” diz Eddie. “Mas, se você é neurótico, tem esse problema quando aparece no set e abre sua boca no primeiro dia de filmagens e vê o diretor dizendo: ‘Whoa, Whoa, sério?’ e então você sente aquela insegurança e isso pode te paralisar…”

Ele acabou com a insegurança abordando seu papel com todo rigor e pesquisa meticulosa que fez para o papel de Stephen Hawking.

“Eu disse ao David: ‘Olha, eu não tenho uma grande imaginação, tive problemas no passado com questões de Imagens Geradas por Computador. Você me permitirá fazer parte do processo desde o início?

“Cada uma das criaturas tem um animador, e eles não são apenas como os designers, eles são como atores. Então eu pude discutir isso com eles, como eu deveria me portar com essa vida selvagem, por exemplo, e como eu agiria quando um animal fizesse alguma coisa. Eles acharam isso ótimo, então eu realmente estava incluído. E, do mesmo modo com J.K. Rowling: Se eu tinha uma ideia, nunca senti que deveria manter distância, e muitas vezes, com filmes de grandes estúdios, você pode se sentir dessa forma, como se o seu trabalho fosse só aparecer, dizer as falas e não estragar tudo.”

Sendo o primeiro “não-Harry-Potter filme”, a pressão para fazer “Animais Fantásticos” dar certo foi imensa.

Estragar tudo seria muito mais significativo do que simplesmente fazer um filme ruim – seria um ato efetivo de vandalismo cultural.

Digo isso a Eddie e ele reconhece imediatamente – principalmente porque, em primeiro lugar, ele é um grande fã.

“Eu li os livros [de Harry Potter] e aí comecei a assistir os filmes e foi um escapismo maravilhoso”, ele conta.

“Quando os filmes estrearam, eu aguardava por eles ansioso, além de que havia uma família inteira de ruivos! E eu nunca fiz uma audição para isso. Eu era desprovido. Quando ouvi que eles estavam fazendo um novo filme, eu fiquei tipo: ‘Por favor, posso fazer parte dele?”

E então, é claro, teve a emoção de ter sua própria varinha.

“Você tem que manter discussões sobre seu personagem e que tipo de varinha você acha que pode ser apropriada”, ele conta. “Então chega uma gama incrível de desenhos. E você precisa escolher uma! Foi extraordinário. Instantaneamente, libertou em todos uma criança de 10 anos de idade.”

Supostamente um dos livros-texto designados no currículo de Hogwarts, ele foi reunido com um prefácio escrito por Alvo Dumbledore, além de comentários e piadas rabiscadas nas margens por Rony Weasley.

Mas, apesar disso – e talvez por causa da própria Rowling ter adaptado o livro para filme – Eddie se sentiu confiante o suficiente para assumir Newt Scamander do seu jeito.

“Estamos todos cientes do legado e da herança dessas palavras incríveis”, diz ele. “Mas ao mesmo tempo, queremos começar de novo de algumas maneiras, e o que facilita é que “Animais Fantásticos” começa antes desses filmes.

“No que se tratava do personagem, eu senti que tinha uma página em branco para começar.”

E sendo uma história de J.K. Rowling, o roteiro tinha o bastante para manter todos os atores interessados por completo, sem ter que se preocupar sobre o legado da franquia Potter.

Foi bem diferente do seu primeiro contato com a fama. O primeiro crédito oficial de Eddie foi em um ITV Show infantil chamado “Animal Ark”, em 1998.

“Eu tinha 14 anos e fiz um episódio chamado ‘Coelhos no Banheiro’”, ele conta. “Não tenho certeza de que foi o meu melhor momento.

“Estava de férias da escola e passava por um período de rebeldia momentânea, mas eu não queria tingir meu cabelo porque eu não estava tão rebelde assim, então eu coloquei um clareador de cabelo. Durante uma certa semana de filmagem, meu cabelo ficou cada vez mais ruivo. Então, de forma progressiva, a cada dia, o personagem ia ficando mais ruivo…”

Ele também esculpiu uma carreira de sucesso como modelo e não tem vergonha do seu amor por ternos elegantes, assim como a fascinação pela indústria da moda.

“Eu acho cativante”, diz ele. “Só fiz uma campanha para Prada, e ouvir artistas falarem sobre a grande influência de toda a sua coleção, é a mesma coisa que os atores fazem.

“Eu tive sorte. Quando era criança, estava fazendo peças recebendo £300 por semana, e então, de repente, Christopher Bailey, que administra a Burberry, queria trabalhar comigo.

“Achava fotografia interessante também, então achei o processo agradável. Eu não vejo isso como construção de marca. Meu pai também gosta de se vestir de forma refinada, então talvez eu aspire ser ele um pouco.”

Após construir sua reputação com uma série de estudos de personagens sutis, ele seguiu “A Teoria de Tudo” com a ficção científica “O Destino de Júpiter”.

Apesar de coestrelar com Mila Kunis e Channing Tatum e ser dirigido pelas Wachowskis (responsáveis por Matrix), o filme foi um fracasso.

E (sussurra-se) que os críticos estavam incertos pela performance “melodramática” de Eddie.

Se ele deixa o fracasso chegar até ele (e para ser justo, isso só se sobressaiu graças aos elogios quase universais que todos os seus outros trabalhos receberam) não deixa transparecer.

“Eu passei tantos anos com medo de cometer erros”, diz ele. “E dentro desse período eu fiz alguns trabalhos realmente chatos.”

“Então eu tento me libertar e às vezes isso funciona e às vezes não. Com “O Destino de Júpiter”, eu amo as Wachowskis. Acho elas extraordinárias e tentei meio que entrar no mundo e na imaginação delas. E claramente em algum lugar ao longo do caminho eu não fiz isso dar certo. Mas eu aproveitei bastante o processo e estava tentando fazer algo interessante.

“Acho que se eu deixar as críticas me afetarem demais, vou me sentir restrito. Mas você definitivamente tenta e aí falha, e então tenta novamente. Você nunca entra em algo não dando 100%. Às vezes esses 100% podem ser canalizados na direção completamente errada… Mas, ainda assim, você deu tudo de si.”

Ainda ferozmente reservado sobre sua vida pessoal (ele vive em Londres, é casado com a produtora executiva Hanna Bagshawe e neste verão se tornou pai de uma menina chamada Iris Mary… e isso é quase tudo que ele está disposto a divulgar), Eddie insiste que elogios, Oscars e o papel principal no filme mais falado do outono não são capazes de mudá-lo.

“Você não pode enlouquecer”, ele conta, com simplicidade. “No passado, as pessoas enlouqueciam: ‘Ah, meu Deus, você ganhou um Oscar, sua vida mudou!’ e ela realmente não mudou. O Oscar fica em uma pequena mesa em meu flat em Londres e parece um pouco surreal. A resposta é: você só coloca um pé à frente do outro e espera que dê tudo certo.”

E o que ele espera que possa acontecer com sua carreira depois de “Animais Fantásticos”?

Ele ri. “Bem, primeiramente, espero que as pessoas gostem. Mas, com certeza, fazer parte desse mundo particular, depois que eu li o roteiro, isso não foi nem mesmo uma dúvida. Me senti tão sortudo, sinceramente.”

Mas então como diz o velho ditado… você tende a fazer sua própria sorte.