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Seção Granger: “Holy Cow”, de David Duchovny

Aline Lima, publicitária e colaboradora de diversas áreas no Potterish, escreve na Seção Granger deste domingo a resenha crítica de “Holy Cow”, escrito por David Duchovny, astro de “Arquivo X” e “Californication”, e publicado pela Editora Record no início deste ano.

“Se você está procurando um livro leve e cômico, mas que ao mesmo tempo carrega um enredo cheio de significados, ‘Holy Cow’ tem tudo para ser a sua próxima leitura.”

Para ler a resenha crítica na íntegra, acesse a extensão do post.

“Holy Cow”, de David Duchovny
Resenha crítica por Aline Lima

“Holy Cow” é o primeiro livro de David Duchovny, astro da série “Arquivo X” e “Californication”, e promete abrir portas para muitos outros. Página após página, percebemos toques de humor, ironia e conhecimentos infinitos sobre cultura pop, algo que Duchovny adquiriu graças as suas experiências como roteirista, diretor, compositor e cantor.

Em uma realidade onde os animais conversam entre si, fazem fofocas sobre seus donos e de certa forma vivem como se fossem humanos, somos apresentados à história de Elsie Bovary, uma vaca muito feliz em sua vida bovina, até que sua rotina pacata muda completamente quando ela resolve sair sorrateiramente do pasto e se vê atraída pela casa de seus fazendeiros, onde descobre uma grande revelação: o Deus Caixa (aparelho de televisão) está ligado na sala de estar exibindo um documentário sobre fazendas industriais. Bastam poucas cenas para ela entender que a vida naquela fazenda tinha um sentido: todos os animais são criados para alimentar e servir aos humanos.

A partir dessa revelação, Elsie muda o seu comportamento, a sua percepção sobre os humanos e a todo custo planeja fugir daquela fazenda e do destino de ser abatida. Na TV dos seus fazendeiros, Elsie assiste a um documentário sobre a Índia, descobrindo que o país considera as vacas sagradas, e então planeja sua grande escapada!

E o que Elsie achava que ia ser algo solitário acaba se transformando em uma grande aventura entre amigos. A grande escapada passa a contar com dois companheiros: um porco chamado Jerry, que resolve virar judeu e troca seu nome para Shalom, e um peru anoréxico chamado Tom Turquia, que tem absoluta certeza de que na Turquia, entre família, ninguém vai transformá-lo em refeição no Dia de Ação de Graças. Esses dois personagens vão ser os principais responsáveis por boa parte das risadas durante a leitura.

A história é contada de forma irreverente, Duchovny teve o grande dom de transportar o leitor para a aventura, e facilmente nos tornamos colegas do trio de animais na jornada. Elsie, Jerry e Tom são criaturas com humor sarcástico e inteligente, e seus diálogos recheados de humor mais o seu excesso de drama tornam a combinação excelente.

“Holy Cow” levanta questões de países em conflito, diferentes religiões, pessoas e costumes. Elsie narra como as pessoas são desumanas e muitas vezes não sabem o que realmente querem. Alguns trechos são altamente críticos em relação a hábitos, costumes e características sociais humanas. A relação dos homens para com a natureza também é algo que David Duchovny, que é ex-vegetariano, faz questão de abordar massivamente em sua trama, seja de forma direta ou indireta.

Apesar de imprevisível e divertido, o livro tem problemas de ritmo em alguns capítulos, mas nada que atrapalhe a leitura. Se você está procurando um livro leve e cômico, mas que ao mesmo tempo carrega um enredo cheio de significados, “Holy Cow” tem tudo para ser a sua próxima leitura.

“Sei que muitos humanos consideram um insulto grave serem chamados de animais. Bem, eu nunca daria a um humano a honra de ser chamado de animal, porque os animais podem até matar para viver, mas não vivem para matar. Os humanos vão precisar reconquistar o direito de ser chamados de animais.”

208, Editora Record, publicado em 2016.
Título original: “Holy Cow – A Modern-Day Dairy Tale”.
Tradução: Renata Pettengill.

Aline Lima é formada em Publicidade e Propaganda e colaboradora de diversas áreas no Potterish.