Animais Fantásticos e Onde Habitam ︎◆ Filmes e peças

David Heyman explica a diferença entre “Animais Fantásticos” e “Harry Potter”

Os fãs de “Harry Potter” já estão eufóricos com o fato do filme “Animais Fantásticos e Onde Habitam” ser lançado em novembro de 2016. Para quem ainda não está totalmente por dentro das notícias, o produtor do filme, David Heyman, deu uma entrevista para o The Hollywood Reporter e explicou brevemente a diferença entre “Animais” e “Potter”.

“Não ter que trabalhar com os horários das crianças. (Risadas.) E se passa na Nova Iorque dos anos 1920, ao contrário do Reino Unido dos anos 90.”

Brincadeiras à parte, Heyman afirma ser um leitor voraz, e além de citar várias adaptações que na sua opinião ficaram ótimas ele ainda fala sobre o que sente ao trabalhar com uma nova adaptação e o que faz para conseguir um bom resultado.

A entrevista na íntegra, traduzida pela equipe do Potterish, pode ser conferida no modo notícia completa.

Produtor de “Harry Potter” revela segredos por trás do filme de “Animais Fantásticos”
The Hollywood Reporter – 22 de janeiro de 2016

Traduzido por: Rodrigo Cavalheiro em 23/01/2016.
Revisado por: Pedro Martins em 23/01/2015.

Por que você decidiu voltar ao mundo de Harry Potter?

Foi animador seguir em frente e abraçar novos desafios com “Gravidade” e “Paddington”, mas, quando acabou, havia uma tristeza significante, já que [os filmes Potter] foram uma parte tão grande da minha vida. Jo Rowling criou um mundo incrivelmente rico e bem construído. O que você lê nos livros é, em parte, apenas a superfície deste mundo. Eu perguntei sobre a árvore genealógica [do personagem Sirius Black], pois tínhamos que pintá-la na parede [para “Harry Potter e a Ordem da Fênix”], e no livro só haviam dois nomes, e meia hora depois eu recebi uma árvore genealógica que voltava seis gerações com 100 pessoas. Tenho certeza que Newt Scamander e sua história estavam na cabeça dela por muitos anos. Tínhamos nos reunido, perguntando o que poderíamos fazer com este mundo, e [o produtor] Lionel Wigram, que foi a primeira pessoa a quem eu levei o primeiro livro [de Potter], pensou em talvez fazer um documentário sobre Newt. A ideia foi para Jo, e ela respondeu para fazermos um filme sobre [aquele personagem].

“Animais” é pensado como uma franquia?

Falamos sobre fazer alguns, mas com essas coisas todas – e esta pode ser uma falha minha – eu não os vejo como franquias; eu os vejo como filmes. Queremos fazer cada filme o melhor possível, pois, caso contrário, não haverá um segundo ou terceiro filme.

Qual é a maior diferença entre “Animais Fantásticos” e os filmes de “Harry Potter”?

Não ter que trabalhar com os horários das crianças. (Risadas.) E se passa na Nova Iorque dos anos 1920, ao contrário do Reino Unido dos anos 90.

Muitos dos seus filmes são baseados em livros. Você é um leitor voraz?

Eu amo ler. Leio por prazer e por trabalho. Para mim, livros sempre foram uma fonte de ótimos filmes, de “O Sol é Para Todos” a “O Poderoso Chefão” e “Pacto Sinistro”. Há uma longa lista de ótimas adaptações literárias. Acontece de esta ser uma das áreas na qual eu me foco. Posto isso, o que mais importa para mim são histórias que me comovam e me conecte. Muitos dos meus filmes são sobre “forasteiros”, pois eu acho que, de alguma forma, todos nos sentimos assim, seja em “Harry Potter” ou “Paddington”. Não tenho certeza se percebi isso no início, mas, olhando para todos os filmes que fiz, eu vejo essa continuidade.

Qual é o maior desafio que os produtores enfrentam nos dias de hoje?

Há uma ênfase em filmes gigantes – que eu obviamente fiz parte – e as oportunidades estão fechando para dramas de baixo a médio orçamento, que são a razão para a qual eu entrei na indústria cinematográfica. Esses filmes americanos da década de 70 ou os filmes europeus dos anos 60 e 70 foi com o que eu cresci. Essas histórias sobre personagens moralmente ambíguos, onde o mundo é muito cinza. Sim, esses filmes às vezes são feitos, mas fica cada vez mais difícil. Eu também acho que o maior desafio é que há tanta competição pela atenção das pessoas. Há um ótimo conteúdo televisivo; nós estamos na época de ouro. Eu espero trabalhar na televisão. Sou provavelmente uma das últimas pessoas a me sentar à mesa, mas espero que ainda haja um lugarzinho sobrando. A tecnologia também é tamanha que você pode fazer filmes com um iPhone, pode editar em um computar e distribuir sozinho de algumas maneiras. Claro que o desafio permanece em como chamar a atenção, considerando a quantidade imensurável de escolhas de entretenimento disponíveis.

Você tem algum projeto que está preso em desenvolvimento e que você ainda quer fazê-lo?

Eu tenho os direitos com a Warner Bros. de “O Estranho Caso do Cão Morto”, um livro incrível de Mark Haddon. Steve Kloves, que é um roteirista e diretor brilhante, vem falando sobre isso, mas ele está muito ocupado [produzindo] “Mogli, o menino lobo” e “Animais Fantásticos”. Espero que um dia esse livro veja a luz do dia antes que seja tarde, pois é algo que eu adoro e me comove.

O que você sabe agora que gostaria de ter sabido quando começou na indústria?

É algo que sei agora, mas demorei para aprender: não levar tudo para o lado pessoal. Por um lado, eu acredito que seja importante levar tudo pessoalmente, pois você tem que lutar até o fim para fazer tudo o melhor possível, mas, ao mesmo também, ao enfrentar a rejeição diariamente, às vezes pode ser difícil.