Escrito em 1996 pelo autor americano Chuck Palahniuk, “Clube da Luta” é incrível pela forma como é construído e pelos temas que aborda. Uma ótima escolha para a nossa segunda edição da coluna Seção Granger, não acham?
Débora Jacintho, mestranda em história por profissão e colunista do Potterish por paixão, nos indica uma leitura que considera intensa e nos leva a “uma reflexão da vida e do significado que a ela atribuímos”, como você pode conferir na extensão do post e, é claro, registrar a sua opinião nos comentários.
“Depois de uma noite no clube da luta, tudo que existe no mundo real passa a ter menos importância.”
Por Débora Jacintho
Revisado por Pedro Martins
“Clube da Luta” foi escrito em 1996 pelo autor americano Chuck Palahniuk. O livro é fantástico pela forma como é escrito e pelos assuntos abordados – e em como eles são abordados. O escritor classifica seu estilo como “ficção transgressional”, sendo caracterizado pelo uso de frases curtas com humor cínico e irônico.
O livro narra a história de um jovem que está descontente com sua vida de classe média americana – com o trabalho que odeia e o apartamento impecável com vários artigos comprados no impulso do consumismo. Conhece Tyler Durden e juntos formam um clube da luta, um ambiente em que podem sair da vida real e encontrar alívio e redenção.
A narrativa da obra é conduzida como se fossem cortes de uma gravação de filme, pulando de uma cena para outra. Não é uma narrativa linear: os acontecimentos vão e voltam no tempo e no espaço. A história é contada a partir dos devaneios do narrador personagem, e os pensamentos não funcionam de maneira contínua e organizada.
Os diálogos do narrador se confundem com a própria narração em si, o que é interessante pela escolha do autor de não utilizar travessões nas suas falas. E elas inclusive são colocadas às vezes de maneira indireta, com as respostas diretas (e com os travessões) dos demais personagens.
O livro também vale a pena pela intensidade dos assuntos abordados, com uma reflexão da vida e do significado que a ela atribuímos. Palahniuk é conhecido por colocar em suas obras personagens que são indivíduos marginalizados pela sociedade, frequentemente agindo com agressividade autodestrutiva. Os personagens são muito bem construídos e intensos, bem como toda a narrativa, que realmente mexe com você e te faz refletir sobre os acontecimentos abordados. É uma leitura bastante marcante, então realmente vale cada linha lida.
“Clube da Luta” foi adaptado para o cinema em 1999, dirigido por David Fincher e com Edward Norton, Brad Pitt e Helena Bonham Carter no elenco. O filme conseguiu captar o ambiente e o clima do livro, e as atuações não deixam a desejar. O longa-metragem sofreu algumas alterações em relação ao livro, principalmente no desfecho (que no livro é mais aberto à interpretação do leitor), mas que de modo algum afetam a sua qualidade. Vale a pena assistir! Sem contar que temos a nossa querida Belatriz no elenco, o que já é mais um motivo para conferir o filme.
O livro pode ser encontrado à venda nas melhores livrarias físicas e online do país e está em promoção na Americanas.
Débora Jacintho está ciente que infringiu as duas primeiras regras do Clube da Luta neste texto.
272 páginas, Editora Leya, publicado em 2012.
Título original: “Fight Club: A Novel”.
Tradução: Cassius Medauar.