Filmes e peças

O Potterish assistiu “Noé”!

A equipe do Potterish assistiu ao novo filme de Darren Aronofsky, “Noé”, estrelado por Russel Crowe, Logan Lerman, Emma Watson, entre outros renomados artistas, e traz agora para vocês a nossa crítica (sem spoilers).

O filme estreou no Brasil na quinta feira passada (03), lotando salas de cinemas de todo o Brasil, e resultando em um saldo bem considerável: 1.358.411 ingressos vendidos até o dia 06, ou seja, em dois dias. Vamos conferir o que o Ish achou do filme? Vá para o modo notícia completa e leia o texto na integra!

O Potterish assistiu “Noé”!
Potterish.com ~ Marina Anderi

A história de Noé é um clichê do senso comum, e como tal todos já ouviram falar, mas poucos de fato a conhecem. Muitos encararam com estranhamento o anúncio de que Darren Aronofsky dirigiria um filme de caráter bíblico, ainda mais após Cisne Negro, porém seu trabalho aqui se mostra eficiente e, em diversos momentos, inspirador.

O filme inicia-se com uma sequência intrigante e deveras sombria sobre a criação do universo, o pecado de Adão e Eva e o destino de seus três filhos: Caim mata Abel e ao fugir é acolhido por anjos caídos, continuando a semear o mal, enquanto Set é seu exato oposto. Noé (Russel Crowe) é descendente de Set e tem uma vida humilde e relativamente calma; mostra-se bom pai e bom marido, além de ter um respeito enorme por todas as coisas vivas, acreditando que tudo tem o seu propósito (é lógico, então, que ele seja vegetariano). O Criador o escolhe para construir uma arca, cujo intuito é de proteger os animais do dilúvio que arrasará a Terra, sendo essa a punição pela crueldade dos homens. Todas as cenas que ilustram um sonho (como é o caso do aviso de Deus a Noé) ou uma história contada são especialmente belas, com uma trilha sonora acertadamente sutil e um design criativo.

O design, aliás, merece aplausos: desde a arca retangular – que se mostra bem mais prática do que aquela curvada que sempre é apresentada junto ao mito – até o os anjos caídos, os chamados Guardiões, que como castigo por desobedecerem a Deus ganham um corpo de pedra que demonstra sua tristeza e seu cansaço pela dificuldade de locomoção e pela ótima mixagem de som que denota seus movimentos.

O roteiro assinado por Aronosfky e Ari Handel é bom, mas peca nos diálogos expositivos e muitas vezes piegas, que tentam, contudo, apenas tentam, ser memoráveis e inspiradores. Assim, a partir da visão do que nos é apresentado sobre o caráter dos personagens e sobre suas vivências, não parece que tais homens seriam capazes de proferir tais falas. De todo modo, essa falha narrativa felizmente não atrapalha nos sentimentos evocados pela obra cinematográfica, nem tampouco diminui a dor vivida pela família de Noé.

A fotografia ganha destaque nos momentos em que os personagens são envoltos pela escuridão e apenas suas silhuetas são visíveis. Também fala muito sobre o sentimento de cada um quando um olho de cor azul aparenta ser castanho pela dor que carrega. O dilúvio não é uma situação fácil para ninguém, principalmente para aqueles que sobrevivem.

Logan Lerman interpreta Cam, o segundo filho de Noé, e é hábil ao fazer uma interpretação marcante logo de início; assim como demonstrado anteriormente em As Vantagens de Ser Invisível, no qual atou com Emma Watson, ele é bem mais do que um rostinho bonito. A própria Emma Watson, no entanto, proporciona uma atuação regular em toda a película, sem, contudo, destacar-se por sua interpretação. Quando não há falas nem gritos dificilmente nos identificamos com os sofrimentos de sua personagem Ila, e o insistente sotaque britânico de Emma constantemente reforça a atriz que conhecemos mais do que a personagem a qual estamos sendo apresentados.

O Noé de Russel Crowe é complexo; sensível, cruel, justo e tirânico. Vai gerar debates, sim, porque o julgamento depende muito do ponto de vista de cada um de certo e errado, colocando o limite da religião em pauta.

Independente da opinião do público, suas atitudes nunca ficam inverossímeis e são mais impulsionadas por um Ser que nunca se mostra, dificilmente se comunica, mas está sempre presente, pronto para condenar.

A obra é envolvente, emocionante e proporciona um espaço enorme para debates sobre a própria essência da fé. E se o Matulasém de Anthony Hopkins, pintado como bom e sábio, carrega a personalidade e a aparência O Mestre dos Magos, tudo não deve ser mera coincidência.

Você já assistiu ao filme? Gostou? Conte-nos abaixo nos comentários!