Potterish

Explorando o Corcovado

Hoje iremos conversar um pouco sobre o livro “A Arma Escarlate”, de Renata Ventura. Todos os potterheads com certeza adorarão! Continue no modo notícia completa e saiba mais sobre essa obra fantástica!

“O endereço na carta era bem claro, mas não existia:

Arcos da Lapa, número 11. Centro.
Rio de Janeiro, RJ, Brasil.”

“Por obséquio, entrar de costas.”

Jo_Rowling

Certamente esse é o sonho de todo potterhead brasileiro. Isso eu posso afirmar com toda a certeza do mundo, pois sou um em nível extremo! Imaginem se a nossa querida Tia Jô construísse uma escola de magia e bruxaria aqui no Brasil? Não seria o máximo?! Pois é, a principio seria, mas, quando paramos para pensar um pouco mais a fundo, será que tal escola brasileira, se pensada pela Tia Jô, ficaria tão realista quanto a tão conhecida Hogwarts?

Por mais que seja doloroso, a resposta da pergunta anterior seria não, pois a nossa J.K. Rowling, sendo britânica, ao escrever a série Harry Potter, usou como material a cultura e o folclore europeu. A cultura e o folclore que ela conhece! Ou seja, imaginem uma escola no Brasil com tais costumes e crenças britânicos . Não combinaria, né?

Mas e nosso sonho de ver escolas de magia no Brasil?! Como ficaria?

Foi então que aconteceu um fato incrível: em uma entrevista com J.K. Rowling, um fã perguntou se ela escreveria sobre uma escola de magia nos Estados Unidos e ela respondeu que não, mas que ele podia se sentir livre para criar a sua! Renata Ventura, potterhead carioca, imbuída do mesmo desejo de ver uma escola de magia e bruxaria no Brasil, aceitou o desafio e idealizou uma trama em que existem cinco escolas – uma em cada região do país – considerando que a diferença populacional entre o Brasil e a Europa é exorbitante, assim como o território físico dos locais em questão. Então ela se envolveu em profunda pesquisa sobre a cultura e o folclore nacional, imaginando uma escola dentro da NOSSA cultura, considerando o tamanho do nosso país, a riquíssima história brasileira, o folclore e os preconceitos sociais que temos!

Renata_Ventura

Feita essa pesquisa, a autora brasileira então decidiu seguir um caminho oposto ao de Jô, escolhendo colocar um anti-herói como personagem principal! Imaginem um Snape como protagonista! *-* Só que com um tempero bem mais carioca!

O resultado foi o maravilhoso livro “A Arma Escarlate” com 488 páginas, publicado atualmente pela editora Novo Século, depois de se esgotar em sua primeira tiragem de 1.500 exemplares (pelo selo Novos Talentos) ainda na bienal de 2012, em São Paulo. Como era de se imaginar, a obra está sendo muitíssimo elogiada por todos que a leram!

Hugo Escarlate é um protagonista muito mais agressivo, impulsivo e arrogante do que a maioria dos que estamos acostumados, e isso torna tudo no livro muito legal. Imagine um jovem desses com uma varinha nas mãos . Não preciso nem dizer que o resultado beira o catastrófico!

Hugo, após descobrir-se bruxo, percebe que isso pode salvar sua vida e foge da favela Santa Marta e dos traficantes para a escola carioca de bruxaria – localizada dentro do Corcovado! – imaginem o tamanho dessa escola… o.0

Lá, logo de início, nos deparamos com vários tipos de alunos e professores: uns muito tradicionalistas, querendo sempre seguir o padrão europeu (como a “gangue” dos Anjos), e outros, que praticamente tem pavor disso, e tentam ser mais originais, como é o caso de Viny Y-Piranga, um dos personagens mais amados do livro, e integrante dos Pixies, a “gangue” adversária. Isso acaba fazendo com que nós, leitores, nos apeguemos mais a alguns personagens do que a outros, e ainda sintamos raiva de alguns, o que na verdade é ótimo, pois isso mostra o quão boa é a narrativa da autora!

Além dos feitiços que aparecem no livro serem em Tupi, Guarani e Iorubá, os sotaques dos personagens são uma atração à parte! Como a Korkovado recebe alunos da região sudeste inteira, a grande diversidade de linguajares entre alunos mineiros, cariocas, paulistas e capixabas torna tudo ainda mais realista e, por que não, divertido! Sem contar o professor gaúcho, que é incrível.

“Aqui, aquilo que ocê fez na loja foi bão demais da conta! Sabe que a dona ficou tão distraída que nem cobrou extra pela caixinha especial que eu levei?”

Usar dialetos regionais em diálogos é algo muito comum nos livros estrangeiros, mas quando esses livros chegam ao Brasil, eles infelizmente são traduzidos ao português padrão e perdem toda a sua mágica! (É o caso do nosso Hagrid, que tem um sotaque maravilhosamente pesado no original, e, aqui, fala um português perfeitinho…).

Em minha opinião, Renata fez muito bem em adicionar nossos sotaques e dialetos porque, além de enriquecer a obra ainda mais, nós sentimos que os bruxinhos do livro são como a gente! Nos identificamos mais ainda com eles!

A obra é simplesmente fantástica, porque consegue falar do Brasil – dos nossos problemas e qualidades – e falar de magia ao mesmo tempo! Consegue divertir e nos fazer pensar! Em suma, é uma obra que merece ser lida por todos!
E como é bom saber que a magia não acabou. *-*

O segundo volume da saga intitulado de “A Comissão Chapeleira” será lançado ainda esse ano e já está mexendo com os nervos dos fãs . Com tamanha expectativa, um deles chegou a criar uma capa para este segundo volume que durante algum tempo acreditou-se ser a oficial. Mas é importante deixar bem claro que a capa oficial de “A Comissão Chapeleira” ainda não foi revelada pela editora, como já dissemos anteriormente aqui (hiperlink pro post).

Indico não só a potterheads, que irão encontrar várias referências maravilhosas a alguns eventos de HP (dica: preste atenção na data em que a estoria se passa), como também a leitores amantes de literatura fantástica, e é claro, a quem gosta de uma boa história! Pois sobretudo, Renata Ventura se mostra uma excelente contadora de histórias, capaz de despertar emoções diversas nos leitores a cada capítulo e de maneira distinta para cada personagem.

“…tivera notícias de que a Grã-Bretanha estava na iminência de ser destruída por um psicopata assassino e sua gangue.”

Detalhe: Renata não tortura, Renata destrói as almas dos personagens. E o leitor fica de coração na mão, querendo saber mais.

Resenhado por Pedro Martins.
Revisado por Ana Leme.