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Menos ódio, mais pudim

Você sente que no mundo de hoje as pessoas levam tudo muito a sério? Tentam de qualquer maneira agradar aos outros, seguir convenções a qualquer custo e pouco ligam para suas origens, sentimentos e a natureza? Então você certamente se identificou com Luna Lovegood, a personagem mais excêntrica, doce e esquisita de ‘Harry Potter’.

O nosso novo colunista Orlando Louzada faz um interessante perfil sobre a aluna de Corvinal, estabelecendo alguns contrastes com outra personagem feminina da série. Imaginam quem seja? Leia a coluna e deixem seu amor por Luna!


 Menos ódio, mais pudimpor Orlando Louzada

Imagine alguém que crê no impossível, que abre seu mundo a outro inexistente, e que despreza o famoso “comprovado cientificamente” para basear-se somente em sua fé. Provavelmente você pensou em Luna Lovegood, mas na verdade eu estava falando de você. Já parou pra pensar na sua devoção ao incrível mundo que J. K. Rowling criou? Quantas vezes você já se pegou pensando, ou até mesmo conversando com amigos, sobre elfos-domésticos, feitiços, ou o quão maravilhoso seria estudar em Hogwarts e trabalhar no Ministério da Magia? Pois bem, suas semelhanças com Luna são maiores do que você pode pensar. Mesmo embora alguns prefiram se parecer à Hermione Granger, que tem uma personalidade forte, é inteligente, e aparentemente, sã. Mas o que há de errado com Luna Lovegood? Nada.

Um dos capítulos mais bem comentados e elogiados de “Harry Potter e o Enigma do Príncipe” é “Campana de elfos” (Capítulo dezenove), em que Luna irradia uma partida de quadribol, embora a última coisa em que ela fale seja quadribol.

A própria Rowling considera Luna como sendo o inverso de Hermione. Luna é considerada excêntrica, esquisita, e lunática, é descrita nos livros como possuidora de grandes olhos cinzentos e saltados, o que dá a personagem um ar de birutice, e expressões distantes e sonhadoras, fazendo dela uma pessoa rica de espírito, enquanto Hermione, como a Professora. Trelawney disse, tem a alma tão seca quanto as páginas dos livros que lê tão desesperadamente.

Não é preciso ser bruxo para saber que uma pessoa que usa colares de rolhas de cerveja amanteigada e brincos feitos de nabos sofreria, em parte, o que chamamos de bullying, em Hogwarts ou em qualquer outra escola; devido à sua personalidade diferente e seu singular guarda-roupa, a menina é chamada de Di-lua Lovegood, no texto original Moonly Lovegood, que é literalmente “lunática”, e tem seus pertences escondidos por outros estudantes. Mas a jovem Lovegood tem as características perfeitas de uma Corvinalista: sagacidade e inteligência. Sagacidade que pode ser vista na Batalha do Ministério e na Batalha de Hogwarts. Quanto a sua inteligência, J.K. nos dá uma pista em seu nome (Luna), que quer dizer lua em latim. Aqui no ocidente, folcloricamente, a lua representa intuição e sabedoria.

Mas seria somente isso que o nome dela tem a revelar? Acertou quem disse não. Todos nós sabemos que os nomes escolhidos pela autora não são somente “nomes”. Lovegood seria a junção das palavras, em inglês, “amor” e “bom”, respectivamente, Love e good, o que sugere uma ideia de ingenuidade. Há também quem diga que Joanne faz referencia à Elliot Lovegood Grant Watson, severo crítico do Darwinismo, o que é provável devido à tendência de Luna em contestar o exacerbado ceticismo científico de Hermione, e também porque, mais tarde, Luna viria a se tornar Naturalista, um dos ofícios de Elliot, que além de escritor era considerado, vejamos, MÍSTICO.

Portanto, use seu melhor brinco de rabanetes, e comemore seu jeito Luna de ser comendo muito pudim. Menos discórdia, mais pudim, e o mundo seria um lugar muito melhor! A propósito, alguém viu meus zonzóbulos?

Orlando Louzada lê revistas de cabeça para baixo.