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O herói insubstituível

Respire fundo e analise a si mesmo: você ainda fala de Harry Potter com o mesmo fervor com que o fazia no auge da série? Esta é a pergunta implícita na coluna de Larissa Almeida, que dá um breve puxão de orelha aos que andam esquecendo e abandonando o nosso maior herói. Leia o texto completo aqui e perceba, ao refletir, quem são os verdadeiros responsáveis por manter a saga Potter viva através dos tempos e gerações.

Por Larissa Almeida

Há alguns anos, um garoto magricela de cabelos negros e olhos muito verdes entrou na vida de uma infinidade de crianças pelo mundo afora. Com ele elas puderam embarcar numa aventura mágica, conheceram um mundo fascinante e viveram grandes emoções. Foi por isso que Harry Potter, o tal garoto, conquistou um lugar no coração de cada uma daquelas crianças. A partir dali, tornou-se um herói.

O tempo foi passando e os leitores cresceram, mas isso não foi motivo para que Harry deixasse de ser o herói deles. Na verdade, a ligação dos fãs com o “bruxinho” foi aumentando significativamente ao longo da série. A cada livro que estava para ser lançado, a ansiedade era maior do que aquela com a qual o volume anterior fora esperado. Até que 21/07/07 chegou, trazendo consigo a sétima e última parte da saga.

Levou certo tempo para que muitos pudessem se dar conta de que algo que fizera parte de sua vida por tanto tempo chegara ao fim. Não haveria novos livros pelos quais esperar, tampouco novas aventuras pelas quais ansiar. Ávidos pela vivência destas sensações novamente, a solução encontrada por alguns foi a busca por outros livros. Com o maior fenômeno literário infanto-juvenil dos últimos anos “fora da jogada”, iniciou-se a investida comercial em livros do mesmo gênero. E foi assim que os muitos fãs de Harry Potter descobriram outras histórias, conheceram novos mundos e passaram a ter novos heróis.

Mas o real motivo o qual me levou a escrever esta coluna foi um fato que tenho percebido: depois do fim da saga, muita gente foi deixando Harry de lado. Muitos não falam mais da saga com o entusiasmo de outrora, deixaram de visitar fansites, fóruns e comunidades, abandonaram os livros em prateleiras empoeiradas. Há aqueles que não dão mais importância ao nosso querido bruxo por considerarem que o tempo de Harry Potter já passou. Agora, me pergunto: onde ficou o “a magia não tem fim” que estas pessoas pregavam? Vê-las ignorar tudo o que Harry já lhes proporcionou e simplesmente substituí-lo pelos “heróis do momento” é algo que me revolta.

Eu não quero dizer que não devamos gostar de novos livros ou que não possamos passar a amar e admirar outros personagens – eu mesma sou fã de muitas outras séries. O que me chateia, no entanto, é o fato de que muita gente está deixando Harry Potter cair no esquecimento. A desculpa de que, devido ao último livro ter sido lançado, a série já deu o que tinha que dar, simplesmente não cola. Afinal, fazer com que Harry Potter não vire “coisa do passado” é algo que depende de nós. O que me consola é saber que ainda existem pessoas as quais pensam como eu. Ainda existe gente que, apesar de ter passado a gostar de outros livros e ter se encantado com outras personagens, nunca vai esquecer o garoto de cicatriz na testa. Porque para estas pessoas, ele é insubstituível.

Foi junto de Harry que embarcamos num imenso expresso vermelho pela primeira vez conhecendo, a partir daquele primeiro de setembro, um novo mundo. Um mundo do qual, assim como ele, também passamos a fazer parte. Foi ao lado dele que trilhamos um caminho tortuoso na luta contra o mal; foi com ele que conhecemos Ron e Hermione e aprendemos o valor da amizade. Foi junto ao “menino-que-sobreviveu” que descobrimos o amor como o poder mais forte que existe. Foi ao lado de Harry Potter que enfrentamos perigos inimagináveis, com o coração batendo acelerado a cada novo passo. Foi ao lado dele que passamos por momentos difíceis, mas nunca desistindo de lutar: fomos leais e permanecemos com ele todo o tempo. Foi com Harry que sofremos a dor da perda e, assim como o nosso herói, aprendemos a lidar com ela. E também foi com ele que dividimos alegrias: a tranqüilidade reconfortante da sala comunal da Grifinória, a euforia de ganhar uma partida de quadribol, a excitação de quebrar “umas poucas” regras da escola, as idas à cabana de Hagrid, as visitas à Hogsmeade, as férias n’A Toca…
E, por fim, a maior das alegrias: a de saber que, apesar de todas as dificuldades, chegou o tão esperado dia no qual a cicatriz não incomodaria mais. Finalmente, tudo estava bem.

Com Harry eu aprendi as mais grandiosas lições. Foi com ele que eu passei os melhores anos da minha vida, e é por isso que ele sempre será o meu grande herói. Ainda que outros novos passem pela minha jornada, por mais que eu comece a amar e admirar personagens de outras histórias, Harry James Potter é e continuará sempre sendo o mais especial.
É por isso que eu ficarei com ele até o fim. Fim este o qual vai muito além do epílogo encontrado no último livre da série.

Larissa Almeida promete soltar um trasgo na rua de quem se atrever a esquecer a existência do mundo mágico de Rowling.