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A Varinha das Varinhas e o Girl Power

A Varinha das Varinhas, objeto rodeado de polêmicas e grandes revelações no sétimo e último livro da série Potter, é o que embasa o tema do breve texto dessa semana. Obra da nossa colunista Pâmela Lima, a coluna se utiliza de uma simples nota de rodapé retirada de Os Contos de Beedle, o Bardo para refletir a respeito da deixa de Dumbledore contida na mesma. Leia a pequena análise e tire suas próprias conclusões a respeito clicando aqui, não deixando de postá-las nos comentários.

Mudança nas Colunas
Aproveitando pra chamar a atenção dos nossos dedicados leitores a uma novidade útil do site: a partir de agora a área de colunas do Potterish recebe um menu organizado. Dessa forma, vocês podem encontrar seus textos favoritos de acordo com os respectivos autores de cada um, ou mesmo ver reunidas todas as obras do gênero de sua preferência em um só lugar. Assim facilita, não? Valeu, Daniel!

Por Pâmela Lima

“… é que todo homem que afirme ter sido seu dono*(…)

* Nenhuma bruxa jamais afirmou ter sido dona da Varinha das Varinhas. Extraiam disso a conclusão que quiserem.”

(Os Contos de Beedle, O Bardo; página 102.)

Pensando na frase acima, uma nota de rodapé entre dezenas de outras em “Contos de Beedle”, e na permissão que Dumbledore nos dá ao final, muitos personagens e pontos de vista expostos nos livros vêm para nos ajudar em nossa conclusão. A autora não faz questão de dar qualquer explicação ou continuar a frase e, como não está envolvida exatamente com o assunto do livro em tal página, logo continuamos a ler o conto das Relíquias e esquecemos. A nota não influencia na história já contada dos livros e não revela algo impactante, mas está lá.

Alguns podem considerar a existência de um possível manifesto machista por trás das palavras, como se nenhuma mulher fosse capaz de captar a Varinha das Varinhas e tomá-la para si. Eu descarto esse pensamento por dois motivos:

1) JK gosta de falar sobre mulheres poderosas. Ginny Weasley e sua grande habilidade com azarações, Hermione Granger e sua dedicada inteligência, Minerva McGonagal com sua segurança e capacidade de manter o domínio sobre uma escola.

2) O personagem que “escreveu” o livro é exatamente a figura da igualdade, do respeito e da admiração por todos, Dumbledore.

Além de toda a ideologia já citada, Dumbledore estende sempre a bandeira do amor. E apesar de dedicar-se a explorar a amizade e a paixão, Rowling explana mais a respeito do amor fraternal. Melhor: maternal. A maioria das mães da série, em algum momento, perde sua postura (Molly, quando mata Bellatrix), seu ideal (Narcissa, quando mente para Voldemort sobre a morte de Harry), sua vida (Lilly Potter, com o sacrifício que dá origem à série) e seu domínio (Sra. Granger, quando deixa sua filha ir para uma escola integral, longe de casa e… de bruxaria), em nome do bem da família, especialmente dos filhos.

Independente da situação fica claro que o instinto materno faz com que as mães dêem mais valor as pessoas e a vida de seus queridos que a qualquer outra dádiva. E “qualquer outra dádiva” inclui o inestimável poder de vencer todos os seus adversários. Nenhuma mãe iria se importar com a possibilidade de ter a vitória em mãos se isso não fosse ajudá-la a proteger sua família. E como toda mulher é uma mãe em potencial…

E se o objeto pudesse ajudá-la? Quase posso garantir que todas elas fariam muito bom uso da Varinha. Bellatrix a usaria para ganhar o mundo para Voldemort. Hermione estudaria todas as propriedades da Varinha até provar que ela não tem nada de místico. Luna a usaria em suas pesquisas, Molly ameaçaria os sete filhos, Tonks causaria inúmeros desastres.

Mas, sinceramente, alguém consegue pensar que as mulheres de JK Rowling, aquelas que carregam o maior poder do mundo – magia antiga e poderosa – seriam ingênuas ao ponto de sair e espalhar o segredo que as mantém acima de outras forças para que pudessem proteger-se e cuidar de quem amam?

Pâmela Lima já teve a Varinha das Varinhas nas próprias mãos e livrou-se dela sem pestanejar.