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O menino que “sobreviveu”

O menino que "sobreviveu"O menino que "sobreviveu"
Sobreviver tem vários significados. Yuri Rigon nos mostra em seu texto um deles presente na célebre expressão “O garoto que sobreviveu”.
O texto completo e os comentários a ele, você lê na extensão.


por Yuri Rigon

”Harry Potter, o menino que sobreviveu”. Esta frase tem dois sentidos pra mim, e pra você?

Por trás de qualquer história, há uma reflexão. Partindo desse princípio, ignoremos o primeiro sentido da frase que todos abordam como principal: o fato de Harry Potter ter sobrevivido ao ataque de Voldemort. Vamos ao segundo que creio que poucos já tenham observado: o fato de Harry Potter ser um menino que não tinha nenhuma chance de prosperar na vida devido ao que deveria enfrentar.

Desde criança, o filho de James e Lílian Potter foi tratado sem amor e carinho pelos tios e, órfão, se viu sozinho no mundo durante toda infância. Uma vez descoberta sua verdadeira origem, nasce uma esperança de que possa ter uma vida melhor ao lado dos bruxos. Tal esperança é arrancada de seus braços quando percebe que só ele pode derrotar o bruxo que matou seus pais e decretou terror durante muito tempo. Pense em todos os problemas citados acima e coloque-se no lugar do menino Potter e, sem dúvida, você verá que ele não tinha nenhuma chance de ser bem sucedido, ou ainda, feliz.

Mas se Potter não tinha essa chance, como conseguiu vencer o mau e derrotar Voldemort? Nessa resposta está o que acredito que Rowling queria nos mostrar: nós podemos superar nossos obstáculos sem depender de magia, mesmo quando tudo está contra nós. Um argumento plausível que me faz acreditar que a autora queria relatar isso, é o fato de criar um mundo de magia em que existem problemas a serem resolvidos, mas que os feitiços, sozinhos, não podem resolvê-los. O que quero dizer é que a superação é aplicável tanto ao mundo dos bruxos quanto ao dos trouxas, devido ao fato de até no mundo da bruxaria existirem problemas que não podem ser resolvidos apenas com um erguer de varinha.

Esse argumento explica também o fato do final da série ser, na minha opinião, relativamente real, pois se a autora defende a superação de nossos obstáculos, era o que tinha que acontecer ao menino que sobreviveu: vencer Voldemort (superar-se) mesmo quando tudo parecia estar contra ele (o fato de ser órfão, de não receber amor de sua família e entre tantas outras adversidades que aparecem em seu caminho durante os livros).

Conclusão: o segundo sentido para o “menino que sobreviveu” é que esse “sobreviveu” não diz respeito ao ataque de Voldemort, mas sim às lutas que enfrentou até chegar a um patamar da vida em que poderia ter o mínimo de paz.